Delação premiada entra no radar do caso Americanas
Avaliação ocorre após a divulgação de mensagens da antiga diretoria da empresa que sugerem a possibilidade de dolo nas operações contábeis da companhia
A possibilidade de que ocorram delações premiadas no caso Americanas cresceu nesta semana, segundo advogados que acompanham o caso, principalmente após as revelações feitas pela cúpula da empresa – que sugerem um esquema liderado pela antiga diretoria para promover fraudes na contabilidade interna, com o objetivo de alavancar suas remunerações.
A avaliação é de que o volume de documentos levantados até agora pela investigação interna e, principalmente, o teor deles, sugerindo dolo nas operações contábeis que levaram à fraude, reforçam a possibilidade de delação.
A CNN mostrou na terça-feira (13) parte das mensagens trocadas entre os diretores que foram apresentadas na CPI pelo diretor-presidente da Americanas, Leonardo Coelho.
Além disso, a forma como a antiga diretoria foi exposta também é mencionada por quem acompanha de perto o caso como um fator a mais que fortalece essa possibilidade, bem como o tom da nota divulgada pelo antigo diretor-financeiro José Timotheo de Barros, que aparece nas mensagens apresentadas à CPI.
Na nota, sua defesa, capitaneada pelo criminalista Antonio Pitombo, diz que “há inverdades” nas revelações da cúpula da empresa e que ela “faz acusações que precisarão ser provadas”. Diz ainda que foram “mostrados de maneira leviana em comissão do Congresso”.
A CNN questionou hoje Pitombo se ele considera orientar seu cliente a fazer delação premiada, mas ele não respondeu.
Mesmo questionamento foi feito ao escritório do advogado Paulo Vieira, que atende o ex-CEO Miguel Gutierrez. Por meio de sua assessoria, ele informou que não iria se manifestar.
Uma eventual delação poderia ter como alvo os acionistas da empresa e integrantes do Conselho de Administração, uma vez que não aparecem como participantes ou que tinham ciência do que ocorria dentro da empresa.
Segundo fontes de dentro da Americanas, a possibilidade de que isso ocorra também não é descartada.
A CNN procurou a empresa, mas ela não se manifestou.