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    Entenda a disputa pelo Ministério do Turismo no governo Lula

    Ministra Daniela Carneiro está pressionada no cargo desde que pediu a desfiliação do União Brasil, em abril

    Gabriel Fernedada CNN

    em São Paulo

    O Palácio do Planalto informou na terça-feira (13) que a ministra do Turismo, Daniela Carneiro, permanece no cargo. Apesar do anúncio, fontes do planalto afirmaram que a ela continua na pasta “por enquanto”.

    Isso acontece porque o governo busca uma saída menos constrangedora para Daniela, sem quebrar a aliança com o prefeito de Belford Roxo, Waguinho Carneiro (Republicanos-RJ), marido da ministra e apoiador de Lula nas eleições passadas.

    A disputa envolvendo a chefia do Ministério do Turismo começou em abril, quando Daniela Carneiro apresentou uma ação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) pedindo a desfiliação de seu partido, o União Brasil.

    Pouco depois do anúncio, o presidente nacional do União Brasil, Luciano Bivar (PE), afirmou à CNN que a vaga de Daniela no Ministério do Turismo era “uma cota do União Brasil”.

    “Quando Lula pensou na Daniela, ele me ligou para saber o que eu achava, o que significa que é uma cota do União Brasil. Mas o governo Lula é inteligente para separar questões paroquiais de questão nacional e não vai atrás de problemas por questões paroquiais”, disse Bivar.

    Na época, o ministro-chefe da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência, Alexandre Padilha, foi encarregado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para acompanhar o episódio.

    Em conversa com a CNN, o ministro afirmou que o Palácio da Planalto vinha analisando a situação com “calma” e “sem precipitação”. Nos bastidores, segundo relatos feitos por assessores do governo, Lula não queria que uma disputa regional se tornasse a primeira turbulência política de seu terceiro mandato.

    Apesar disso, no União Brasil, deputados e senadores já consideravam que a ministra vinha causando mais bônus do que ônus à gestão petista e que, na primeira reforma ministerial, ela poderia ser trocada.

    Cerca de dois meses depois do pedido de desfiliação de Daniela do União Brasil, fontes do Palácio do Planalto afirmaram à CNN que o deputado federal Celso Sabino (União Brasil-PA) estaria cotado para ocupar o Ministério do Turismo.

    O movimento seria com a intenção de acomodar a bancada do União Brasil da Câmara dos Deputados e aumentar a interlocução do governo federal com o Congresso Nacional.

    Isso porque, apesar de ocupar ministérios do governo, o União Brasil não vinha entregando os votos necessários em pautas importantes para o Executivo.

    Pressionada a deixar o cargo, Daniela Carneiro buscou costurar apoio para se manter na pasta. De acordo com o analista de Política da CNN Leandro Resende, o prefeito de Belford Roxo e marido de Daniela, Waguinho Carneiro, se reuniu com a bancada do Republicanos na Câmara dos Deputados e com dirigentes em uma tentativa de manter a esposa no ministério.

    A ideia de Waguinho seria fazer com que a nomeação de Daniela no Turismo deixasse de ser uma indicação pessoal do presidente Lula e se tornasse uma indicação do Republicanos.

    Na reunião na manhã de terça, Daniela Carneiro foi mantida no cargo de ministra, mas fontes do Planalto confirmaram à CNN que Lula explicou que vai precisar trocá-la.

    Lula disse à ministra que o União Brasil solicitou a troca e que a situação estava bastante complicada, já que Daniela pediu desfiliação do partido. Na reunião, Lula elogiou o trabalho da ministra.

    Após a reunião, Daniela disse que a permanência dela à frente da pasta “está à disposição do presidente Lula”.

    “O presidente conversou comigo hoje, foi uma conversa muito boa, muito positiva. Volto a dizer: estou à disposição do presidente porque fui indicação dele e estou aqui para contribuir com o Brasil”, disse ao chegar à Comissão de Turismo da Câmara dos Deputados.

    Daniela participou na tarde de terça de um evento na Câmara dos Deputados e estará nesta quarta-feira (14) no Senado Federal. Na quinta-feira (15), ela vai participar de uma reunião ministerial na qual deve realizar um balanço de sua gestão.

    (Com informações de Gustavo Uribe, Iuri Pitta, Raquel Landim, Leandro Resende e Basilia Rodrigues, da CNN)