Deputadas debatem se Nikolas Ferreira deve ser cassado por transfobia
As deputadas federais Júlia Zanatta (PL-SC) e Dandara Tonantzin (PT-MG) debateram sobre as possíveis consequências para o parlamentar; o MPF pediu a apuração do caso e deputados do PSOL, PDT e PSB pediram cassação
As deputadas federais Júlia Zanatta (PL-SC) e Dandara Tonantzin (PT-MG) debateram sobre as possíveis consequências para o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) após ele ter colocado uma peruca e ironizado transsexuais ao dizer que se sentia uma mulher e, por conta disso, teria “lugar de fala” no Dia Internacional da Mulher.
O Ministério Público Federal (MPF) pediu a apuração do ocorrido pela Câmara dos Deputados, e deputados do PSOL, PDT e PSB pediram a cassação do seu mandato.
Zanatta diz que não concorda “de maneira alguma” com o pedido de cassação, que chamou de “politicagem barata”. Segundo ela, isso abriria um precedente complicado na Câmara dos Deputados.
“Quem não concordou com o que ele [o deputado Nikolas Ferreira] falou tem direito de levar isso ao plenário, mas pedir a cassação é querer impor uma ditadura do politicamente correto, uma ditadura das minorias.”
A deputada do PL disse que não vê nenhum tipo de ofensa nominal na fala do deputado. “Eu defendo que o parlamento tem que ser um lugar plural, temos que aprender a conviver com as diferenças”, falou. “No meu entender não existe crime, pois ele não se dirigiu a ninguém.”
Tonantzin disse que a liberdade de expressão não é liberdade para cometer crimes, e ressaltou que transfobia é crime desde 2019.
“A nota do MPF pede, inclusive, apuração das falas com responsabilização cível, pois há um dano moral coletivo, além do dano individual às parlamentares trans na Câmara”, ressaltou.
“Não podemos naturalizar ondas de ódio, preconceito e discriminação”, disse. Ela citou o discurso de Nikolas, no qual ele alega que as mulheres estão perdendo espaço espaço para “homens que se sentem mulheres” e complementou dizendo que, na verdade, o que limita as mulheres em espaços de poder não é a presença de pessoas trans, e sim os “atos machistas, misóginos e preconceituosos”.
Ela ressalta que considera a fala de Nikolas Ferreira criminosa, pois o Congresso Nacional é um espaço que deve seguir a legislação brasileira.
Veja o debate completo no vídeo acima.