Há uma descoordenação no governo quanto à preservação da Amazônia, diz analista
Gestor de risco político avalia atuação de Mourão
O vice-presidente Hamilton Mourão se manifestou sobre a nota divulgada pelo Ministério do Meio Ambiente, nesta sexta-feira (28), que dizia que, a partir de segunda-feira (31), todas as atividades de combate ao desmatamento ilegal na Amazônia e no Pantanal seriam suspensas por bloqueio de recursos financeiros.
No início da noite, verba que havia sido bloqueada e que suspenderia as ações contra o desmatamento ilegal foi liberada.
Em entrevista à CNN, o gestor de risco político Creomar de Souza avaliou a atuação do vice-presidente e afirmou que existe um desencontro dentro do governo federal quanto à preservação da Amzônia.
“Há uma descordenação dentro do governo, sobretudo pelo fato de que o governo Bolsonaro passa por um processo de transição”, disse.
De acordo com o especialista, alguns fatores pesaram neste impasse dentro da base aliada de Bolsonaro, principalmente pontos ligados às medidas econômicas e à equipe do ministro da Economia, Paulo Guedes.
“A saída de membros do grupo político do ministro Paulo Guedes, as alterações de orçamento, a tentativa malfadada do governo de construir o Renda Brasi,l até o presente momento, mostram que há um choque de poder e interesse”, pontuou.
Leia também:
Ministério do Meio Ambiente vai suspender combate ao desmatamento na Amazônia
Em 15 dias, Pantanal supera queimadas registradas em agosto de 2019

Nas declarações sobre a nota do Ministério do Meio Ambiente – que informava a suspensão das ações –Mourão, que é presidente do Conselho da Amazônia Legal, disse que o ministro Ricardo Salles se precipitou ao afirmar que as operações seriam interrompidas.
Na visão de Creomar de Souza, o imbróglio desta sexta-feira pode afetar negativamente a imagem do vice-presidente.
Neste aspecto, não deixa de ser surpreendente o fato de que, tendo em vista que Mourão é uma figura importante desse núcleo militar, ele seja diretamente atingido. Mourão tem sido embaixador dessa política ambiental de Bolsonaro. Portanto, [esta situação] não deixa de ser ruim para sua autoimagem”, finaliza.