Entenda todas as mudanças no comando da PF no governo Bolsonaro
Presidente deve ter um quarto nome indicado para o comando da corporação, submetida ao Ministério da Justiça
O novo ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, decidiu trocar os comandos da Polícia Federal (PF) e da Polícia Rodoviária Federal (PRF).
A informação foi confirmada ao analista Igor Gadelha, da CNN, por auxiliares próximos ao ministro. A Polícia Federal é subordinada ao Ministério da Justiça.
Com essa decisão, o governo de Jair Bolsonaro (sem partido) deve ter um quarto nome indicado para o comando da PF – Torres ainda não informou, no entanto, quem considera para a vaga.
Uma dessas trocas, quando o presidente exonerou Maurício Valeixo, em maio de 2020, foi o estopim para o pedido de demissão do então ministro da Justiça, Sergio Moro, que deixou o governo alegando interferência no comando da corporação.
Relembre abaixo as mudanças no comando da PF no governo Bolsonaro:
Maurício Valeixo (2 de janeiro de 2019 até 24 de abril de 2020)
Maurício Valeixo foi o primeiro diretor-geral da Polícia Federal no governo Bolsonaro, escolhido por indicação direta de Moro.
A relação entre ele e Moro, no entanto, já existia antes da respectiva nomeação. Em 2003, quando Valeixo comandava o inquérito da força-tarefa da Operação Banestado, o ex-juiz comandava a então recém-criada vara de Curitiba, que tem como especialidade casos de lavagem de dinheiro. O delegado também atuou na Operação Lava Jato.
Além disso, Valeixo foi diretor de combate à corrupção, chefe de inteligência e assumiu duas vezes o cargo de superintendente da Polícia Federal no Paraná, posto que ocupava antes de assumir a direção da PF.
No mesmo dia em que a exoneração do diretor da PF foi publicada no Diário Oficial da União, Moro pediu demissão do cargo por considerar a troca uma tentativa de interferência política do presidente, que nega a acusação.
Em depoimento à PF após sua demissão, o delegado afirmou que o presidente Bolsonaro lhe disse que não tinha nada contra ele, mas deseja um diretor-geral com quem tivesse mais “afinidade”.
Alexandre Ramagem (nomeado, não chegou a assumir o cargo)
Alexandre Ramagem foi o nome escolhido por Bolsonaro para comandar a PF após a exoneração de Maurício Valeixo.
Ramagem é considerado próximo ao presidente, tendo participado da sua escolta pessoal durante a campanha eleitoral de 2018. O nome dele também agradava aos ministros da ala militar do governo federal.
A posse dele, no entanto, foi suspensa pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes, em ação protocolada pelo PDT questionando a nomeação na esteira de acusações feitas pelo ex-ministro da Justiça Sergio Moro de tentativas de interferência política na PF.
Dias depois, o magistrado rejeitou pedido de reconsideração da suspensão feito pela Advocacia-Geral da União (AGU) e manteve a decisão contrária à nomeação.
Na ocasião, Moraes afirmou que o pedido da AGU ficou prejudicado por causa de decreto do próprio presidente que já tinha tornado sem efeito a nomeação de Ramagem depois que o ministro a vetou inicialmente.
Em depoimento à PF dias após esse episódio, Ramagem negou ser amigo próximo da família Bolsonaro e classificou como “absurda a alegação de desvio de finalidade com base em presunção futura de influência em investigações criminais sigilosas”.
Rolando Alexandre de Souza (desde 4 de maio de 2020)
Considerado braço direito de Ramagem, o delegado Rolando Alexandre de Souza tomou posse como diretor-geral da Polícia Federal em 4 de maio de 2020. Até então, ele atuava como secretário de Planejamento e Gestão da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), cargo que assumiu a convite de Alexandre Ramagem.
Antes, havia ocupado a superintendência da PF em Alagoas entre 2018 e 2019.