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    Gabriel Monteiro determinou destruição de provas após denúncias, aponta MP

    Em depoimento à Polícia Civil, assessores e ex-funcionários afirmaram que o parlamentar chegou a promover festa com presença de menores e uso de drogas

    Isabelle SalemeCleber RodriguesThayana Araújoda CNN

    Rio de Janeiro

    O vereador do Rio, Gabriel Monteiro (PL), teria promovido uma “queima de arquivos”, no começo deste mês, para “destruir provas” de possíveis crimes cometidos, aponta o Ministério Público do Rio de Janeiro, na representação que resultou na operação desta quinta-feira (7).

    No documento encaminhado à justiça, o MP afirma que os mandados de busca e apreensão contra os investigados eram imprescindíveis para apuração dos fatos e que a demora no cumprimento da ação poderia resultar na “destruição e ocultação de diversos elementos comprobatórios”.

    Em depoimento na delegacia que investiga o vazamento de vídeos íntimos envolvendo o vereador e uma adolescente de 15 anos, assessores e ex-funcionários do parlamentar afirmaram que a relação era consentida e que Gabriel Monteiro sabia sobre a menoridade.

    Em um dos depoimentos, um assessor do vereador afirma que era de conhecimento de todos, inclusive do parlamentar, de que a menina era menor de idade e que Gabriel Monteiro à tratava como “minha novinha”. Em outro trecho, o assessor afirma que a adolescente ia para a casa do vereador e “que ficava estudando, até com roupa de colégio”.

    Um ex-funcionário do parlamentar, que também atuava como cinegrafista, contou à polícia que Gabriel Monteiro “tinha o hábito de promover ‘orgias’ em sua residência, com mulheres tanto maiores quanto menores de idade, onde era comum o uso de drogas variadas por aquele e por suas convidadas”.

    Em depoimento espontâneo, Monteiro declarou que houve “a subtração de mídias de armazenamento de dados por parte de seus ex funcionários/assessores”. O vereador também diz que as relações sexuais foram consentidas e que não sabia que se tratava de menor de 18 anos.

    A mãe da adolescente procurou a 42ª DP, reconheceu que o vídeo em questão teve o consentimento da menina, mas que a divulgação não foi autorizada, por isso mesmo representou pela retirada de todo o conteúdo da internet, por se tratar de menor de idade.

    Pela manhã, os investigadores da Polícia Civil apreenderam documentos e HDs na casa do vereador e youtuber, além uma escopeta e pistolas. Todo o material será periciado e a polícia espera recuperar até arquivos que possivelmente foram apagados.

    O parlamentar é alvo, ao lado de outras seis pessoas, entre assessores e ex-funcionários de Gabriel, de mandados de busca e apreensão. Todas as ordens foram expedidas pelo Plantão Judiciário.

    “São 11 mandados de busca e apreensão que estão sendo cumpridos, com materiais recolhidos em todos os locais. Esses materiais vão passar por análises e depois por perícia. Após isso, vamos poder chegar a uma conclusão do que temos de concreto. Alguns celulares de todos os envolvidos foram apreendidos também, veículos que lá se encontravam… agora vem a fase de apuração desse material. Uma nova oitiva e análise pericial desse material”, afirmou o delegado titular da delegacia, Luís Maurício Armond.

    Após a operação, Gabriel Monteiro (PL) prestou novo depoimento na delegacia do Recreio dos Bandeirantes (42ª DP). Ele falou rapidamente com a imprensa. “Nenhum armamento era ilegal. Eu vim aqui cumprir o meu dever”, disse Gabriel.

    Além da residência do parlamentar, os policiais também estiveram na Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro, no Centro da capital.

    Depois de cerca de meia hora de diligências na sala de Monteiro, os policiais civis saíram carregando um malote cheio, com arquivos e documentos apreendidos. Outros nove endereços de pessoas ligadas ao parlamentar foram vistoriados.

    Contra o vereador há suspeitas de assédio sexual e moral. A decisão da justiça se baseia no artigo 241 do Estatuto da Criança e do Adolescente. O dispositivo prevê prisão e pena de 4 a 8 anos para quem faz exposição ou vende vídeos que contenham cena de sexo explícito ou pornográfico envolvendo crianças e adolescentes.

    Monteiro é ex-PM e youtuber. Ele tem mais de seis milhões de inscritos em seu canal e suas postagens chegam a acumular até 50 milhões de visualizações. Gabriel foi terceiro mais votado para a Câmara do Rio de Janeiro, ficando atrás somente de Carlos Bolsonaro (Republicanos) e Tarcisio Motta (PSOL).

    Na terça-feira (5), o Conselho de Ética da Câmara dos Vereadores decidiu, por unanimidade, abrir representação disciplinar contra o vereador Gabriel Monteiro. O caso será avaliado nesta sexta-feira (8) pela Comissão de Justiça. O político pode ter o mandato cassado. A previsão é que o resultado do processo saia em 90 dias.

    A CNN já entrou em contato com a defesa do vereador e aguarda um posicionamento.

    Em nota, a Câmara Municipal do Rio afirmou que “colaborou e garantiu total acesso dos agentes às dependências da Casa e tem agido com celeridade e responsabilidade na apuração das denúncias relacionadas ao parlamentar.”