Na Cúpula do Mercosul, Bolsonaro diz que bloco avançou em temas relevantes
'Em 2020, o sucesso do Mercosul não pode ser medido pela quantidade de normas e acordos concluídos', afirmou ele
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse nesta quarta-feira (16), durante um discurso na Cúpula de Chefes de Estado do Mercosul e Estados Associados, que 2020 foi um “ano totalmente atípico” em razão da crise global causada pela pandemia da Covid-19.
“Em 2020, o sucesso do Mercosul não pode ser medido pela quantidade de normas e acordos concluídos, mas pela resiliência e perseverança do bloco e de nossos governos de salvar vidas e proteger nossas economias”, afirmou ele.
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“O Mercosul se manteve ativo. Conseguimos avançar em temas relevantes, como as negociações de acordos comerciais, a revisão da tarifa externa comum, a adequação do setor automotivo e açucareiro à união aduaneira, as tratativas em comércio eletrônico e anticorrupção, além dos esforços para modernizar e deixar o bloco mais enxuto”, declarou Bolsonaro.
Ele abriu o discurso parabenizando o presidente do Uruguai, Luis Lacalle Pou, pela “coordenação dos trabalhos do Mercosul durante este semestre, tarefa desafiadora que cumpriu com bastante habilidade e êxito”.
Bolsonaro também parabenizou a presidência uruguaia pela conclusão do acordo do comércio eletrônico do Mercosul, e disse que esta é uma demonstração de que o bloco pode funcionar com agilidade para atender aos interesses das sociedades.
“Ressalto que as diferenças entre nossos governos, na condução da agenda econômica e comercial, não levaram a impasses que poderiam colocar em risco o andamento de nossa agenda comum. A busca pelo consenso no Mercosul não significou inércia ou estagnação”, disse o presidente brasileiro, ressaltando que os países do bloco agiram com flexibilidade e pragmatismo “para que os pontos de convergência prevalecessem sobre as nossas diferenças”.
Ele afirmou ainda que a capacidade de adaptação do bloco é fundamental para manter a relevância. “Além de promover a integração regional, o Mercosul é um instrumento crucial para alcançarmos o crescimento econômico sustentável, aprofundarmos a inserção internacional de nossas economias e melhorarmos a qualidade de vida de nossos povos.”
Covid-19
Com relação à pandemia do novo coronavírus, Bolsonaro disse que o bloco permitiu que cada país adotasse as medidas comerciais necessárias para ampliar o acesso a insumos médicos, e autorizou a transferência de recursos do Fundo de Desenvolvimento do Mercosul para a compra de equipamentos de saúde e aperfeiçoamento de testes para diagnosticar a doença.
“Ao lado de parceiros do bloco, o Brasil foi capaz de encontrar soluções para facilitar a vida das populações fronteiriças”, declarou ele.
Bolsonaro disse estar preocupado em relação ao setor comercial “com o ressurgimento de entraves pontuais entre os estados partes”. “Devemos deixar de lado essas discordâncias que pertencem a um passado já superado.”
Ele destacou também que a democracia está na essência do bloco. “Precisamos reforçar ainda mais a natureza democrática do Mercosul e atuar de forma proativa em favor da liberdade em nossa região.”
30 anos do bloco
Por fim, Bolsonaro lembrou que o bloco completará 30 anos em 2021 e disse que será o momento de reunir esforços para concretizar promessas feitas e promover uma integração regional cada vez maior, além de renovar o compromisso com a agenda de modernização.
“Contem com a nossa disposição para mantermos o alto nível de diálogo regional e com o nosso firme empenho para tornar o Mercosul um instrumento cada vez mais relevante para a prosperidade de nossos países e o bem-estar de nossas populações”, afirmou ele ao fim do discurso.
Na última reunião da Cúpula do Mercosul, Bolsonaro teve de dar explicações sobre o aumento das queimadas no Brasil em 2020 – assunto não mencionado no discurso desta quarta-feira. Na ocasião, ele disse que o governo trabalha para “desfazer opiniões distorcidas” sobre a política ambiental. O Brasil foi alvo de críticas de diversos países por causa do aumento nas queimadas na Amazônia e no Pantanal.
O Mercosul é formado por Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai. A Venezuela também fazia parte do bloco, mas teve a participação suspensa em 2017 por ruptura da ordem democrática.