Em dia de ação da PF, relator aceita denúncia contra Zambelli no Conselho de Ética da Câmara
Deputado Duarte Júnior (PSB-MA) acusa Zambelli de ter proferido xingamentos contra ele durante uma reunião da Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado


O relator do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara dos Deputados, deputado João Leão (PP-BA), aceitou a denúncia contra a deputada Carla Zambelli (PL-SP), nesta quarta-feira (2).
Embora Zambelli tenha sido alvo da Polícia Federal (PF) na manhã desta quarta, o caso não está relacionado à operação.
A denúncia, feita pelo deputado Duarte Júnior (PSB-MA), se refere a uma reunião da Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado no último mês de abril. Na ocasião, a comissão recebia o ministro da Justiça, Flávio Dino, e Zambelli teria proferido xingamentos contra o deputado do PSB.
O parlamentar acusa Zambelli de tê-lo ofendido com a frase “vai tomar no c*”. As notas taquigráficas da audiência apontam que a deputada usou “expressão atentatória ao decoro parlamentar” durante a reunião.
Durante a sessão do Conselho de Ética, a deputada negou o acontecido. “Naquele dia a audiência estava muito barulhenta, existe um vídeo em que aparece eu fazendo assim pra trás e falando realmente a palavra, que eu não vou repetir aqui. Só que eu não mandei a pessoa para aquele lugar”, disse Zambelli.
Segundo a parlamentar, ela estava sendo chamada de prostituta e pistoleira por três deputados durante aquela reunião – um deles seria Duarte.
“Como ele já tinha me xingado várias vezes e eu não sou uma pessoa de ficar entrando contra na Comissão de Ética […] realmente eu virei para trás, estava aqui assim e falei ‘agora só falta ele me mandar tomar’ e falei ‘naquele lugar'”, falou a deputada.
O relator, João Leão, decidiu por admitir a denúncia. “Vamos discutir isso no Conselho de Ética para que os ânimos nessa casa diminuam”, disse Leão.
Alvo da PF
Na manhã desta quarta-feira (2), a Polícia Federal (PF) cumpriu mandados de busca e apreensão em endereços ligados à deputada federal Carla Zambelli (PL-SP). A operação tem como objetivo apurar invasões no sistema informatizado do Poder Judiciário.
A PF também prendeu o hacker Walter Delgatti, que ficou conhecido pelo acesso de mensagens da Operação Lava Jato.
Os crimes investigados pela PF ocorreram entre os dias 4 e 6 de janeiro de 2023, quando teriam sido inseridos no sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e, possivelmente, de outros tribunais pelo país, 11 alvarás de soltura de indivíduos presos por motivos diversos, além de um mandado de prisão falso contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
De acordo com a PF, as inserções fraudulentas ocorreram após invasão criminosa aos sistemas em questão, com a utilização de credenciais falsas obtidas de forma ilícita, conduta mediante a qual o(s) criminoso(s) passaram a ter controle remoto dos sistemas.