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    Ala pró-Tabata no PSDB diz que partido foi “esquecido” por Nunes em meio ao bolsonarismo

    Ex-secretários de Covas defendem endosso tucano à pré-candidatura da deputada para a Prefeitura de São Paulo

    Henrique Sales Barrosda CNN , São Paulo

    A ala do PSDB de São Paulo que defende o apoio do partido a Tabata Amaral (PSB), pré-candidata à Prefeitura de São Paulo, vê semelhanças ideológicas entre a deputada federal e o ex-prefeito tucano Bruno Covas, mas também enxerga pontos pragmáticos positivos em um endosso à empreitada da parlamentar.

    Para esse grupo, Tabata, um nome mais de centro, tem “mais” de Covas do que o prefeito Ricardo Nunes (MDB) – que assumiu o poder com a morte do tucano, em 2021, e é criticado por ter se aproximado do bolsonarismo.

    Mas não só: esses tucanos acreditam que, compondo com a deputada do PSB, o PSDB também teria mais espaço em articulações.

    Na avaliação do grupo, há com Ricardo Nunes uma força política que ofusca os tucanos: o bolsonarismo. O prefeito tem buscado acertar com um vice que tenha a benção do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para sua chapa na tentativa de reeleição; já com Tabata, o PSDB seria uma força política coligada com mais relevância.

    “Qual o espaço do PSDB [em uma chapa com Nunes]? Seríamos esquecidos e ofuscados pelo bolsonarismo”, diz Orlando Faria, ex-secretário de Covas na prefeitura – ele chefiou as pastas de Turismo, Habitação e a Casa Civil na gestão do tucano e de Nunes.

    Agora atuando na coordenação política da pré-campanha de Tabata, Faria presidiu interinamente o diretório municipal do PSDB em São Paulo entre outubro de 2023 e janeiro deste ano, quando deixou o posto alegando razões profissionais, pouco antes de se juntar à empreitada da deputada.

    É ele quem puxa o carro de ex-secretários que fecharam endosso a Tabata. Junto a ele, vieram também:

    • Luiz Alvaro, ex-secretário de Relações Internacionais – também filiado ao PSDB;
    • e Vivian Satiro, ex-secretária executiva de Planejamento e Entregas Prioritárias – que não faz parte dos quadros tucanos.

    Há expectativa pela chegada de mais nomes do que era o gabinete de Covas.

    Para Luiz Alvaro, que trabalha na elaboração do plano de governo de Tabata junto a Vivian Satiro, seria “natural” tanto um rompimento de Nunes com os tucanos, tendo em vista a crescente do poderio bolsonarista na política e a perda de espaço do PSDB, como o inverso, já que o partido ainda conserva um peso histórico na política paulistana – e busca resgatá-lo como uma força presente. “Nós temos que buscar novos aliados”, defende.

    Crise no PSDB

    O PSDB está envolto em discordâncias internas sobre as eleições de 2024 na capital paulista. De um lado, os vereadores da legenda querem seguir apoiando o prefeito. Já a Executiva Nacional – que ganha rosto com as figuras do presidente nacional da legenda, Marconi Perillo, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, e o deputado federal Aécio Neves (MG) – defende uma candidatura própria na cidade.

    O desejo da Executiva Nacional por se buscar um candidato próprio não só em São Paulo, mas em todas as grandes cidades, visa resgatar o peso político da sigla por meio da afirmação de nomes e propostas tucanas nas eleições. Para além das eleições de 2024, o objetivo seria chegar mais forte no pleito de 2026.

    Em reuniões, diversos nomes já foram ventilados para uma candidatura própria da legenda, como:

    • Andrea Matarazzo – atualmente no PSD, deixou o PSDB em 2016, após mais de duas décadas no partido, em meio a divergência com João Doria, candidato naquele ano;
    • Os ex-deputados federais José Aníbal e Ricardo Tripoli;
    • E o atual secretário de Assistência e Desenvolvimento Social de Nunes, Carlos Bezerra Júnior.

    As conversas nunca chegaram a uma convergência por um nome.

    Insatisfeitos com as incertezas no partido – fragmentado, com diretório municipal sob comandos interinos desde o último trimestre do ano passado e reticente sobre seguir com Nunes –, boa parte dos vereadores tucanos deve aproveitar a janela partidária, que se abre em 7 de março e vai até 5 de abril, para migrar de legenda.

    O PSDB conta com uma das duas maiores bancadas partidárias da Câmara Municipal de São Paulo, com oito vereadores – mesmo número da do PT. A maioria deles deve sair para partidos da base de Nunes.

    Um dos vice-presidentes da Casa e líder do PSDB no Legislativo até assumir o posto na Mesa Diretora, João Jorge já anunciou que vai deixar a sigla. “Meu destino partidário para disputar a reeleição como vereador da cidade de São Paulo será conhecido depois de conversar com o prefeito Ricardo Nunes, a quem apoiarei em sua campanha”, disse o vereador em nota nas redes sociais.

    Ainda que represente a saída de parlamentares, a debandada de vereadores fieis a Nunes é vista com otimismo pela ala tucana pró-Tabata, que vê com isso um caminho aberto para o diretório municipal do PSDB em São Paulo se juntar à pré-candidatura da deputada.

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