Prime Time

seg - sex

Apresentação

Ao vivo

A seguir

    Em discurso na ONU, Bolsonaro deve focar em pandemia e conflito na Ucrânia

    Presidente deve ser o primeiro chefe de Estado a falar na abertura do Debate-Geral da 77ª Assembleia-Geral, por entre 10 e 15 minutos

    Rudá Moreirada CNN

    O presidente Jair Bolsonaro (PL) deve abordar os desafios do mundo no cenário pós-pandemia e o conflito na Ucrânia no discurso que fará na próxima terça-feira (20), por volta das 10h (horário local), na abertura do Debate-Geral da 77ª Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU).

    A fala de Bolsonaro deve durar entre 10 e 15 minutos, como é praxe nos discursos dos chefes de Estado e de Governo, de acordo com o Itamaraty.

    O embaixador Paulino Franco de Carvalho Neto, secretário de Assuntos Multilaterais Políticos do Ministério das Relações Exteriores (MRE), adiantou nesta quinta-feira (15) os principais temas que poderão ser abordados no discurso de Bolsonaro.

    Os assuntos são sugestões do Itamaraty, com base nos interesses diplomáticos e nas negociações brasileiras no cenário internacional. A redação final, no entanto, é feita pela presidência da República.

    Além das reações internacionais ao momento pós-pandemia e ao conflito na Ucrânia, o Itamaraty sugere que Bolsonaro trate também de temas como a segurança alimentar no mundo; meio ambiente e desenvolvimento sustentável; combate ao desmatamento e às mudanças climáticas; matriz energética brasileira e uso de energias renováveis; e sobre a reforma do Conselho de Segurança da ONU.

    O Itamaraty não descarta a possibilidade de Bolsonaro falar sobre as eleições brasileiras ou ter um tom mais eleitoreiro. “Ele é chefe de Estado e de Governo, e é candidato à reeleição. Ele separará as duas coisas, mas, ao mesmo tempo, ele não pode deixar de ser também um candidato à reeleição”, explicou o diplomata responsável por coordenar a participação brasileira na ONU.

    “A separação é necessária, mas ela nem sempre é perfeita. O processo eleitoral faz parte da vida democrática de todos os países e o Brasil é um exemplo de uma democracia vibrante, em que as Eleições são disputadas muito seriamente, com muita competição, e isso faz parte do exercício democrático”, avaliou o embaixador Paulino Neto. “Nós aqui do Itamaraty fazemos as sugestões, compilamos ideias, que consideramos pertinentes, e cabe ao presidente da República decidir o texto que ele lerá, afinal cabe a ele decidir em última instância o texto.”

    Como é de praxe, o presidente do Brasil é o primeiro chefe de Estado e de Governo a discursar na abertura da reunião. A tradição teve início durante a quarta Assembleia-Geral da ONU, ainda em 1949, e com exceção do período entre 1952 e 1954, o protocolo de abertura com discurso brasileiro vem sendo mantido até os dias atuais.

    Bolsonaro fará o discurso logo depois do secretário-Geral da ONU, António Guterres, e do diplomata húngaro que presidirá esta edição da Assembleia-Geral, Csaba Kőrösi — que é diretor de Sustentabilidade Ambiental no Gabinete do Presidente da Hungria.

    Joe Biden discursa logo após Bolsonaro, pela programação. Como sempre, o discurso do país anfitrião, representado pelo presidente norte-americano, procede ao discurso do representante brasileiro.

    “A abertura do debate da Assembleia-Geral ela se reveste sempre de importância por constituir uma oportunidade única para que anualmente os líderes mundiais, os chefes de Estado, chefes de Governo, possam reunir-se e discutir os principais desafios enfrentados pela comunidade internacional”, avaliou o secretário do MRE.

    A Assembleia-Geral da ONU é composta atualmente por 193 membros, onde todos têm o mesmo direito a voz e voto. É um dos principais órgãos das Nações Unidas e um dos mais democráticos, segundo o Itamaraty. A previsão, ainda de acordo com o Itamaraty, é de que este ano 130 chefes de Estado e de Governo estejam presentes ao debate geral.

    Bolsonaro tem programado ainda para a manhã de terça (20), antes de retornar a Brasília, uma reunião com o secretário-Geral da ONU, António Guterres, e encontros bilaterais com os presidentes do Equador, Guillermo Lasso; da Guatemala, Alejandro Giammattei; da Polônia, Andrzej Duda; e da Sérvia, Aleksandar Vučić.

    A previsão é que o presidente brasileiro vá para Nova York direto de Londres, na próxima segunda-feira (19), e que chegue na cidade norte-americana provavelmente à noite, ainda sem horário definido. Bolsonaro deve ir acompanhado do ministro das Relações Exteriores, Carlos França, e de mais alguns auxiliares, mas ainda não há definição da comitiva.

    Temas que Bolsonaro deve abordar

    De acordo com o Itamaraty, é de interesse que Bolsonaro fale no discurso sobre como a comunidade internacional e os países vão reagir ao conflito na Ucrânia e ao momento pós-pandemia.

    “Temos que enfrentar ameaças e consequências da crise sanitária internacional”, reforçou o representante do MRE. “Vamos reiterar que o Brasil tem atuado de forma ativa na OMS em nome das Américas”, exemplificou.

    “Em relação ao conflito na Ucrânia vamos reiterar que queremos solução duradoura para essa crise, que a ONU tem que ter papel preponderante na resolução desse conflito, que defendemos a integridade territorial dos países e que nós entendemos que esse conflito tem de ser resolvido rapidamente e pelos meios que temos à disposição nas Nações Unidas.”

    Sobre meio ambiente, o Itamaraty entende que deve ser reiterado na ONU o que foi defendido pelo Brasil em Glasgow, na Escócia, durante a COP-26, do compromisso de reduzir emissões de gases de efeito estufa em 50% até 2030 (desde 2005) e chegar neutralidade climática em 2050, além do comprometimento a reduzir o desmatamento na Amazônia e chegar ao desmatamento zero em 2030.

    Outro tema que pode ser reafirmado pelo presidente no discurso é a necessidade de se garantir a segurança alimentar no mundo com uso sustentável da terra e o uso de subsídios agrícolas para garantir sustentabilidade da pecuária.

    O Itamaraty prevê ainda que, na fala, Bolsonaro deve ressaltar que o Brasil está disposto a aumentar a oferta de energias renováveis para o mundo. “É pouco conhecido e pouco divulgado que a nossa matriz energética é uma das mais limpas do mundo, 45% da nossa matriz energética é renovável e 80% da nossa matriz elétrica é renovável”, frisou o embaixador Paulino Neto.

    Bolsonaro deve enfatizar também o esforço no combate ao desmatamento ilegal, mas ressalvar a proporção das responsabilidades.

    “O combate às mudanças do clima é um esforço coletivo, global, em que há países que têm uma responsabilidade bem maior do que o Brasil por conta do uso intensivo de energias fósseis”, ponderou o representante do Itamaraty.

    Sobre o Conselho de Segurança da ONU, o Itamaraty sugere que, na fala, Bolsonaro defenda que o grupo seja mais representativo do mundo de hoje, que “possa ser mais legítimo” e que “as respostas que ele possa fornecer tenham mais eficácia”.

    Tópicos