Delação de Tacla Durán acirra embate entre Aras e Lava Jato
Tacla Durán era advogado da Odebrecht, foi investigado pela Lava Jato e dentre outros motivos acusa ter feito pagamentos para evitar sua prisão
As negociações de uma delação premiada por parte da Procuradoria-Geral da República com o advogado Rodrigo Tacla Durán é um dos principais pontos de divergência entre a força-tarefa da Lava Jato de Curitiba e o procurador-geral, Augusto Aras.
Informações sobre o caso inclusive foram um dos pontos da discussão que a subprocuradora responsável pela Lava Jato, Lindôra Maria Araújo, teve com integrantes da operação em Curitiba na semana passada. Segundo fontes, ela disse não ter entendido porque eles ficaram incomodados com as negociações com o advogado. Os procuradores, então, relataram todo o histórico deles com o advogado.
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Tacla Durán era advogado da Odebrecht, foi investigado pela Lava Jato e dentre outros motivos acusa ter feito pagamentos para evitar sua prisão. Por sua vez, a Lava Jato arrola diversos crimes cometidos por ele.
Tanto que o procurador-chefe da Lava Jato no estado encaminhou dois ofícios nas últimas semanas a Brasília criticando Tacla Durán e a possibilidade de uma delação, visto por integrantes do MPF como uma retaliação de Aras. Para o entorno de Aras, porém, trata-se de uma maneira de fazer um pente-fino em eventuais abusos da operação. Interlocutores de Tacla Durán, contudo, garantem que ele não fará delação, amas que ajudará Aras apontando irregularidades na Lava Jato e na atuação de Sergio Moro.
O advogado de Tacla Durán, Sebastian Suarez, disse em nota que seu cliente “colaborou ampla e irrestritamente, de acordo com o interesse público com diversos países, e nunca sofreu qualquer condenação”. “Infelizmente no caso do Brasil, isso não foi possível, até o momento, entretanto segue à disposição para colaborar com a justiça, de qualquer país, sempre que necessário”, acrescentou.
O maior receio hoje do Paraná é quanto à não-renovação da força-tarefa prevista para ocorrer em setembro. Hoje, 14 procuradores atuam no estado. Brasília, porém, avalia que a operação já chegou ao seu fim e quer redistribuir os procuradores para fortalecer outros estados e outras apurações
Há incômodo até mesmo com a insígnia de “força-tarefa da Lava Jato”. Quem deixou claro isso foi o secretário-geral da PGR, Eitel Santiago, um dos principais aliados e amigo pessoal de Aras. Em uma ida a Curitiba em maio, ele disse por exemplo que “não existe a procuradoria da Lava Jato” e fez críticas ao modus operandi da operação, como prisões alongadas para extrair delações premiadas.