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    FGV: Críticos à direita foram 80% dos perfis no debate do Twitter no domingo

    Discurso da oposição reivindicava defesa da democracia e se mistura com movimento global contra o racismo; apoiadores diminuem diferença com volume de postagens

    Manifestantes entram em confronto com a Polícia Militar na Av. Paulista (31.mai.2020)
    Manifestantes entram em confronto com a Polícia Militar na Av. Paulista (31.mai.2020) Foto: CNN Brasil

    Guilherme Venaglia, da CNN em São Paulo

    No último domingo (31), manifestantes foram às ruas protestar contra e a favor do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), em contexto de acirramento político que reverberou nas redes sociais, segundo a Diretoria de Análise de Políticas Públicas (DAPP) da Fundação Getúlio Vargas (FGV). De acordo com a entidade, 6,5 milhões de menções relacionadas à discussão política foram registradas no Twitter.

    Ao menos naquela rede social, a DAPP não viu um debate polarizado: 81,5% dos perfis engajados eram críticos à direita, segundo a análise feita pela entidade. O monitoramento dividiu os usuários em três grupos, sendo o majoritário, composto essencialmente pela oposição e às críticas ao governo, identificado como o “amarelo”.

    O grupo categorizado como “azul” é aquele que abarca os apoiadores do presidente Jair Bolsonaro, com publicações críticas aos movimentos de esquerda. O alvo principal destes usuários eram os grupos com bandeira “Antifa”, que se apresentam como antifascistas — ortanto, identificando os apoiadores do governo como fascistas, em referência à ideologia política originada a partir da ditadura de Benito Mussolini na Itália. Os defensores de Bolsonaro rejeitam a comparação com o fascismo.

    Os apoiadores do presidente são 12%, mas reduzem parcialmente a proporção pelo volume. Publicam muito mais, segundo a DAPP, e conseguem transformar essa proporção de páginas em 31% das interações sobre política na rede. Os autores do estudo identificaram como vetores desse grupo quatro perfis: o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP); Allan dos Santos, comunicador e ativista conhecido como “Allan Terça Livre”; Leandro Ruschel, que se define como empreendedor e especialista em investimentos; e a ativista Sara Winter.

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    Maioria, os perfis que fizeram publicações críticas ao presidente são consideravelmente mais diversos, e vão da blogueira Bic Muller ao ativista negro Levi Kaique, passando por portais de entretenimento e influenciadores digitais.

    O levantamento da FGV identificou entre os críticos ao governo uma forte adesão às palavras de ordem “Black Lives Matter” e “Vidas Negras Importam”, derivados do movimento global deflagrado a partir dos Estados Unidos após a morte de George Floyd.

    Floyd era um homem negro de 46 anos que morreu após uma abordagem policial, cuja gravação mostra um agente branco ajoelhado sobre o pescoço dele. Laudo fornecido pela família mostra que George Floyd morreu em decorrência de uma asfixia mecânica.

    Há ainda um terceiro grupo, que o levantamento classifica como “rosa”, que representa apenas 2% dos perfis e é ainda menor na perspectiva por volume das interações, com 1% das menções ao debate político. De acordo com o levantamento, trata-se de um grupo mais neutro, sem alinhamento ideológico claro e comentando acontecimentos ao redor do mundo, como os casos de Covid-19, os protestos por Floyd sem contextualizá-los com a política local e a rotina durante a quarentena.