Documento apreendido com Torres reforça que atos de 8 de janeiro não foram isolados, diz Dino
Ministro da Justiça e Segurança Pública reforçou que atos do último domingo fazem parte de uma corrente golpista
Para o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, a minuta que foi encontrada na casa do seu antecessor, Anderson Torres, é espantosa e reforça que os atos criminosos que aconteceram no dia 8 de janeiro na sede dos Três Poderes, em Brasília, não foram isolados.
A fala foi dita durante entrevista exclusiva à CNN nesta quinta-feira (12).
“É espantoso e gera indignação [a minuta]. Decreto menciona um golpe de Estado, o que enfatiza que o que vimos no dia 8 de janeiro não foi algo isolado, foi um elemento de uma cadeia, um elo de uma corrente golpista.”
A Polícia Federal (PF) encontrou, durante busca e apreensão na casa do ex-ministro da Justiça Anderson Torres, uma proposta de decreto para que o Jair Bolsonaro (PL) instaurasse estado de defesa no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) enquanto ainda era presidente da República. Dino enfatizou que, se recebesse uma minuta parecida, mandaria prender quem entregasse.
“Se um dia alguém me entregar um documento dessa natureza, na condição de ministro da Justiça, será preso em flagrante, por que se cuida de uma ideia criminosa contra o Estado Democrático de Direito”.
O ministro reforçou que houve colaboração de agentes públicos na realização dos atos, que culminaram com a depredação da sede dos Três Poderes.
“Politização produziu resultados negativos no domingo. Haviam agentes públicos que estavam concordando com aquilo. Houve problema coletivo de comando e havia também uma certa adesão silenciosa de alguns.”
Em meio ao episódio, Flávio Dino disse que está em estudo uma revisão na segurança do Distrito Federal, e enfatizou a colaboração dos estados e governadores durante os ataques.
“Os estados, de um modo geral tivemos uma grande colaboração, desde antes do dia 8, se comprometeram com a manutenção da ordem pública. Em relação ao DF, nós estamos estudando uma revisão, uma vez que o DF não é um estado, é um ente híbrido que sedia os Três Poderes, que não podem ficar reféns aos problemas da política local”.
“Há várias ideias sobre a mesa que irei apresentar ao presidente Lula. Todos os três poderes foram atingidos. O aparato de segurança pública do DF dizia que estava tudo bem. Então os três poderes estão se sentindo reféns da política local, o que é ameaçador”.