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    Em mensagens após jantar, Dominghetti diz que negócio estava se redesenvolvendo

    Nas mensagens, Luiz Paulo Dominghetti também indica preocupação com “bloqueio” de Roberto Dias

    Renata Agostini e Rachel Vargas , Da CNN, em Brasília

    Áudios e mensagens do celular de Luiz Paulo Dominghetti, que está em posse da CPI da Pandemia, indicam que seu grupo seguia investindo no fechamento do negócio bilionário de vacinas após jantar com Roberto Dias, ex-diretor de logística do Ministério da Saúde, num shopping em Brasília. Foi nesse encontro no dia 25 de fevereiro que, segundo Dominghetti, houve pedido de propina por parte de Dias.

    Em áudios enviados por Dominghetti a Cristiano Carvalho, representante oficial da Davati no Brasil, no dia 3 de março, o PM diz que as coisas estão se “redesenvolvendo” na pasta e que ele teria de ficar “em prontidão”. Ele afirma que havia expectativa que o negócio fosse fechado naquela semana. Nos dias seguintes, indica preocupação com a postura de Roberto Dias, que estaria “bloqueando” o negócio. 

    “Amigo, o pessoal lá da embaixada, do reverendo, pediu para mim (sic) ficar em prontidão com eles aqui, que as coisas estão se redesenvolvendo no ministério. O ministério ligou para ele duas vezes já. Deixa eu ver como vai ficar essa situação do ministério. Se a gente consegue assinar isso sexta ou amanhã. Hoje, pediram para eu ficar por conta deles avançando. Vou te mantendo informado”, diz Dominghetti no áudio.

     

    O reverendo a que Dominghetti se refere é Amilton Gomes de Paula, que dirige a Senah (Secretaria Nacional de Assuntos Humanitários), entidade religiosa com sede em Brasília. Foi o reverendo quem abriu as portas do ministério para Dominghetti, levando-o para um encontro no dia 22 de fevereiro com o então chefe do departamento de Imunização da pasta, Lauricio Cruz. Amilton chegou a ser nomeado oficialmente pela Davati como representante do negócio junto ao ministério, como mostrou a CNN. 

    Cristiano Carvalho então responde: “Qualquer coisa, providencio um jato para ir para Brasília assinar amanhã”.

     

    No dia seguinte, no dia 4 de março, Dominghetti diz que “não está fluindo do jeito que queremos”, mas que “irão comprar”.

    Cristiano Carvalho diz que “não é bem a forma que queremos, mas a forma que existe para comprar” e que eles acabariam liberando a quantidade “para outro país”. 

    Roberto Dias e Dominghetti
    Roberto Dias e Dominghetti
    Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado

    Dominghetti então procura tranquilizar Cristiano: “Vai dar certo. Eles são muito fortes”. 

    Um dia antes de Dominghetti avisar que estava de “prontidão”, Cristiano Carvalho havia enviado mensagem à PM cobrando respostas do ministério para que eles pudessem “escantear” Roberto Dias das tratativas.

    “Bom dia, Dominghetti. Veja se eles já enviam essa nota de compra hoje porque a gente já escanteia o Roberto Dias, tá?”.

     

    Eles demonstram preocupação em mensagens nos dias seguintes com a postura de Roberto Dias, que estaria nos bastidores, “bloqueando” o negócio. “Ele sabe que tem o poder da caneta”, escreveu Dominghetti no dia 9 de março.

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