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    Terra confirma conversas com Bolsonaro, mas nega existência do gabinete paralelo

    Durante oitiva que durou quase dez horas, o ex-ministro da Cidadania também criticou medidas que visam frear a disseminação do novo coronavírus

    Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado

    Murillo Ferrari, Rafaela Lara e Renato Barcellos, da CNN, em São Paulo, e Bia Gurgel, da CNN, em Brasília

    A CPI da Pandemia ouviu nesta terça-feira (22) o deputado federal Osmar Terra (MDB-RS), ex-ministro da Cidadania. 

    Durante a oitiva — que durou quase dez horas –, o parlamentar confirmou que teve conversas com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), mas negou a existência de um “gabinete paralelo”. Segundo Terra, essa ideia é uma “ficção” e todos os presidentes se aconselham com alguém de confiança.

    Sobre o vídeo de uma reunião de Bolsonaro com vários médicos, em setembro de 2020, Terra disse se tratar de um encontro público, que teve transmissão ao vivo pela internet.

    “Foi um grupo de médicos que se manifestou para conversar com o presidente, com o ministro da Saúde e me convidaram para ir junto. O presidente me colocou ali, sentado do lado dele, porque ele quis”, disse o deputado. “As opiniões que estão ali, são opiniões pessoais. E o presidente julga as coisas do jeito que ele quiser. Ele não é teleguiado por ninguém, ele aceita uma informação se acha que está certo e tem bom senso para fazer isso”, completou.

    Embora tenha criticado medidas que buscam frear a transmissão do vírus — como a quarentena e o lockdown –, Osmar Terra defendeu que a população se vacine. Ele ressaltou ainda que nunca tratou da tese de imunidade de rebanho com o presidente Jair Bolsonaro.

    “Ele [Bolsonaro] pode até ter visto alguma manifestação minha, mas não tratei sobre isso com ele. Eu sou defensor da vacina, é importante dizer isso. O ideal era que tivéssemos a vacina desde o primeiro dia”, afirmou.

    O parlamentar também avaliou que são raros os casos de reeinfecção no Brasil e foi interrompido pelo senador Alessandro Vieira (sem partido).

    “A bem de garanitr que essa CPI não sirva de palco para desinformação. Não é possível apontar benefícios na infecção natural. A vacina é a contaminação em dose segura. O senhor esteve internado em uma UTI e eu numa semi-UTI. Não se pode fazer essa comparação”, disse o senador.

    Resumo da CPI da Pandemia:

    • Osmar Terra afirma que lockdown não funciona e que a medida nunca foi adotada durante uma pandemia

    O deputado Osmar Terra afirmou que lockdown não funciona e que a medida nunca foi adotada durante uma pandemia. 

    “Não sou eu quem diz. São 32 trabalhos publicados comparando países que fecharam ou não. Essa comparação é unânime. O lockdown não reduz o numero de mortes. Se reduzisse, eu não estava nem aí para a situação das empresas. Mas não… É uma tragédia. Não funciona. Nunca funcionou”, disse o ex-ministro. “Não tem nenhuma evidência científica que funcione.”

    Terra voltou a dizer que a relação dele com o presidente Jair Bolsonaro é apenas de amizade e que a tentativa de atrelá-lo a um suposto gabinete paralelo é “ridícula”.

    Ele também retomou o assunto do H1N1 e ressaltou que o tamiflu foi um remédio usado, incentivado pelo governo do presidente Lula, e que custou uma fortuna.

    “Não pode se demonizar um tratamento. Se for olhar a bula, a dipirona tem efeitos terríveis mas todo mundo toma”, finalizou.

    • “Governantes fecham as coisas para mostrar que estão fazendo algo”, diz Terra

    Questionado pelo senador Marcos Rogério (DEM-RO) se é comum um presidente da República buscar aconselhamento para gerar crises, Osmar Terra afirmou que todo presidente pode conversar com alguém que confia.

    “Estou estranhando porque parece que qualquer pessoas que o presidente ouve é culpado. Estão querendo colocar a imagem de que sou culpado de tudo. Não existe gabinete nenhum”, disse.

    Sobre o combate à H1N1, Terra ressaltou que efrentou um vírus sem saber direito como ele ia se comportar. Ainda segundo o deputado, assim como na pandemia de Covid-19, “governantes fecham as coisas para mostrar que estão fazendo algo”.

    “As escolas estavam fechadas mas reabrimos, porque o contágio era maior fora da escola. Um prefeito veio falar comigo que não reabriria a escola naquela época para não parecer que não estava fazendo nada pela população. Então pode estar acontecendo isso… governantes fecham as coisas pra mostrar que estão fazendo algo, mas sabemos que não adianta”

    • Deputado diz que não tem influência sobre gestões no Ministério da Saúde

    Questionado sobre sua influência sobre os ex-ministros que dirigiram o Ministério da Saúde no governo Bolsonaro, incluindo o atual chefe da pasta, Marcelo Queiroga, Osmar Terra negou que tenha qualquer papel,

    “Eu diria que [minha influência] é zero. O que mais conversei foi Pazuello, quando teve a crise no Amapá para levarmos voluntários para lá”, disse o parlamentar.

    “Com Queiroga tive uma ou duas audiências muito rápidas, uma sobre pleitos de respiradores para o Rio Grande do Sul e outra para ele fazer o inquérito sorológico para sabermos o nível de contágio do país”, completou. 

    Ele afirmou ainda que não foi convidado e nem pleiteou a vaga de ministro nas mudanças promovidas pelo presidente Jair Bolsonaro. 

