Em depoimento ao STF, Cid nega ter sido coagido em delação
Oficial afirmou que gostaria de manter o acordo de delação premiada firmado com a Justiça
O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), negou que tenha sido coagido por policiais durante o depoimento de sua colaboração premiada.
Ele também confirmou o que havia dito anteriormente. As declarações aconteceram durante seu depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta sexta-feira (22).
Cid foi convocado para prestar esclarecimento um dia após a revista Veja revelar áudios em que o ex-ajudante de ordens afirma ter sido pressionado por agentes da investigação a relatar fatos que não aconteceram. Chegou a dizer que Moraes já tinha a sentença pronta.
Durante o depoimento, Cid optou por uma postura mais cautelosa em relação ao tom adotado nos áudios. Ele admitiu a autoria dos áudios, mas argumentou que teria sido um desabafo e que estava em um “momento ruim” quando decidiu enviar as mensagens.
Na oitiva, Cid também afirmou que deseja manter sua delação premiada nas mesmas regras em que ela foi acordada.
Questionado durante o interrogatório sobre ter dito que a “sentença estava pronta”, Cid informou ter sido um momento em que queria “chutar a porta” e acabou falando besteira. “Todo mundo acaba dizendo coisas que não eram para serem ditas”, disse o ex-ajudante de ordens.
O tenente-coronel também afirmou não se lembrar para quem enviou os áudios e que está recluso e praticamente não tem vida social. Ele afirmou que não acredita que alguém do seu núcleo familiar tenha vazado o áudio. Explicou que a conversa, provavelmente, aconteceu por telefone e não se recorda da data.
O militar declarou que se assustou com as penas aplicadas aos acusados de terem realizado os ataques às sedes dos Três Poderes no dia 8 de janeiro, em Brasília, se disse preocupado com o futuro e que toda sua família está sofrendo.
O depoimento do oficial foi divulgado por determinação do ministro do STF, Alexandre de Moraes, que tomou a decisão “diante da necessidade de afastar qualquer dúvida sobre a legalidade, espontaneidade e voluntariedade da colaboração de Mauro Cid”.