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    Governo avalia que postura de Gonçalves Dias foi determinante para demissão; saiba como foi a reunião

    Então ministro-chefe do GSI conversou a sós com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) após a CNN revelar as imagens de sua atuação no 8 de janeiro

    O então ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Gonçalves Dias.
    O então ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Gonçalves Dias. Divulgação/ GSI

    Teo CuryTainá Falcãoda CNN em Brasília

    A postura do general Gonçalves Dias no dia 8 de janeiro com relação aos criminosos que invadiram o Palácio do Planalto e perante seus subordinados, os agentes que faziam a segurança da sede da Presidência, tornou insustentável sua permanência no cargo, na avaliação do governo.

    O general pediu demissão ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na tarde desta quarta-feira (19). Os dois conversaram a sós depois de outra reunião que havia acontecido minutos antes.

    Lula reuniu em seu gabinete o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), os ministros Alexandre Padilha, das Relações Institucionais, Rui Costa, da Casa Civil, Flávio Dino, da Justiça e Segurança Pública, Paulo Pimenta, da Secretaria de Comunicação Social, e o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Passos.

    Enquanto a reunião acontecia, Gonçalves Dias aguardava na antessala do gabinete presidencial. Na conversa, Lula deixou claro a seus ministros e auxiliares querer ouvir a versão com a defesa do general, de quem é amigo há 20 anos, antes de tomar qualquer decisão.

    Lula estava disposto a ouvir o general. A avaliação exposta na reunião, no entanto, era a de que GDias, como é conhecido, teria de explicar o inexplicável ao presidente. Em especial, na percepção dos ministros, sua passividade ao lidar com os criminosos e a falta de comando perante seus subordinados.

    A previsão dos ministros que estavam com Lula minutos antes se concretizou. Gonçalves Dias entrou no gabinete para conversar com o presidente com a decisão de deixar o governo tomada.

    Ao pedir demissão, o general argumentou que estava no terceiro andar, onde fica o gabinete presidencial, como mostraram as imagens reveladas pela CNN, para retirar os criminosos de lá.

    A explicação de GDias, no entanto, não conseguiu convencer com relação ao que as imagens da CNN revelaram, disseram integrantes do governo.

    O presidente não escondeu de seus ministros e auxiliares mais próximos a decepção com o general após a reunião. Quando era major e tenente-coronel, GDias atuou na segurança pessoal de Lula entre 2003 e 2009. O general voltou a atuar na segurança de Lula durante a campanha para as eleições do ano passado.

    O futuro do GSI no governo Lula é incerto. Nos primeiros dias do ano, mais de 200 pessoas foram exoneradas da pasta. Em um de seus primeiros atos à frente do GSI, ainda antes do 8 de janeiro, GDias exonerou parte do gabinete de seu antecessor Augusto Heleno, a equipe de comunicação, da assessoria parlamentar e 169 oficiais da secretaria de segurança e coordenação presidencial.

    O GSI sofreu um novo golpe logo no início do ano: teve suas funções esvaziadas com a criação da Secretaria Extraordinária de Segurança Aproximada, cuja atuação está prevista para durar até 30 de junho. A secretaria responsável pela proteção e segurança do presidente e de sua família passou a ser formada predominantemente por policiais federais.

    Apesar da perda de poder e do esvaziamento das principais atribuições, a possibilidade de o GSI ser extinto não foi discutida na reunião que Lula teve com seus ministros e auxiliares – antes de GDias pedir demissão ao presidente.

    A divulgação das imagens pela CNN reacendeu discussões, entre aliados do presidente Lula, sobre uma eventual extinção do GSI. Interlocutores de Lula defendem, desde a transição, que a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e a segurança presidencial sob comando da PF sejam alocadas em uma nova secretaria a ser criada diretamente no Palácio do Planalto.