Gonet diz a parlamentares que relatório da CPMI será usado em denúncias do 8 de janeiro

O procurador-geral da República, Paulo Gonet, afirmou, nesta quarta-feira (6), a deputados e senadores que fizeram parte da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de janeiro que o relatório final produzido pelo colegiado será utilizado nas denúncias contra envolvidos nos atos criminosos e golpistas.

A avaliação do procurador-geral é de que o relatório da comissão traz informações importantes e que podem colaborar com as investigações que tramitam no Supremo Tribunal Federal (STF).

Em pouco mais de um ano, 116 pessoas foram condenadas. Somente uma foi denunciada, até o momento, por financiar os atos.

A CPMI pediu o indiciamento de 61 pessoas pelos atos golpistas de 8 de janeiro. Entre elas, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), a deputada Carla Zambelli (PL-SP) e o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante-de-ordens da Presidência da República.

O relatório conclusivo foi entregue à Procuradoria-Geral da República (PGR) em outubro, quando Elizeta Ramos chefiava a instituição entre as gestões de Augusto Aras e Paulo Gonet.

O procurador-geral se reuniu nesta quarta-feira com a senadora Eliziane Gama (PSD-MA), relatora da CPMI, a senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS) e o deputado Rogério Correia (PT-MG) na sede da PGR.

Após o encontro, Eliziane Gama afirmou a jornalistas que as próximas decisões da PGR nas investigações mirando os financiadores dos atos golpistas devem estar embasadas no relatório produzido pela CPMI.

“Teremos nos próximos meses ou semanas novas decisões e ele [Gonet] coloca que essas decisões que deverão sair estão levando em consideração as informações do relatório”, disse.

A senadora lembrou que a CPMI concluiu que os acampamentos golpistas foram financiados com dinheiro doado por pessoas humildes por meio de pagamento via Pix, mas também por grandes conglomerados. “Inclusive alguns da região Sul do país que são ligados à produção agrícola”, afirmou.

Eliziane disse ainda que o relatório da CPMI vem embasando pareceres apresentados pela PGR ao longo dos últimos meses.

“Dos 24 alvos da ação da Polícia Federal, 12 estavam dentro da CPMI e foram indiciados no nosso relatório. E o doutor Gonet afirmou categoricamente que essas ações que subsidiaram as manifestações da PGR foram resultantes do trabalho da CPMI”, afirmou.

A relatora da comissão disse que Gonet evitou estipular um prazo para a apresentação de novas denúncias contra financiadores dos atos.

A CNN apurou, no entanto, que novas denúncias devem ser apresentadas ao STF ainda no primeiro semestre deste ano.