Empresário não se lembra se empurrou ou deu tapa em filho de Moraes, diz defesa à CNN
Em entrevista, advogado Ralph Tórtima disse que Roberto Mantovani teve dificuldade de lembrar com detalhes o episódio envolvendo o ministro do STF no aeroporto de Roma
O advogado Ralph Tórtima, que defende o casal acusado de agredir o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, disse, nesta quinta-feira (20), que o empresário Roberto Mantovani não lembra se empurrou ou se deu um tapa no filho de Moraes, no episódio ocorrido no aeroporto de Roma.
Em entrevista à CNN, o advogado da defesa disse que, na última terça (18), quando Mantovani prestou depoimento à Polícia Federal (PF) “ele tinha dificuldade com relação a lembrar detalhes desse momento”.
“O que ele disse foi o seguinte: eu não me lembro se eu empurrei ou se eu desferi um tapa em direção a esse moço. Então, o que ficou constando foi que ele afastou essa pessoa com os braços, porque ele não se recordava de detalhes”, completou.
Tórtima também disse que a esposa de Roberto, Andréa Mantovani, “garantiu que não fez qualquer ofensa direcionada ao ministro Alexandre de Moraes”.
“Não houve qualquer menção, palavra avançada em direção a ele. Quando ela se aproximou o ministro já não se encontrava, e [ela] me garante que as imagens vão evidenciar que, quando ela começa a falar, o ministro já não estava presente no local”, disse o advogado.
Câmeras de segurança confirmam versão de Moraes sobre agressão, dizem fontes da PF
As informações são da analista de política da CNN Basília Rodrigues e da repórter da CNN Tainá Falcão.
O vídeo mostra o filho de Moraes recebendo um tapa do empresário Roberto Mantovani, segundo fontes da Polícia Federal. Ao fim dessa discussão, um dos supostos agressores gravou Moraes.
As imagens não podem ser divulgadas porque o processo do qual elas fazem parte corre em segredo de Justiça.
Os vídeos já estão com a Polícia Federal e passarão por trâmites formais da investigação que precisam ser cumpridos até efetiva inclusão no inquérito policial.
Esses registros podem colocar um fim à guerra de versões, já que os acusados pelos ataques dizem que não haviam reconhecido Moraes, e que os insultos teriam partido do ministro.
CNN tem acesso a outro vídeo, gravado por envolvido na confusão
A âncora da CNN Raquel Landim assistiu a um outro vídeo que dura alguns segundos e mostra trecho da confusão envolvendo Moraes e o filho dele na chegada à sala VIP do aeroporto.
Na gravação, Moraes se volta para quem está gravando e diz: “Vocês vão ser todos identificados.”
Uma voz não identificada pergunta ao ministro: “O senhor está nos ameaçando?”.
Moraes responde: “Bandido”.
Na sequência, o ministro aparece levando o filho para a sala VIP do aeroporto. Ambos aparecem caminhando ao lado de uma parede branca.
O advogado de Roberto Mantovani, Ralph Tortima, confirmou que essa gravação foi feita no final do bate-boca no aeroporto italiano. O vídeo foi entregue na quarta-feira (19) pela defesa à Polícia Federal.
A defesa do casal Roberto Mantovani e Andreia Munarão, e do genro Alex Zanatta — trio acusado de hostilizar e agredir Moraes —, afirma que houve um “equívoco interpretativo” sobre o episódio.
Procurada pela CNN, a assessoria de Moraes disse que só vai se pronunciar por meio de seu depoimento.
Cooperação internacional
Em entrevista à CNN na quarta-feira (19), o ministro da Justiça, Flávio Dino, disse foi feito um pedido de cooperação internacional pela PF e pelo Ministério da Justiça às autoridades italianas para a obtenção das imagens.
Com as imagens do circuito de segurança do aeroporto de Roma, a PF vai analisar, via perícia, o passo a passo do que aconteceu na sexta-feira passada (14), quando o ministro Moraes voltava de uma palestra na Universidade de Siena.
Alex Zanatta foi ouvido no domingo (16) de manhã, enquanto Roberto e Andréia foram ouvidos terça-feira (18). Os depoimentos duraram cerca de duas horas e meia. O filho do casal, de 20 anos, também foi ouvido como testemunha do caso.
Durante o depoimento de terça-feira, as casas da família foram alvo de uma busca e apreensão autorizada pela ministra Rosa Weber, presidente do STF. Celulares e computadores da família foram apreendidos pelos agentes.
* Publicado por Léo Lopes