Ex-integrantes da Lava Jato alertam para risco de anulação do trabalho do grupo
Procuradores da Lava Jato no Paraná enviaram um documento em que afirmam haver 'risco real de anulações em cadeia' com a condenação da operação
Procuradores da Lava Jato no Paraná enviaram, nesta segunda-feira (8), ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), à Procuradoria-Geral da República (PGR) e ao Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) um documento em que afirmam haver “risco real de anulações em cadeia” com a condenação da operação e com o uso das mensagens hackeadas da força-tarefa. O grupo também destacou jamais ter feito qualquer investigação voltada para autoridades com foro.
Em um trecho do documento, assinado pelos 10 procuradores que integravam a força tarefa, o grupo destacou que “a divulgação dirigida das supostas mensagens no presente contexto, ilícitas e sem integridade aferida, para produzir falsas acusações sem base na realidade, faz parte, nos parece, de um evidente plano de comunicação para influenciar o julgamento da alegada suspeição do ex-juiz federal Sergio Moro e anular condenações bastante sólidas, já confirmadas inclusive pelo próprio Superior Tribunal de Justiça , gerando um risco real de anulações em cadeia que coloque por terra o relevante trabalho de todas as instâncias do Poder Judiciário na Operação Lava Jato, que permitiu a responsabilização de centenas de criminosos e a recuperação de bilhões de reais”.
Os procuradores afirmam nos ofícios que “jamais praticaram qualquer ato de investigação sobre condutas de autoridades detentoras de foro por prerrogativa de função, sejam ministros do STJ, seja qualquer outra autoridade”. “Em todos os casos em que foram identificados elementos de informação concretos relacionados a autoridades com prerrogativa de foro, foram feitas as devidas comunicações às autoridades competentes”.
Assinam os documentos os procuradores Deltan Dallagnol, Antonio Carlos Welter, Orlando Martello, Januário Paludo, Athayde Ribeiro Costa, Diogo Castor de Mattos, Julio Carlos Motta Noronha, Laura Gonçalves Tessler, Paulo Roberto Galvão de Carvalho e Roberson Henrique Pozzobon.
Na próxima terça-feira (9), os ministros da Segunda Turma do Supremo vão decidir se é válida a determinação de Lewandowski para que a defesa de Lula tenha tido acesso a mensagens apreendidas no âmbito da Operação Spoofing, da Polícia Federal.
O compartilhamento das conversas foi autorizado no âmbito de um processo em que a defesa do ex-presidente questiona a ocultação, pela Lava Jato, de documentos relativos à leniência da Odebrecht.
Na última segunda-feira (1º), Lewandowski tornou públicas as conversas obtidas em 2019 por um grupo de hackers que invadiu os celulares de diversas autoridades – entre elas, o ex-ministro e ex-juiz Sergio Moro e o ex-coordenador da força-tarefa da Operação Lava-Jato em Curitiba, procurador Deltan Dallagnol.