SP bate recorde de mortes e ocupação de UTIs ameaça flexibilização de quarentena
A situação vai ser orientada pelos números e dados diários, segundo o secretário estadual de Saúde, José Henrique Germann
O Estado de São Paulo registrou 224 mortes de vítimas da COVID-19, nas últimas 24 horas, chegando a uma marca de 2.049 óbitos por complicações causadas pela doença. O novo número representa um acréscimo de 12% de ontem para hoje. Os infectados já somam 24.041 casos. Na Grande SP, 81% dos leitos de UTI estão ocupados.
Em entrevista à CNN, o presidente do conselho dos secretários municipais de Saúde do Estado de São Paulo, Geraldo Reple, que também é secretário de saúde de São Bernardo, explicou que a UTI é um grande indicador da sobrecarga do sistema de saúde. “Geralmente um paciente de UTI fica de 15 a 20 dias internado. Num mês, eu consigo colocar dois pacientes, no máximo. Esse leito não gira”.
Por isso, ressalta o secretário, a importância do distanciamento social. Nessa segunda-feira, a taxa ficou em 48%, abaixo da meta mínima de 50%.
Segundo Reple, não dá para falar em flexibilização da quarentena hoje. “Com esses níveis de hoje eu acho muito difícil que a gente consiga flexibilizar”, afirmou.
Pandemia no interior do estado
O coordenador do Centro de Contingência de Coronavírus, David Uip, afirmou que “há uma sensação no interior de que a pandemia não chegou, por conta das medidas de confinamento e isolamento social que foram adotadas precocemente no estado”.
Um mapa de densidades de casos de COVID-19 no estado foi apresentado pelo professor da Unesp, Carlos Fortaleza, que aponta dois fatores para a propagação do novo coronavírus: a população, que engloba a densidade demográfica e conectividade entre os municípios, e a distância, que influencia diretamente no risco.
Segundo Carlos, cidades com maior densidade demográfica e conectividade com outras cidades têm um risco de propagação até 5 vezes maior em relação aos municípios mais distantes e com menor população. “Quanto mais distante, mais o risco diminui”, explicou.
Pandemia deve durar 5 meses, diz secretário
O secretário de Saúde do estado de São Paulo, José Henrique Germann, disse que a pandemia do novo coronavírus deve durar cinco meses. Depois, questionado pela reportagem da CNN sobre o momento em que a contagem teria começado e onde esse prazo terminaria, Germann explicou que os cinco meses, nas contas dele, terminariam no fim de julho. “É isso que estamos vendo em outros lugares do mundo”, disse.
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O secretário estadual ainda afirmou que mesmo com um total de 8 mil leitos de UTI criados para enfrentar a doença, ainda há risco de pacientes ficarem sem vagas se a taxa de isolamento social permanecer nos índices atuais. No último fim de semana, a taxa ficou em 52% no sábado e 58% no domingo. Ao longo da semana, tem oscilado em valores abaixo dos 50%. Germann disse que o índice deveria ser de 60%.
“Temos de ficar em casa cada vez mais. Coloque idosos em casa. Só saiam para trabalhar as pessoas envolvidas nas atividades essenciais”, declarou.
Blitz sanitária
Motoristas na capital paulista poderão ser parados no trânsito, para receber orientações sobre a pandemia. Na “blitz sanitária”, que começou nesta segunda-feira (27), eles podem passar por medição de temperatura, ser orientados a usar máscara e manter o isolamento social.
A ação busca multar motoristas, mas tem o objetivo de conscientizar sobre os riscos do novo coronavírus e educar a respeito das medidas de prevenção. Nesta terça (28), um grupo com faixas se reuniu em um semáforo na zona norte como parte da ação, como mostrou a CNN. “Se todo mundo usar máscara, ninguém vai passar”, dizia um cartaz.
Uso obrigatório de máscaras
O secretário de Transportes Metropolitanos, Alexandre Baldy, informou também na segunda-feira (27), pelo Twitter, que será obrigatório o uso de máscaras no transporte público do Estado de São Paulo. A medida ainda não tem data para entrar em vigor. Antes, ele prometeu distribuir o item de prevenção, por sete dias, nos trens, metrôs e ônibus.
“Estamos buscando a viabilidade para entregar máscaras a todos os passageiros do sistema do transporte público do governo de São Paulo, por sete dias, sendo que, após este período, o acesso somente será permitido por pessoas utilizando máscaras. Os que já puderem, usem máscara”, escreveu.
Na semana passada, o governo estadual publicou um decreto em que recomenda o uso do item de proteção.