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    Exclusivo: Michelle Bolsonaro diz à CNN que mobiliário já estava deteriorado em 2019: “Me acusam de furto, mas faltou transição”

    Ex-primeira-dama afirmou que, se soubesse que seria acusada de furto, "teria filmado" o estado dos móveis quando entrou pela primeira vez no local

    Daniela Limada CNN , São Paulo

    Em entrevista exclusiva à CNN, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) afirmou que o mobiliário do Palácio da Alvorada já estava deteriorado em 2019, ano em que Jair Bolsonaro (PL) assumiu a Presidência da República. Ela rebateu a acusação da Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom) do governo Lula, que afirmou que 83 mobílias não foram localizadas após a troca de gestão presidencial.

    Michelle disse que não há “absolutamente nada” de verdadeiro no que foi dito em relação ao mobiliário do Palácio, e que se soubesse que seria acusada de furto e de deteriorar a mobília, “teria filmado” o estado dos móveis em 2019. “Cometi um erro, era inexperiente e não tive maldade”, disse ela.

    “Quando nós chegamos, o mobiliário já estava tão desgastado a ponto de que, se você sentasse, o estofado saia inteiro na sua roupa”, disse à CNN. Ela ainda relembrou de uma poltrona alaranjada “impossível de usar”, pois ao sentar a roupa ficava manchada.

    Segundo Michelle, o enxoval de cama datava do governo de Fernando Henrique Cardoso, que deixou o poder em 2003. E que costureiras foram chamadas para remendar as toalhas utilizadas em eventos.

    “Me acusam de furto, mas o que faltou foi uma transição”, disse a ex-primeira-dama. Ela disse que seu administrador foi expulso sob escolta e que todos os seus funcionários foram convidados a se retirar. “Se tivesse tido uma troca, uma conversa, não haveria dúvidas sobre onde estava e qual o estado do mobiliário do Palácio quando nós chegamos.”

    A ex-primeira-dama disse que quando sua família foi morar no Palácio da Alvorada, no primeiro ano de mandato de Jair Bolsonaro, os funcionários que trabalham no local disseram que a situação dos móveis era ruim, que não havia enxoval e que seria preciso trocar tudo. Segundo ela, uma pessoa de sua confiança a alertou para que ela não comprasse nada nova, pois seria uma armação para falar que ela havia “saído de Ceilândia para comprar lençol de seda e viver no luxo em Brasília”.

    Por conta disso, ela afirma que decidiu usar suas próprias coisas ao invés de abrir uma licitação para adquirir novos bens.

    Ela disse que o setor de patrimônio cuida de toda a mobília do Palácio da Alvorada, e que é possível mudar a decoração e mover a mobília, mas “tudo é demorado e burocrático e está registrado”.

    “Se entrei no foco pois acham que tenho alguma pretensão política, não tenho”

    Michelle acrescentou que quem explicou esses procedimentos para ela foi a outra ex-primeira-dama que deixava a casa, Marcela Temer. Marcela teria explicado que existia a possibilidade de “deixar a casa mais com a nossa cara” na área íntima, localizada na parte superior do Alvorada.

    Além do quarto, o único outro ambiente que foi modificado seria um escritório que estava em desuso na parte superior do Palácio. Ela disse que os móveis daquele ambiente foram todos retirados para que ela pudesse deixar o ambiente mais pessoal para sua família, e principalmente para sua filha mais nova, Laura Bolsonaro, que dizia sentir saudades de casa.

    Ela disse que entrou em contato com o administrador que trabalhou para eles no início do mandato e ele informou que todos os móveis que foram retirados para dar espaço a mobília pessoal da família Bolsonaro – a cama de casal, mesas de cabeceira e uma poltrona – estavam guardados de depósito número 4, conhecido como “depósito da lancha”, e se houvesse algo mais faltando, estaria no depósito número 5.

    “Isso sem dúvida poderia ter se resolvido na transição se tivesse havido alguma conversa”, disse ela.

    Michelle ainda acrescentou: “Se entrei no foco pois acham que tenho alguma pretensão política, não tenho. Minha prioridade hoje é outra. Se meu coração arder no meio do caminho, as coisas podem mudar, sim. Mas se estão fazendo isso hoje para minar minha imagem por conta de eleição, eu não quero, não tenho pretensão e não vou agir da mesma forma.”

    Ela disse se envergonhar das atitudes dos atuais moradores do Palácio, pois esperava que os representantes do país “se dirigissem com algum respeito a mais”.

    No entanto, quando questionada se atribuía a culpa destes ataques à atual primeira-dama, Janja, Michelle disse não acreditar que ela seja a responsável, e culpou um dos funcionários do Alvorada por construir a narrativa de que sua família teria deteriorado o local.

    “Nunca entendi aquilo como minha casa, pois ali não havia privacidade. Não tinha por que pegar ou comprar coisas para lá, pois não era minha casa. Eu sempre soube que era temporário, e levei móveis que eu já tinha”, falou.

    Ela ainda acrescentou que os seus móveis pessoais chegaram apenas no último semestre de 2020, e que durante o primeiro ano de mandato teve que utilizar as coisas que já estavam lá. Segundo Michelle, uma das funcionárias chegou a perguntar se ela teria coragem de deitar naquela cama, ao que ela respondeu: “Eu oro, peço a Deus e deito confiando para dormir”.

     

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