Grupo de procuradores pede ação de Aras após atos criminosos em Brasília
Fatos que precederam invasão indicam "possível omissão ou conivência de autoridades públicas", diz documento
Um grupo de 140 procuradores do Ministério Público Federal enviou ao procurador-geral da República, Augusto Aras, um documento cobrando providências após os atos criminosos que ocorreram em Brasília no último domingo (8).
No documento, os procuradores afirmam que a Constituição confiou ao Ministério Público uma das mais nobres missões que uma instituição poderia almejar na República: a defesa da ordem jurídica e do regime democrático.
“Ao contrário do que seria de se esperar do aparato de segurança pública do Distrito Federal, o que as imagens de vídeos divulgados pela imprensa revelam é que a marcha criminosa da insanidade desceu o Eixo Monumental em direção à sede dos Três Poderes escoltada condescendentemente pela Polícia Militar do Distrito Federal, cujo efetivo, presente no local, demonstrou não estar preparado para conter as ações criminosas da multidão golpista e antidemocrática”, diz.
Ainda de acordo com o documento, além da aparente falta de disposição de alguns policiais para agir e evitar a invasão e destruição das sedes dos três Poderes, “os fatos precedentes indicam possível omissão ou conivência de autoridades públicas responsáveis pela manutenção da ordem no Distrito Federal, dentre elas, seguramente, o governador local e o seu secretário de segurança pública”.
“É possível – e isso deve ser apurado pelas vias adequadas – que as tropas policiais tenham sido orientadas, inclusive, a não coibir adequadamente o movimento golpista, que ocupa há meses espaços públicos nesta Capital Federal, protestando por uma inconstitucional intervenção do Exército brasileiro no resultado das eleições presidenciais democráticas realizadas em novembro do ano passado”, afirma o grupo.
A PGR afirmou que pediu nessa segunda-feira (9) a prisão preventiva de quatro pessoas detidas em flagrante no último domingo dentro do prédio Supremo Tribunal Federal (STF) durante os atos.
A medida foi deferida pelo Judiciário em audiências de custódia que terminaram por volta da 1h30 da manhã desta terça-feira (10).
A manifestação do Ministério Público foi apresentada pelo promotor André Alisson, que integra a assessoria criminal de Aras.