Em depoimento, Mandetta afirma que governo não quis liderança técnica na Saúde
Ex-ministro disse também que não teve a opção de fazer investimentos em imunizantes nacionais
Durante depoimento na CPI da Pandemia nesta terça-feira (4), o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta disse que desistiu de tentar se reeleger como deputado e aceitou chefiar a pasta desde que pudesse trabalhar com embasamento técnico.
No entanto, segundo Mandetta, quando os trabalhos técnicos foram necessários, o governo federal desistiu de aplicá-los.
“O problema foi que, na hora que veio a necessidade do trabalho técnico, aí, naquele momento, não queriam mais o trabalho técnico. Aí é que está o equívoco. Eu não consigo entender. Chamou um ministro e disse a ele: ‘seja um ministro técnico, tenha uma equipe técnica’. Eu me assessorei com o que nós temos de melhor, se não são os melhores, são aqueles que mais tempo estão expostos a decisões duras em saúde”, ressaltou.
Questionado pelo líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho, sobre o não financiamento de uma vacina brasileira, Mandetta afirmou que não teve a opção de fazer investimentos em imunizantes nacionais. Segundo o ex-ministro, havia conceitos e ideias, mas faltou parceria internacional.
Ainda conforme o médico, seria “impensável” que o Brasil fosse comandado por um médico ou por um padre durante uma invasão militar.
“Acho impensável um presidente de Banco Central ou ministro da Economia que não seja economista ou formado naquela área. Acho que isso foi um erro que a gente pagou. Agora, parece que pelo menos tem alguém ali com linguajar… não tem muita experiência. Foi muito duro, foi virar muito as costas para tudo aquilo que as pessoas ficaram 10, 20, 30, 40, 50 anos estudando para não serem sequer ouvidas”, ressaltou.
Embora tenha criticado a nomeação de pessoas que não tem formação na área de saúde para chefiar a pasta, Mandetta elogiou a gestão de José Serra à frente do ministério. “Foi o ministro que mais impactou na história do Ministério da Saúde contemporâneo”.