Generais do Planalto serão ouvidos nesta terça sobre acusações de Moro

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O Palácio do Planalto, sede administrativa do governo federal, será palco nesta terça-feira (12) de três depoimentos policiais. Os três generais da reserva com vagas de ministro serão ouvidos pela Polícia Federal no inquérito que apura uma suposta interferência política do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na condução da corporação.
Vão depor o ministro-chefe da Casa Civil, general Braga Netto, o ministro-chefe da Secretaria de Governo, general Luiz Eduardo Ramos e o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno. Os depoimentos foram determinados pelo ministro Celso de Mello, relator do inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF), aberto após as acusações feitas por Sergio Moro ao se demitir do Ministério da Justiça e Segurança Pública.
Os ministros serão ouvidos a partir das 15h, em depoimentos simultâneos, mas individuais. Intimidados a depor, os três generais pediram para serem ouvidos no Palácio do Planalto, o que foi autorizado pelo STF. Além da comodidade, de ser onde os três dão seu expediente diário, também há o simbolismo de serem ouvidos dentro da sede do Poder Executivo.
O depoimento de Heleno é um dos mais importantes para a conclusão do inquérito. Em seu depoimento, o ex-ministro Moro relatou uma conversa com os três ministros, em que o chefe do GSI afirmou que os relatórios de inteligência a que o presidente Jair Bolsonaro gostaria de ter acesso não poderiam ser fornecidos a ele.
O primeiro depoente ouvido foi o próprio Moro, que falou no último dia 2. O conteúdo do depoimento, divulgado em primeira mão pela CNN, demonstrou que Moro evitou imputar crimes específicos ao presidente, mas afirmou que ele gostaria de promover trocas no comando da Polícia Federal para ter acesso a relatórios de inteligência. O ex-ministro também afirmou que Bolsonaro buscava escolher diretamente o superintendente da PF no Rio de Janeiro.
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Nesta segunda-feira (11), depôs o delegado Maurício Valeixo, ex-diretor-geral da Polícia Federal. Valeixo, que havia sido nomeado por Moro, afirmou que não pediu exoneração do comando da PF, apesar de a sua saída do cargo ter sido publicada como sendo "a pedido". Ele também disse que Bolsonaro não lhe pediu diretamente acesso a relatórios de inteligência, segundo a íntegra do depoimento, obtida pela CNN.
Também depuseram os delegados Ricardo Saadi, ex-superintendente da Polícia Federal no Rio de Janeiro, e Alexandre Ramagem. Diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Ramagem foi indicado por Bolsonaro para o comando da PF após a saída de Maurício Valeixo, mas teve a nomeação suspensa pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF.
Vídeo
Mais cedo, ás oito horas da manhã, o vídeo da reunião entre o presidente Jair Bolsonaro, ministros e presidentes de bancos públicos do dia 22 de março será exibido às partes do processo.
Representantes da defesa do presidente Jair Bolsonaro, da Procuradoria-Geral da República (PGR) e de Sergio Moro poderão assistir ao vídeo do encontro, em que Bolsonaro, segundo o relato de Moro, o teria pressionado indevidamente para exercer influência sobre a Polícia Federal.
O ex-juiz e ex-ministro da Justiça é esperado para comparecer pessoalmente ao encontro. O ministro Celso de Mello autorizou que o vídeo seja degravado na íntegra.