Deputados do PSOL discutem no Twitter sobre adesão apenas formal a Baleia
A proposta, antecipada na quinta (21) pela CNN, não implicaria no abandono da candidatura de Luiza Erundina (PSOL-SP) ao cargo
A possibilidade de o PSOL aderir formalmente ao bloco de apoio de Baleia Rossi (MDB-SP) na disputa pela presidência da Câmara dos Deputados gerou uma discussão pública entre parlamentares do partido.
A proposta, antecipada na quinta (21) pela CNN, não implicaria no abandono da candidatura de Luiza Erundina (PSOL-SP) ao cargo e teria o objetivo de garantir espaço para a oposição na mesa diretora e presidências de comissões.
No Twitter, Erundina afirmou ser lamentável “que o PSOL negocie suas convicções e compromissos políticos históricos ao aderir ao fisiologismo e à barganha por cargos na Mesa da Câmara”. Segundo ela, essa é “uma prática dos partidos de direita” com a qual ela não compactua.
Também pela rede social, sua colega de bancada Fernanda Melchionna (PSOL-RS) reagiu. Disse que lamentável era o post de Erundina. Para ela, foi muito feio que a parlamentar atacasse os que não concordaram com o lançamento de candidatura própria do partido.
A deputada lembrou que o fato de Erundina ter, nos anos 1990, rompido com o PT para compor o ministério do presidente Itamar Franco “não autoriza ninguém a lhe acusar de fazer a política baseada em busca de cargos”.
A apresentação de candidatura própria à presidência da Câmara dividiu a bancada do Psol – dos dez deputados, cinco foram a favor; a outra metade defendeu o apoio a Baleia Rossi. A decisão de lançar Erundina acabou sendo tomada pela direção nacional do partido.
Também pelo twitter, os deputados do Psol Ivan Valente (SP), Glauber Braga (RJ), Áurea Carolina (MG) e Talíria Petrone apoiaram Erundina. Valente e Braga chegaram a classificar de falsa a notícia sobre a discussão em torno da eventual entrada no bloco de Baleia.
Sâmia Bonfim (SP) e Marcelo Freixo (RJ) também contestaram a acusação de Erundina de que havia intenção de se buscar cargos para o PSOL. Bonfim afirmou que a ex-candidata a vice-prefeita de São Paulo errou ao “tornar uma divergência tática numa acusação grave ao partido”. De acordo com ela, “a posição divergente é fruto de análise política, não de fisiologismo”.
Para Freixo, a entrada do PSOL na coalização, daria maioria ao bloco e impediria que a comissão de Constituição e Justiça e o Conselho de Ética fossem dominadas por aliados do presidente Jair Bolsonaro. Destacou que o Psol não ficaria com qualquer cargo.
Feita de maneira independente da eleição para a presidente da Câmara, a escolha dos demais seis integrantes titulares da mesa diretora é proporcional a quantidade de parlamentares de cada bloco.
À CNN, Glauber Braga disse que, por conta da decisão de lançamento da candidatura de Erundina, não há possiblidade de o Psol integrar o grupo de Baleia Rossi. Mas a decisão do diretório nacional do partido não trata de uma eventual adesão a algum bloco. Apenas orienta que, no caso de um segundo turno sem Erundina, os deputados não deveriam votar em candidato apoiado por Bolsonaro.
Mas, para Fernanda Melchionna, a discussão não está afastada, principalmente diante da possibilidade de o PSL formalizar o apoio a Arthur Lira (PP-AL), o que aumentaria o tamanho do bloco da candidatura apoiada pelo Planalto. “Trata-se de um debate político”, disse.