Doria critica mudança em divulgação de dados da Covid-19: ‘Erraram na mosca’
Governador de São Paulo lembrou que informações podem ser consolidadas pelo Conselho Nacional de Secretários de Saúde


Para o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), a mudança na divulgação dos dados sobre a Covid-19 no Brasil é inútil. Em entrevista à CNN nesta segunda-feira (8), ele lembrou que quem abastece o sistema do Ministério da Saúde são as secretarias estaduais, que podem consolidar os dados e oferecê-los à população.
“Faltou um pouco de raciocínio, de discernimento e de responsabilidade do governo federal”, classificou. “A mídia internacional já se posicionou, inclusive a Organização Mundial da Saúde. O erro é de 100%, erraram na mosca”.
Na última sexta-feira (5), a pasta retirou do ar a plataforma que informava a evolução de casos e mortes pela doença causada pelo novo coronavírus no país. Ao retornar, o site trazia apenas a informação sobre pacientes recuperados e os novos casos e vítimas — todas as demais informações da série histórica desde o início da pandemia não estão disponíveis.
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Doria também respondeu ao comentário do presidente, que publicou em seu perfil do Twitter nesta manhã que a responsabilidade do combate à pandemia é de governadores e prefeitos. “[Bolsonaro] não vai lançar aos governadores uma responsabilidade que é dele”, disse. “Obviamente os governadores que estão seguindo a linha correta, promovento isolamento social em maior ou menor grau em todos os estados. O presidente da República faz o oposto, desrespeita as orientações, o isolamento e até o uso básico de uma máscara quando sai de sua residência ou do Planalto”.
O governador paulista também disse que o conflito entre os poderes se deve a um erro do presidente, que confere, segundo ele, um caráter “ideológico” às ações contra a Covid-19. “A política não é importante nesse momento, importante é a saúde e ciência para proteger a vida e orientar os brasileiros”, afirmou.
Carlos Wizard
Doria também rebateu a declaração do empresário Carlos Wizard, que havia afirmado que estados e municípios estariam inflando dados estatísticos para conseguir mais recursos — após polêmica, ele deixou o Ministério da Saúde. “É um grande equívoco do Carlos, ele aceitou um convite que não deveria aceitar”, afirmou. “Espero que mantenha o que tem feito bem ao longo de sua existência, deve ficar longe do governo Bolsonaro e cuidar de suas empresas, sua família, o que faz muito bem”.
Flexibilização da quarentena em SP
O governador disse que irá detalhar a nova etapa da quarentena no estado, válida a partir de 15 de junho, em uma entrevista coletiva nesta quarta-feira (10). “Essa antecedência é para dar previsibilidade e orientar as pessoas, prefeitos, empresários e a opinião pública dos procedimentos que São Paulo vem adotando”, disse, afimando que o estado tem sido transparente em todas as medidas relativas ao combate da pandemia.
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Doria declarou ainda que São Paulo não tem e nem terá um colapso da saúde pública. Ele disse que a ocupação de leitos de UTI caiu para 67,5% em todo o estado, número bastante inferior ao registrado há dez dias. “Baixamos [a ocupação dos leitos] porque equipamos os hospitais e estamos chegando a um platô de infecções e óbitos”.
No entanto, disse que qualquer medida de flexibilização será orientada pelo Centro de Contingência à Covid-19 no estado, composto por 18 cientistas. “Quem determina o que vamos fazer é saúde e ciência, não a política e muito menos a pressão”.