Ex-ministro Bento Albuquerque presta depoimento à PF sobre joias nesta terça (14)
Segundo apuração da CNN, ele deve dizer que desconhecia o conteúdo do estojo que guardava as joias; ex-assessor também deverá depor
O ex-ministro de Minas e Energia Bento Albuquerque prestará depoimento à Polícia Federal (PF) nesta terça-feira (14) sobre as joias trazidas ao Brasil em 2021 depois de visita à Arábia Saudita.
Albuquerque representou o Brasil em um evento no país em que o então presidente Jair Bolsonaro (PL) havia sido convidado em outubro de 2021. Ao fim do compromisso, o príncipe Mohammed bin Salman Al Saud entregou ao então ministro um colar, um anel, um relógio e um par de brincos de diamantes avaliados em 3 milhões de euros, o equivalente a R$16,5 milhões.
Tanto o ex-chefe de Minas e Energia quanto sua equipe de assessores viajaram em voo comercial. Ao chegar ao aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, no dia 26 daquele mês, um dos assessores foi impedido de levar os presentes já que os valores ultrapassam US$ 1.000.
A Receita Federal no Brasil obriga que sejam declarados ao fisco qualquer bem que entre no País cujo valor seja superior a essa quantia.
Ainda havia outro pacote. A CNN teve acesso a um documento em que é descrito que o assessor do ex-ministro, Antonio Carlos Ramos de Barros Mello, entregou ao Gabinete Adjunto de Documentação Histórica um estojo, contendo objetos da marca Chopard, como um masbaha rose gold; um relógio com pulseira em couro; um par de abotoaduras; uma caneta rose gold e um anel.
Esse segundo conjunto, em tese, teria ficado um ano e um mês sob a guarda do Ministério de Minas e Energia.
Perguntas do TCU
Em uma ação, o ministro Augusto Nardes, do Tribunal de Contas da União (TCU), listou uma série de perguntas que precisam ser respondidas pelo ex-presidente Jair Bolsonaro e por Bento Albuquerque sobre o caso:
- Quais foram os presentes recebidos por ocasião da visita à Arábia Saudita?
- Quais os presentes trazidos em sua bagagem por ocasião da visita oficial à Arábia Saudita?
- Os presentes trazidos seriam personalíssimos da ex-Primeira-Dama e do ex-Presidente da República ou seriam incorporados ao acervo do Governo Brasileiro?
- Se os presentes foram recebidos em caráter pessoal, quais as providências para o pagamento dos devidos tributos?
Prováveis respostas de Bento Albuquerque durante o depoimento
Conforme apuração do analista de Política da CNN Iuri Pitta, pessoas próximas ao ex-ministro disseram que ele deve manter a linha de discurso que vem adotando desde que o caso veio à tona.
Deve ser dito por Albuquerque que tanto ele quanto seu assessor, Marcos Soeiro, que também será ouvido, desconheciam o conteúdo do estojo que guardava as joias.
Além disso, também deve ressaltar que ficou surpreso ao ver, na revista dos servidores da Receita Federal, as joias.
Outro ponto que deve ser destacado é que a resposta de que o material seria endereçado a ex-primeira dama Michelle Bolsonaro foi uma resposta “de momento”, sem conhecimento prévio, e que teria recebido os pacotes apenas como presentes para o governo brasileiro.
Ele também deve negar que tentou uma “carteirada” para liberação dos objetos. Ele deve citar que teria dito a um dos agentes “faça o que tem que ser feito”.
Também deve alegar que dois dias após o retorno ao Brasil, o chefe de seu gabinete, José Roberto Bueno Junior, fez um ofício para o setor responsável pelo acervo presidencial informando sobre o acontecido.
Não há nenhuma entrega oficial documentada no evento realizado na Arábia Saudita. O único registro da própria cerimônia é o cavalo esculpido com patas em ouro.
Aliados de Bolsonaro atacam silêncio de ex-ministro sobre joias
Aliados de Bolsonaro estão atacando o silêncio de Bento Albuquerque sobre as joias. As informações são da âncora da CNN Daniela Lima.
Eles consideram que, quando questionado, Bento foi evasivo. Cinco das tentativas de reaver as peças foram feitas sob seu mando no ministério. O ex-ministro disse que tinha mais do que fazer do que ficar cuidando das peças.
Conforme a apuração, no momento ele alegou que estava cuidando da crise hídrica pela qual o país passava e teria delegado que seu gabinete resolvesse a situação.
(Publicado por Douglas Porto)