Depoimento “tranquilo”, com todas as perguntas respondidas; veja como foi o clima da delação de Mauro Cid
"Diante dos dados e mensagens, era impossível ele negar", relatou uma fonte à CNN; o ex-ajudante de ordens ressaltou que Bolsonaro não teve participação nos ataques do 8 de Janeiro
A impressão após o depoimento do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, foi que o resultado ficou “acima do esperado”, segundo apurou a CNN.
Cid chegou tenso e nervoso ao Supremo Tribunal Federal na tarde dessa quinta-feira (21). Apesar disso, respondeu a todas as perguntas, “de forma clara”. “Foi o interrogatório mais tranquilo e calmo do Mauro Cid”, relatou uma fonte ouvida pela CNN.
O ministro Alexandre de Moraes foi cordial e, ao perceber Mauro Cid tenso, manteve uma conversa em tom tranquilo com o objetivo de tranquilizar o depoente. O ministro, no entanto, em vários momentos, questionou a participação de Cid quando o depoente alegava desconhecimento.
Moraes questionou se Mauro Cid sabia do plano que os militares haviam planejado para matar o presidente Lula, Geraldo Alckmin e o próprio ministro. Cid negou qualquer conhecimento. Mas confirmou outros pontos considerados importantes para desvendar as contradições.
Fontes relataram à CNN que os questionamentos foram feitos com base em informações colhidas pelas diligências, como mensagens recuperadas e informações de aparelhos celulares, o que pressionou o tenente-coronel a falar a verdade. Entre os assuntos questionados, está o envolvimento do ministro Braga Netto na suposta trama de golpe. Um vasto material sigiloso colhido na investigação foi usado para confrontar argumentos do ex-ajudante de ordens.
“Diante dos dados e mensagens expostos ao depoente, era impossível ele negar”, relatou uma fonte à CNN. Mauro Cid também ressaltou que Jair Bolsonaro não teve participação nos ataques do 8 de Janeiro aos prédios públicos em Brasília.
Ao terminar o depoimento, tanto o ministro Alexandre de Moraes e a Procuradoria-Geral da República, assim como auxiliares na oitiva, o próprio Mauro Cid e a defesa dele consideraram o teor produtivo. Fontes relataram à CNN que, se Cid ficasse em silêncio, teria uma grande chance de ser preso preventivamente, o que foi descartado pelo procurador-geral, Paulo Gonet.
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