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    G. Dias reconheceu em mensagem para Abin em 8/1: “Vamos ter problemas”

    Ex-ministro do GSI disse ainda para ex-diretor-adjunto da Abin, de acordo com mensagens obtidas pela CNN, para retirar o nome dele da lista de alertas da Agência Brasileira de Inteligência

    Leandro Magalhãesda CNN* , São Paulo

    A CNN teve acesso a mensagens trocadas pelo então ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) Gonçalves Dias e Saulo Moura Cunha, ex-diretor-adjunto da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), em 8 de janeiro e nos dias que antecederam os ataques às sedes dos Três Poderes.

    Em 8 de janeiro, após receber alertas de possível invasão a prédios públicos e sobre o aumento do número de ônibus em Brasília, Gonçalves Dias diz a Saulo: “Vamos ter problemas”. A informação foi publicada primeiramente pelo jornal O Globo e confirmada pela CNN.

    O ex-diretor-adjunto da Abin Saulo Cunha enviou, às 22h47 do dia 7 de janeiro, informações sobre o número de manifestantes em Brasília.

    Segundo o alerta, no acampamento montado em Brasília em frente ao QG do Exército, próximo à Esplanada dos Ministérios, havia em torno de 2.500 pessoas, “público oriundo de caravanas”, diz a mensagem.

    No dia 08 de janeiro, às 8h53, Saulo Cunha diz que já havia quase 100 ônibus no Plano Piloto de Brasília.

    Veja a transcrição das mensagens, exatamente como foram escritas:

    • Saulo Cunha: Quase 100 ônibus ja
    • Gonçalves Dias: Bom dia.. Vamos ter problemas..
    • Saulo Cunha: A esplanada ta fechada pelo GDF. O negócio é o entorno. Daqui a pouco mando a situação do QG.

    Às 8h58 do dia 08 de janeiro, Saulo Cunha envia outro alerta com o título: “Manifestações contra o resultado das eleições presidenciais – QGEx”.

    O texto afirma que o público estimado pela SSP/DF era de 3.000 pessoas.

    VÍDEO – Imagens mostram ação do GSI em ataque aos Três Poderes em 8 de janeiro

    Ações após os atos do 8 de janeiro

    No dia 16 de janeiro, às 23h06, o general Gonçalves Dias, em conversa com Saulo Cunha, cita elementos que podem ajudar na investigação, como os financiadores dos atos.

    Veja a troca de mensagens:

    • Gonçalves Dias: Tudo que pode ser ajudado n investigacão dos ataques …. Exemplo….financiadores..
    • Saulo Cunha: Financiadores, lideranças e logística. É exatamente nosso pedido para o GT e teremos um documento nosso também. Isso já tá encaminhado. Pode ficar tranquilo.
    • Gonçalves Dias: sim.

    No dia 17 de janeiro de 2023, às 16h30, Gonçalves Dias pede ao ex-diretor-adjunto da Abin que retire o nome dele da lista de alertas da agência que foram enviados a órgãos, como Polícia Federal, Polícia Militar do Distrito Federal, polícias legislativas da Câmara e do Senado.

    Durante o diálogo, G. Dias — como também é conhecido — cita o senador Esperidião Amin (PP-SC), à época presidente da Comissão de Controle das Atividades de Inteligência do Congresso, que receberia documentos dos informes da Abin.

    Veja as mensagens:

    • Gonçalves Dias: Será que meu nome pode ser retirado daquela relação.
    • Saulo Cunha: Aquela relação é só para seu conhecimento.
    • Gonçalves Dias: Ela ia ser entregue para o Espiridiao
    • Saulo Cunha: Negativo. Eu pedi que levasse ao senhor primeiro para avaliarmos.
    • Gonçalves Dias: Ok

    Outro lado

    A CNN procurou o ex-ministro Gonçalves Dias por telefone e por mensagens e aguarda retorno sobre a troca de mensagens e os avisos reiterados sobre os potenciais ataques.

    O ex-diretor-adjunto da Abin Saulo Moura da Cunha disse, por telefone, que não iria comentar.

    [cnn_galeria active=”false” id_galeria=”2062668″ title_galeria=”Manifestantes furam bloqueio, entram na Esplanada e invadem o Congresso Nacional”/]

    Imagens da CNN, demissão e CPMI

    G. Dias foi demitido da chefia do GSI pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 19 de abril após a CNN divulgar, em primeira mão, vídeos gravados por câmeras de segurança em que ele aparece dentro do Palácio do Planalto interagindo com alguns dos invasores da sede do Executivo.

    A repercussão dos acontecimentos mobilizou o Congresso Nacional a abrir uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) formada por deputados e senadores e instalada em abril.

    A Comissão quebrou o sigilo de G. Dias, que não não depôs na CPMI do Congresso, mas sim na CPI aberta pela Câmara do Distrito Federal.

    Já Saulo Cunha prestou depoimento à CPMI em 1º de agosto. Ele apontou que G. Dias sabia do risco dos ataques. O ex-diretor-adjunto da Abin deixou o cargo em março deste ano.

    *Colaborou Nathan Lopes, da CNN

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