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    Em depoimento, deputado diz que delegado da PF queria prender Ricardo Barros

    Um dos delegados responsáveis pela operação desta terça-feira, José Versiani, foi citado pelo deputado federal Luís Miranda (DEM-DF) quando ele depôs à Polícia Federal sobre o caso Covaxin

    Caio Junqueira

    A Polícia Federal realizou, nesta terça-feira (21), a Operação Pés de Barro, que investiga suspeitas de fraudes na aquisição de medicamentos de alto custo pelo Ministério da Saúde entre os anos de 2016 e 2018. O líder do governo Jair Bolsonaro na Câmara dos Deputados, Ricardo Barros (PP-PR), era ministro da pasta em boa parte do período investigado.

    Um dos delegados responsáveis pela operação desta terça-feira, José Versiani, foi citado pelo deputado federal Luís Miranda (DEM-DF) quando ele depôs à Polícia Federal sobre o caso Covaxin. O deputado relatou uma suposta conversa que seu irmão teve com o delegado. Versiani teria dito que iria prender todo mundo ligado ao caso, inclusive o ex-ministro.

    No depoimento, Luis Miranda cita a Global, a empresa investigada e que foi sucedida pela Precisa Medicamentos.

    “Ele (irmão do deputado) me fala que o delegado já tinha conhecimento da Global. Inclusive eu fiz um comentário assim: ‘Mas nunca dá nada dessas coisas, né?’. Um desabafo que eu faço para ele. Ele fala assim: ‘Não, delegado falou que vai pegar todo mundo, vai prender todo mundo’”, disse Miranda.

    “E ele tá falando com a Global, com Ricardo Barros e com todos envolvidos. Que o processo tava bem adiantado, que ele desta vez ele ia pegar e que é exatamente essa empresa. Então, você imagina, seu irmão faz o comentário que o delegado da Polícia Federal tem conhecimento que os crimes realmente existem e que a qualquer momento vão prender essas pessoas e você deixou uma compra de 1,6 bilhão acontecer sem avisar ninguém”, complementou.

    Minutos depois o deputado cita o delegado responsável pela operação desta terça-feira.

    “Delegado, pelo que ele me fala, disse que iria tomar as devidas providências. Esse mesmo delegado faz alguns desabafos para ele com certa constância. Quando ele deu depoimento na CPI, falou: ‘parabéns, é isso mesmo, nós vamos agir, nós sabemos de tudo’. Dá a entender até que ele já sabia, de que a gente foi ao presidente. Ele faz elogios ao depoimento do meu irmão na CPI, confirmando que tinha convicção daquilo tudo também.”

    Mandados de busca e apreensão

    Nesta terça-feira, 61 policiais federais cumpriram 15 mandados de busca e apreensão nos estados de Alagoas, Minas Gerais, Pernambuco, São Paulo e em Brasília. A investigação trata de uma relação de cinco medicamentos que o governo federal foi obrigado a adquirir por decisões judiciais.

    Segundo informações da PF, há indícios de fraude na compra desses remédios pela Diretoria de Logística, com pagamentos antecipados irregulares, favorecimento de empresas específicas e atrasos que agravaram a saúde dos pacientes, que teriam gerado um prejuízo de mais de R$ 20 milhões. Segundo as investigações, 14 pacientes teriam morrido em razão da demora.

    Em nota, Ricardo Barros afirmou que não se comprovará qualquer irregularidade na conduta dele.

    “As compras foram feitas dentro das normas legais, sob decisões judiciais favoráveis e provocaram mudança na posição da Anvisa, que deixou de exigir licença de importação para medicamentos judicializados. Não há relação das mortes com a entrega de medicamentos. Não houve irregularidade. Economizamos R$ 5 bilhões com a renegociação de contratos, compras de medicamentos e insumos. Os valores foram reinvestidos no SUS. Processos que afrontaram grandes interesses, mas promoveram mais serviços à população.”

    Procurada pela CNN, a assessoria de imprensa da Polícia Federal não se manifestou.

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