EUA sugerem ao Itamaraty que Brasil defenda em viagem “ordem baseada em regras”
Avaliação dos americanos é de que Estados Unidos e Brasil têm a responsabilidade de defender esses dois preceitos
Os Estados Unidos pediram nos dias que antecederam a viagem do presidente Jair Bolsonaro à Rússia que governo brasileiro defenda na sua viagem “os princípios democráticos” e uma “ordem baseada em regras”. A informação foi confirmada à CNN por uma fonte do departamento de Estados dos EUA.
A avaliação dos americanos é de que Estados Unidos e Brasil têm a responsabilidade de defender esses dois preceitos e que espera que o Brasil aproveite a oportunidade para reforçar essa mensagem em suas conversas em Moscou.
Os americanos também alertaram nos últimos dias acerca da movimentação militar da Rússia ao longo das fronteiras da Ucrânia e os esforços do governo Joe Biden de encorajar a Rússia a buscar a diplomacia sobre a guerra e garantir a segurança e a estabilidade.
Também foi reforçado que o país apoia a soberania e integridade territorial da Ucrânia e que está disposto a trabalhar com aliados e parceiros para impor consequências rápidas e severas à Rússia caso ela opte por uma escalada.
No Itamaraty, a avaliação é a de que vale a mensagem transmitida pelo embaixador do Brasil nas Nações Unidas Ronaldo Costa Filho: é preciso diminuir as tensões e recorrer aos canais diplomáticos. Sobre a mensagem para defesa de “ordem baseada em regras”, uma fonte do Itamaraty disse à CNN que essa premissa não é o mesmo que “respeito ao direito internacional e aos compromissos assumidos sob a Carta das Nações Unidas” e que nas últimas décadas houve muitos exemplos de “regras” forjadas ao arrepio do direito internacional e humanitário.
De uma forma geral, a diplomacia brasileira diz que a viagem de Bolsonaro se trata de viagem programada há mais tempo, antes, portanto, da crise entre a Rússia e o Ocidente. Uma fonte afirmou que se trata de uma viagem no quadro da Comissão de Alto Nível e que, nesse sentido, cumpre importantes objetivos da parceria estratégica bilateral em múltiplas dimensões: econômica e comercial, político-militar, plurilateral no contexto do BRICS e multilateral no quadro do Conselho de Segurança das Nações Unidas.
Sobre a viagem a Hungria, a avaliação da diplomacia brasileira é a de que compromissos foram assumidos em virtude de afinidades e certa convergência de visões de mundo. Reconhece-se que, em escala, a Hungria não se possa comparar à Rússia. Trata-se igualmente de um parceiro e aliado muito tradicional, com importantes intercâmbios, potencial de trocas em Ciência e Tecnologia, vínculos interpessoais e outros interesses que se situam além de nossas conjunturas respectivas.