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    Historiadora defende maior representação da população negra em cargos públicos

    Professora reforça que as maiores manifestações estão acontecendo nos países em que as mortes por Covid-19 são mais altas, e portanto, há outras insatisfações

    Movimentos sociais antirracistas acontecem há doze dias, ininterruptos, e já alcançam todo o mundo. A professora doutora e historiadora Luciana Brito, da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), foi convidada pela CNN para uma entrevista sobre o assunto. Um dos entrevistadores foi o professor e cientista político Ricardo Caldas, da Universidade de Brasília (UnB). 

    Luciana Brito falou sobre o poder do movimento Black Lives Matter, dos Estados Unidos, que se tornou um protesto internacional. “Ele se forma nos EUA, se une a outras forças antirracistas no Brasil e ganha corpo na Europa. Então, há uma grande onda de solidariedade – tanto de grupos negros, mas também de outros setores sociais que são minoria nessas sociedades européias”.

    A historiadora ressaltou que os maiores protestos estão acontecendo nos três países que lideram os números de mortos e contaminados pela Covid-19: Estados Unidos, Reino Unido e Brasil. “Quando o movimento Black Lives Matter denuncia a violência contra pessoas negras nos Estados Unidos, ele também escancara outras desigualdades do racismo, da xenofobia, em outras sociedades e é isso que a gente percebe, ao meu ver, que está acontecendo na Europa”. 

    Lições para o Brasil

    Para Luciana Brito, o Brasil, apesar de ser uma sociedade multirracial, convive diariamente com o racismo. “Eu espero que nós consigamos fazer disso um grande capital político no sentido de conseguir mais direitos, respeito às leis de proteção às pessoas, a sensibilização das nossas lideranças políticas para pautas que são importantes. Nós estamos num momento de pandemia, então eu acredito que essas demandas por direito, saúde, trabalho e desigualdade possam reverberar em políticas públicas e votos de qualidade”, disse. 

    Movimento de Mulheres Negras

    A historiadora ressaltou a importância dos movimentos sociais na luta para que negros e negras ocupem cargos públicos e tenham grande representação nas assembleias legislativas. Luciana falou, também, sobre a necessidade do aumentos da população negra brasileira no ensino superior e nas universidades públicas. Ela destacou o movimento das mulheres negras brasileiras que lutam para alcançarem cada vez mais cargos públicos.

    “Diversos setores do movimento negro têm se organizado nesse sentido. Mas o grande desafio é nós encontrarmos uma grande recepção dentro das filiações partidárias para que estas candidaturas se efetivem”, afirmou.

    Em Salvador, lembrou ela, onde 80% da população brasileira é afrodescendente, o último prefeito negro foi o Edivaldo Brito, em 1978. “Desde então nós não elegemos mais uma pessoa negra, homem ou mulher. É muito difícil, no Brasil, fazer com que essa representação demográfica reflita na representação política”, concluiu.

     

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