Exército barra ex-ajudante de ordens de Bolsonaro de pelotão
Mauro Cesar Barbosa Cid iria deixar o Batalhão em maio, mas a saída dele foi antecipada
O Exército decidiu retirar o ex-ajudante de ordens do então presidente Jair Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cesar Barbosa Cid, o “Coronel Cid”, do comando do 1º Batalhão de Ações e Comandos, unidade de Operações Especiais, em Goiânia (GO).
Cid iria deixar o Batalhão em maio, mas a saída dele foi antecipada.
O comandante do Batalhão da Guarda Presidencial, tenente-coronel Jorge Paulo Fernandes da Hora, também vai deixar o cargo nesta semana. Ele é investigado por suposta inação sobre os criminosos no 8 de janeiro. Seu novo posto será um cargo no Estado-Maior do Comando Militar do Planalto
A saída de Cid ocorre três dias após a demissão do comandante do Exército, Júlio César de Arruda, motivada, especialmente, por dois episódios, segundo relatos feitos à CNN: a leniência do general em punir militares que participaram dos atos criminosos em Brasília no último dia 8 e sua recusa em cumprir a determinação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para remover o tenente-coronel Mauro Cid, homem de confiança do ex-presidente Jair Bolsonaro, do comando de um dos batalhões do Exército em Goiânia.
À CNN, autoridades que acompanharam de perto a decisão do governo de substituir Arruda disseram que o então comandante do Exército não vinha demonstrando disposição em controlar as tropas.
De acordo com relatos feitos à CNN, Arruda vinha demonstrando pretensão de manter Cid, que foi ajudante de ordens de Bolsonaro durante todo o seu mandato, no posto em Goiás. A insistência do general passou a preocupar o governo.
Cid é investigado por Alexandre de Moraes num inquérito que corre no Supremo Tribunal Federal (STF).
Em nota à CNN, o Exército informou que o tenente-coronel Jorge Paulo Fernandes da Hora está completando o período regular de dois anos no cargo. “A sua substituição pelo Tenente-Coronel Nélio Moura Bertolino, já estava prevista para ocorrer nos próximos dias”, destacaram.
Quanto ao tenente-coronel Mauro Cesar Barbosa Cid, foi ressaltado que “ele encaminhou um requerimento ao Gabinete do Comandante do Exército solicitando adiamento do comando, e o pedido foi deferido”.
Novo comandante do Exército e Cid
O novo comandante do Exército, general Tomás Paiva, defendeu em conversas com a cúpula do governo Lula que haja desde já um processo de pacificação entre o Executivo e as Forças Armadas, segundo fontes do governo ouvidas pela CNN.
Ele deve levar essas mensagens, em especial a pacificação e a necessidade de punição exemplar, na reunião do Alto Comando do Exército que deve ocorrer nesta terça-feira (24).
O tom é semelhante ao que, segundo fontes militares, ele já vinha defendendo em reuniões do Alto Comando após as eleições.
Essas posições internas pró-respeito ao resultado das urnas dentro do Exército foram fundamentais para que seu nome fosse escolhido, assim como os relatos que chegaram ao governo da forma como ele conduziu o Comando do Sudeste em novembro e dezembro.
Além, claro, do fato de o antigo comandante não ter demitido o coronel Cid, ligado a Bolsonaro, do comando de um pelotão em Brasília, e de ter sido considerado pelo Planalto leniente com os acampamentos em frente à sede do Exército em Brasília.
(Com informações de Thais Arbex)