Prime Time

seg - sex

Apresentação

Ao vivo

A seguir

    Em CPI no DF, Mauro Cid diz que “recebimento de presentes” estava entre suas atribuições

    Declaração foi dada em fala aos deputados distritais da CPI dos Atos Antidemocráticos, na Câmara Legislativa do Distrito Federal (DF)

    Da CNN

    O tenente-coronel Mauro Cid disse, nesta quarta-feira (24), que o “recebimento de presentes” dados ao presidente da República estava entre suas atribuições enquanto ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL).

    A declaração foi dada em depoimento na CPI dos Atos Antidemocráticos, na Câmara Legislativa do Distrito Federal (DF). Fardado, Cid permaneceu em silêncio ao ser questionado pelos membros da comissão.

    Antes da exercer seu direito de permanecer em silêncio, Cid fez uma fala de cerca de quatro minutos, na qual alegou que sua função era “exclusivamente de natureza militar”.

    Ao detalhar suas atribuições legais, o tenente-coronel destacou que era sua competência “receber as correspondências e os objetos entregues ao presidente da República em cerimônias e viagens e encaminhá-los aos setores competentes”.

    Cid é um dos investigados pela Polícia Federal (PF) no caso das joias. 

    “Na prática, a função dos ajudantes de ordem consistia basicamente em um serviço de secretariado executivo do ex-presidente”, acrescentou, citando “recebimento e entrega de presentes” como uma das tarefas realizadas.

    O ex-ajudante de ordens também afirmou que, “no dia a dia das reuniões e agendas realizadas pelo ex-presidente, nós recepcionávamos os participantes e os direcionávamos ao local desejado, ficando ao lado de fora das salas de reunião, sempre a disposição, caso o mandatário necessitasse de algo”.

    “Da mesma forma, exatamente pela discrição inerente a função, não questionávamos o que era tratado nas respectivas agendas e reuniões”, completou.

    Cid foi acusado de participar de uma reunião com Bolsonaro e o hacker Walter Delgatti Neto sobre urnas eletrônicas. 

    “Em respeito ao Congresso Nacional e seguindo na mesma linha adotada naquela Comissão Parlamentar Mista de Inquérito e sem qualquer intenção de desrespeitar a Vossa Excelência e os trabalhos conduzidos pela CPI, considerando a minha inequívoca condição de investigado e por orientação da minha defesa técnica, farei uso em toda a comissão do meu direito constitucional ao silêncio”, concluiu o tenente-coronel à Câmara do DF.

    A sessão que recebeu Cid aconteceu ao mesmo tempo em que, no Congresso, os parlamentares da CPMI do 8 de Janeiro ouviram outro ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o sargento Luis Marcos dos Reis.

    Veja também: Mauro Cid pode perder patente, dizem fontes do Exército

    A convocação de Mauro Cid à Câmara do DF tinha como objetivo a prestação de esclarecimentos sobre os atos criminosos de 8 de janeiro contra as sedes dos Três Poderes e os tumultos e tentativa de invasão à sede da PF em Brasília, em 12 de dezembro.

    Mauro Cid, assim como fez em 11 de julho na CPMI do 8 de janeiro, compareceu à sessão trajado com sua farda militar.

    Segundo apuração do analista da CNN Gustavo Uribe, a presença dele fardado foi criticada nos bastidores por generais da ativa e da reserva.

    O Ministério Público Militar (MPM) chegou a cobrar explicações do Comando do Exército para a razão de Cid ter usado farda. O Centro de Comunicação Social do Exército tinha informado que Cid foi orientado a usar farda “pelo entendimento de que o militar da ativa foi convocado para tratar de temas referentes à função para a qual fora designado pela Força”.

    Após a cobrança do MPM, o setor jurídico do Exército enviou ofício no qual alegou que não houve “orientação formal”. O MPM decidiu arquivar a representação.

    Publicado por Léo Lopes, da CNN