Documentos comprovam entrega de R$ 10,8 mi a Paes para usar em campanha, diz MP
Segundo investigação, além de depoimento de delatores, há "provas obtidas de fontes independentes" que corroboram o recebimento do dinheiro
Ao denunciar o ex-prefeito do Rio Eduardo Paes (DEM) por corrupção, o Ministério Público do Rio lista como provas anotações e guias de transportes usadas pela empresa apontada como responsável por levar R$ 10,8 milhões para o político usar em sua campanha à reeleição, em 2012.
A informação está na denúncia movida pelo MP contra Paes, o deputado federal e ex-chefe da Casa Civil da prefeitura do Rio Pedro Paulo, os ex-executivos da Odebrecht Leandro Andrade e Benedicto Júnior e os marqueteiros Renato Pereira e Eduardo Vilella.
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De acordo com o MP, para além dos testemunhos de delatores, que relatam o repasse de R$ 10,8 milhões a Eduardo Paes em dinheiro vivo entre junho e setembro de 2012, há “provas obtidas de fontes independentes” que corroboram o recebimento do dinheiro. O dinheiro viria da construtora Odebrecht para custear a campanha de Paes a reeleição, em troca de favorecimento para empresa em obras na cidade.
A quantia, em dinheiro vivo e obtida junto a doleiros, era levada pela empresa Trans-Expert, transportadora de valores que já aparecera em outras fases da Operação Lava Jato. A principal prova usada pelos promotores do Rio para denunciar Eduardo Paes são 18 guias de transportes de valores da empresa Trans-Expert, quando foram entregues quantias em espécie em endereços ligados a Renato Pereira e Eduardo Vilella, marqueteiros de campanha de Eduardo Paes.
Os repasses ocorreram entre junho e setembro de 2012 e variaram de R$ 50 mil a R$ 300 mil. O material foi obtido em uma etapa da Lava Jato em 2018 e compartilhado com os promotores do Rio.
O MP também ouviu cinco ex-funcionários da Trans-Expert que relataram ter entregue dinheiro vivo na sede da Prole, empresa dos marqueteiros de Paes, na Urca, Zona Sul do Rio. As testemunhas disseram ter estado no local em diversas ocasiões- algumas chegaram a identificar Pereira e Vilella como recebedor dos repasses. Na denúncia apresentada pelo MP do Rio, há trechos da delação premiada do ex-marqueteiro de Eduardo Paes, na qual ele admite que os R$ 10,8 milhões eram para custear a campanha eleitoral de 2012.
O deputado federal Pedro Paulo, à época coordenador da campanha, seria o responsável por operar e gerenciar o esquema criminoso.
Em nota, Paes se disse “indignado”por ter sido alvo de uma ação de busca e apreensão às vésperas do processo eleitoral. “Às vésperas das eleições para a Prefeitura do Rio, Eduardo Paes está indignado que tenha sido alvo de uma ação de busca e apreensão numa tentativa clara de interferência do processo eleitoral – da mesma forma que ocorreu em 2018 nas eleições para o governo do estado”, diz o texto. ” A defesa sequer teve acesso aos termos da denúncia e assim que tiver detalhes do processo irá se pronunciar.”
Já Pedro Paulo informou que ter ao acesso o conteúdo da denúncia, farei a minha defesa no processo.” A defesa de Benedicto Barbosa informou que se manifestará apenas no processo. Os outros denunciados não responderam.