É importante ter liberdade, diz presidente do DEM sobre saída do Centrão
Segundo ACM Neto, desde o início do mandato do presidente Bolsonaro, a legenda fez questão de afirmar que tem uma posição de "independência"
O presidente do Democratas (DEM) e prefeito de Salvador, ACM Neto, falou em entrevista à CNN nesta segunda-feira (27) que a saída da legenda do bloco do Centrão tem a ver com questões regimentais da Câmara, e que o deputado Efraim Filho (DEM-PB), líder do DEM na Casa, terá mais facilidade de utilizar os instrumentos regimentais atuando sozinho. Para ele, ter “liberdade no Parlamento” é muito importante. O MDB também decidiu sair do bloco partidário.
Como exemplo, o prefeito de Salvador explicou que, ao apresentar um requerimento de urgência de votação, era preciso submetê-lo à liderança do bloco. Agora, disse ele, o DEM terá liberdade para fazê-lo.
ACM Neto, porém, voltou a dizer que o partido “não se inclui no Centrão”.
“Nada contra o partido A, B ou C. No entanto, nós não fazemos parte desse bloco. E o fato da liderança na Câmara decidir sair formalmente, eu acho que fortalece esse nosso enunciado de que o Democratas não compõe o centrão”.
O prefeito apontou ainda uma diferença entre o DEM e outros partidos que integram o Centrão. Segundo ele, desde o início do governo Bolsonaro, a sigla fez questão de afirmar que tem uma posição de independência.
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“Nós não compomos a base do governo formalmente e também não somos oposição. O Democratas esteve ao lado das agendas mais importantes do país, sobretudo no campo econômico”, disse. “No entanto, existem alguns parlamentares nesse bloco que atuam efetivamente como base, o que não é o nosso caso”.
O DEM tem dois ministros no governo Bolsonaro: Onyx Lorenzoni (Cidadania) e Tereza Cristina (Agricultura). O ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta também é filiado ao partido.
Presidência da Câmara
ACM Neto afirmou que não pensa na eleição para a presidência da Câmara dos Deputados, no começo do ano que vem, e falou que a pauta do DEM nos últimos meses foi inteiramente dedicada ao combate à pandemia do novo coronavírus.
Daqui a alguns dias, segundo ele, principalmente depois das convenções partidárias, o partido vai se dedicar às eleições municipais. Aí sim, depois do segundo turno, irá começar a pensar na sucessão da Câmara e do Senado.
Reforma tributária
Ao comentar a primeira parte da proposta do governo federal para a reforma tributária, ACM Neto avaliou que o caminho não é implementar novos impostos. E sobre a possível criação de uma “nova CPMF”, ele disse que já havia se adiantado que o DEM seria contrário.
“Talvez analisar uma tributação sobre os dividendos pode ser possível, principalmente porque agora é preciso, antes de pensar nos sócios das empresas, salvar a própria empresa”, falou.
Portanto, a priori, de acordo com ACM Neto, o DEM não vê com simpatia a criação de novos impostos, e esta é uma medida que dificilmente terá apoio do partido no Congresso.
(Edição: Bernardo Barbosa)