Defendemos auxílio de R$ 600 e reajuste de servidores fora do teto, diz Bivar sobre PEC
Em entrevista à CNN, presidente do União Brasil também comentou apoio do partido à reeleição do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP): "Melhor caminho para criar estabilidade."
O presidente nacional do União Brasil, Luciano Bivar, nesta segunda-feira (28), ao comentar a PEC do Estouro que vem sendo preparada pela transição de governo do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), afirmou que seu partido defende que o Auxílio Emergencial de R$ 600 e o reajuste do salário dos servidores fiquem fora do teto de gastos.
Em entrevista à CNN, Bivar disse que algumas coisas são “primordiais” e foram apoiadas tanto por Lula quanto pelo presidente Jair Bolsonaro (PL), como é o caso do auxílio.
“Defendemos o auxílio assim como o reajuste dos servidores. Se não tem caixa, vamos solicitar que o parlamento aceite uma PEC que autorize efetivamente esses recursos para fazer valer esses compromissos sociais que são inadiáveis”, afirmou o deputado.
O presidente eleito Lula desembarcou em Brasília nesta segunda para tentar destravar as negociações envolvendo a proposta de emenda à Constituição.
Aliados do petistas avaliam que há mais chances de aprovar a PEC que viabiliza o Auxílio Brasil, que voltará a ser chamado de Bolsa Família pelo governo eleito, de R$ 600 com prazo de 2 anos fora do teto fiscal – o que duraria, pelo menos, metade do mandato do novo governo. A ideia inicial do governo eleito era garantir Auxílio Brasil permanentemente livre da regra fiscal.
Bivar pontuou que o partido não teve acesso a informações concretas sobre a PEC ainda: “Não estamos no CCBB [sede da transição de governo no Distrito Federal].”
“Precisamos saber qual o tamanho do rombo que vem aí. As informações estão muito sombrias. O governo posto [de Bolsonaro] furou o teto em R$ 790 bilhões. Então você já tem uma responsabilidade e um desequilíbrio fiscal de R$ 790 que o governo que vai se instalar vai ter que ver o que fazer”, disse o presidente do União Brasil.
Ele afirmou que o partido acredita que a PEC deveria trabalhar com o “mínimo de tempo possível” de prazo para duração dos gastos extrateto. “Vamos trabalhar pelo mínimo prazo para reavaliar a necessidade e o tamanho”, disse, acrescentando que o União Brasil terá entre as prioridades a aprovação de uma reforma tributária.
Reeleição de Arthur Lira
Na última quarta-feira (23), a bancada do União Brasil na Câmara dos Deputados aprovou o apoio da legenda à reeleição de Arthur Lira (PP-AL) ao comando da Casa. Apesar de convidado, o presidente da sigla, Luciano Bivar, não participou do encontro, que foi comandado pelo líder do partido na Casa, deputado Elmar Nascimento.
A CNN apurou que o presidente do União tentou adiar a reunião, mas acabou isolado. Após as eleições, Bivar cogitou lançar uma candidatura para enfrentar Lira, mas sofreu com a resistência dentro do próprio partido. A CNN também apurou que 44 deputados participaram do encontro e aprovaram, por unanimidade, o apoio à recondução do presidente da Câmara.
Após a decisão, Luciano Bivar e Elmar Nascimento anunciaram o apoio à reeleição de Arthur Lira em coletiva na Câmara, com a presença do próprio presidente da Casa.
Na entrevista desta segunda (28), Bivar disse que o União Brasil tem “todo o tamanho e condição de pleitear a presidência da Câmara daqui dois anos”. “Mas entendemos que o Arthur teve esse comprometimento de imparcialidade, na defesa do Parlamento, da harmonia entre os Poderes. Entendemos que é o melhor caminho para criar estabilidade para não haver mais tumulto”, acrescentou.
Ele reiterou que apoio a Lira não impede que o partido apresente uma candidatura ao cargo em 2024 – até porque Lirá estará inelegível. “Pode ser eu mesmo como qualquer um dos outros deputados”, disse Bivar.
Relação entre União Brasil e PT
Na reunião da última quarta que definiu o apoio a Lira, a CNN apurou que os 44 deputados do União Brasil que participaram do encontro também aprovaram a continuidade de Elmar Nascimento na liderança do partido na Câmara, e a adoção de uma postura neutra em relação ao governo de Lula.
Bivar afirmou nesta segunda que o partido está “sempre na mesma canoa, que é a da democracia, de reforçar as instituições e garantir uma governabilidade para que tenha condições de melhorar as desigualdades sociais”.
Questionado sobre a possibilidade de membros do União Brasil receberem convite para algum ministério de Lula, o presidente do partido afirmou que não haverá restrições.
“Nós não somos oposição. Somos independentes. Se um membro do nosso partido disser que recebeu convite para colaborar com o governo como ministro, não faremos a menor restrição. Mas isso não está no momento de ser discutido”, afirmou.