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    Documento citado por Bolsonaro sobre mortos por Covid foi alterado, diz auditor

    Auditor do TCU Alexandre Marques, que deu origem a documento compartilhado por Bolsonaro, diz que peça foi alterada

    Da CNN, em São Paulo

    Um estudo do Tribunal de Contas da União (TCU) que mostrava que gestores da Saúde teriam inflado o número de mortes por Covid-19 divulgado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) durante uma live. 

    A informação é do analista da CNN Caio Junqueira, que  apurou que o auditor do TCU Alexandre Marques, que deu origem a esse documento, afirmou em depoimento que o material foi alterado. 

    Em um primeiro trecho divulgado, o auditor confirma que produziu o documento e passou para o pai, que repassou para o presidente Jair Bolsonaro. Ele explicou que o documento foi feito a partir de informações da internet para gerar uma discussão interna no TCU. 

    “No dia 31 de maio, foi quando eu redigi esse arquivo de duas páginas em Word, como um rascunho, para provocar um debate junto à equipe de auditoria. Eu peguei informações públicas, da internet. A minha preocupação era com a qualidade dos dados da Saúde”. 

    Ele afirma, também, que não teve nenhuma intenção de encaminhar o texto para o pai dele e que alertou que o estudo não teve respaldo do Tribunal de Contas da União. 

    “No final de semana, estava conversando com meu pai e apresentei para ele esse compilado de informações que eu tinha reunido da internet. Mostrei o arquivo para ele em uma conversa íntima, no WhatsApp, e em nenhum momento imaginei que ele fosse encaminhar para outra pessoa. Na segunda-feira, por volta do horário do almoço, foi quando eu tomei conhecimento da fala do presidente. Eu fiquei atônito. Depois, meu pai veio explicar que ele encaminhou aquele artigo em Word para o presidente Bolsonaro, que então fez aquela fala”. 

     Em outro momento, o auditor afirma que o documento foi alterado depois de repassado ao pai dele. Segundo a afirmação, ele e o pai passaram o documento sem qualquer alteração. 

    “O documento foi alterado depois que eu passei para o meu pai. No meu arquivo, não tinha qualquer menção o Tribunal de Contas da União. Não tinha cabeçalho e nem identidade visual, data, assinatura ou trechos com marca-texto. Ou seja, depois que saiu da esfera privada, o documento pode ter sido alterado por estar em um arquivo do Word”. 

    Por fim, o auditor diz ter ficado indignado com o uso que o presidente Bolsonaro fez do documento.

    “Quando eu tomei conhecimento daquele discurso totalmente irresponsável do presidente, eu me mostrei indignado. Eu fiquei muito indignado e falei com meu pai. Em nenhum momento eu falei para ele que era um documento do Tribunal. Deixei bem claro que eu tinha escrito que só queria mostrar para ele”. 

    O presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), deixa o hospital em SP
    O presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), deixa o hospital Vila Nova Star, na zona sul de São Paulo
    Foto: Aloisio Mauricio/FotoArena/Estadão Conteúdo

    (Publicado por Marina Motomura)