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    Ex-assessor de Moraes quer acareação entre amigo e delegado que apreendeu seu celular

    Eduardo Tagliaferro negou à PF ter vazado mensagens do aparelho; PF deve intimar delegados da Polícia Civil a depor

    Lucas Mendesda CNN

    A defesa do perito Eduardo Tagliaferro pediu ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), uma acareação entre o amigo responsável por entregar o seu celular à Polícia Civil de São Paulo e o delegado que apreendeu o aparelho.

    O pedido foi feito no inquérito aberto no STF para apurar o vazamento de mensagens do celular de Tagliaferro, que chefiou o órgão de combate à desinformação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o comando de Moraes.

    A acareação é um procedimento que permite confrontar versões diferentes sobre um determinado fato.

    O pedido a Moraes é assinado pelo advogado de Tagliaferro, Luiz Eduardo Kuntz, com base em notícia de que o delegado José Luiz Antunes, que apreendeu o celular do perito em 2023, será intimado a depor.

    Conforme mostrou a CNN, a PF deve intimar delegados da Polícia Civil paulista a depor.

    A avaliação é de que ainda não se pode descartar que o vazamento tenha partido de dentro da própria Polícia Civil de São Paulo, que ficou com a custódia do celular de Tagliaferro por seis dias.

    Tagliaferro prestou depoimento na quinta (22) e negou ter vazado as mensagens que embasaram a reportagem do jornal Folha de S. Paulo sobre o uso do setor de combate à desinformação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de forma não oficial pelo gabinete do magistrado.

    Em depoimento à Polícia Federal (PF) na quinta-feira (23), Tagliaferro disse que seu aparelho celular ficou sob a responsabilidade da Polícia Civil de São Paulo durante seis ou sete dias, desbloqueado, sem a necessidade de senha para acesso ao conteúdo.

    Isso porque, em maio de 2023, Tagliaferro chegou a ser preso após um flagrante por violência doméstica. Na ocasião, ele entregou o dispositivo a um compadre, identificado como Celso Luiz de Oliveira, já sem a senha de acesso, para garantir que pudesse ser utilizado “para alguma necessidade da esposa e das filhas, como pagar contas”.

    Segundo narrou Tagliaferro, algumas horas depois, esse compadre teria sido procurado pela Polícia Civil de Franco da Rocha, que exigia a entrega do aparelho — o que foi prontamente atendido.

    Segundo depoimento do ex-assessor de Moraes, seu celular foi entregue por Celso ao delegado da Polícia Civil de São Paulo, José Luiz Antunes.

    Defesa fala em abuso

    Em outro pedido a Moraes, o advogado de Tagliaferro pede a apuração de um suposto abuso de autoridade durante o depoimento do perito à PF.

    A defesa se baseia em uma das perguntas feitas durante a oitiva, sobre uma suposta venda do conteúdo das mensagens do celular à revista “Veja”.

    A transcrição do depoimento de Tagliaferro diz o seguinte: “Questionado se chegou a tentar trocar o conteúdo que tinha no aparelho celular por dinheiro com algum jornalista da revista Veja, afirma com veemência que não”.

    Para o advogado, não há no inquérito nenhuma informação que indique essa suposta venda do material.

    “Assim, ante a ausência de elementos de informação aptos a arrimar mencionada indagação, requer-se que a d. Autoridade Policial ou, eventualmente, esta Eminente Relatoria esclareça os motivos pelos quais o Peticionário foi inquirido acerca de suposta venda de material ao tabloide ‘VEJA’, uma vez que referida pergunta se mostra desconexa aos elementos de informação colacionadas aos autos”, afirmou o advogado Eduardo Kuntz.

    “Assim, ante a ausência de elementos de informação aptos a arrimar mencionada indagação, requer-se que a d. Autoridade Policial ou, eventualmente, esta Eminente Relatoria esclareça os motivos pelos quais o Peticionário foi inquirido acerca de suposta venda de material ao tabloide “VEJA”, uma vez que referida pergunta se mostra desconexa aos elementos de informação colacionadas aos autos”.