    “A minha posição atual é confortável, como deputado, como parlamentar, de ter postura, de falar o que pensa. Tenho orgulho do que fiz e dou a opinião quando tem uma questão como essa”.

    • Osmar nega existência de suposto gabinete paralelo

    O relator da CPI da Pandemia, Renan Calheiros, questionou Osmar Terra sobre a existência de um suposto gabinete de aconselhamento ao presidente Jair Bolsonaro e se ele seria uma espécie de lider desse grupo.

    Terra negou a existência de tal gabinete, que classificou como uma “ficção” e disse que todos os presidentes se aconselham com alguém.

    Sobre o vídeo de uma reunião de Bolsonaro com vários médicos, em setembro de 2020, Terra disse se tratar de um encontro público, que teve transmissão ao vivo pela internet.

    “Foi um grupo de médicos que se manifestou para conversar com o presidente, com o ministro da Saúde e me convidaram para ir junto. O presidente me colocou ali, sentado do lado dele, porque ele quis”, disse o deputado. 

    “As opiniões que estão ali, são opiniões pessoais. E o presidente julga as coisas do jeito que ele quiser. Ele não é teleguiado por ninguém, ele aceita uma informação se acha que está certo e tem bom senso para fazer isso”, completou.

    Ele afirmou ainda que “no atacado”, tem muito mais convergências do que divergências com Bolsonaro. “Mas eu defendo a vacina, acho que é importante mesmo não sendo testada no tempo que deveria… normalmente, vacinas levam anos para testar, mas era importante por causa da emergência.”

    Ele disse ainda que essa foi a única reunião que participou com Bolsonaro – e também a única vez que conversou com o médio infectologista Paolo Zanotto.

    “Transformar isso num gabinete secreto, que vaza vídeos, isso é um absurdo, não tem cabimento, senador. Eu sei que o senhor está tentando encontrar a verdade nisso, mas posso te dizer que não existe esse gabinete.

    “Poderia até ter, o presidente poderia ter criado, não criou. Isso não existe. [O que tem] são opiniões esporádicas de conversas e que ele pode aceitar ou não. Depende dele.”

    • Ao falar sobre imunidade de rebanho, Terra diz que ‘nunca desdenhou da vacina’ 

    Sobre seus posicionamentos sobre a imunidade de rebanho, que não é defendida por especialistas, Terra afirmou que não desmereceu as vacinas contra a Covid-19 ao defender a imunização por exposição ao vírus. 

    “Nunca desdenhei a vacina. Ela [a vacina] não tinha tempo para ser desenvolvida, me baseando nos exemplos anteriores. O que eu quero dizer aqui é que a vacina é o virus inerte, morto, como na Coronavac, injetado nas pessoas para produzir anticorpos que defendem de nova infecção. Ora, se eu sou infectado por um vírus vivo, a tendência é produzir mais anticorpos do que o vírus inerte. Tem várias publicações falando sobre isso.”

    “O que eu vejo é que não tem reinfecção o brasil, quando tem é rara”, completou o deputado.

    Durante suas afirmações, Terra foi interrompido pelo senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE). “A bem de garanitr que essa CPI não sirva de palco para desinformação. Não é possível apontar benefícios na infecção natural. A vacina é a contaminação em dose segura. O senhor esteve internado em uma UTI e eu numa semi-UTI. Não se pode fazer essa comparação”, disse Vieira. 

    Terra afirmou que não aconselhou o presidente sobre a imunidade de rebanho. “Ele pode até ter visto alguma manifestação minha, mas não tratei sobre isso com ele. Eu sou defensor da vacina, é importante dizer isso. O ideal era que tivéssemos a vacina desde o primeiro dia”.

    • Osmar Terra diz que se encontra com Bolsonaro a cada 15 dias

    Ao ser questionado por Renan sobre os encontros com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), Terra disse que as reuniões aconteciam “uma vez por mês, a cada quinze dias”. 

    Ele diz não se lembrar quando foi a primeira vez que tratou sobre a pandemia da Covid-19 com Bolsonaro.

    Segundo ele, se tratavam de “encontros esporádicos” e que suas reuniões fazem parte de sua atuação parlamentar. Sobre outros convidados para os encontros, o deputado afirmou que participavam apenas “auxiliares, chefe de gabinete, o ministro Ramos [Luiz Eduardo Ramos, chefe da Casa Civil]”. 

    “Se tratavam de conversas muito rápidas e uma ou duas vezes cheguei a almoçar com ele.”

    • Senadores questionam Osmar Terra sobre conselhos ao presidente

    Tanto o relator, Renan Calheiros (MDB-AL) quando o presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM) questionaram Osmar Terra sobre possíveis conselhos e orientações que teriam ajudado o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) a formar sua opinião sobre imunização de rebanho, tratamento precoce e efetividade das vacinas.

    Osmar se defendeu e disse que tem uma relação de amizade com Bolsonaro, da mesma forma que outros parlamentares também tem. “Quando ele me pergunta algo eu falo. E a minha opinião eu posto e ela é pública”, afirmou. 

    “O presidente fala o que ele quer falar, do jeito que ele entende. Eu não tenho poder sobre o presidente. Se eu tivesse esse poder, eu era o presidente e ele o deputado”, continuou.

    Ele defendeu ainda que, assim como Renan e Aziz – que ouvem pessoas da Saúde para se informar sobre esses temas – Bolsonaro também tem o mesmo direito de consultar médicos. “O presidente não pode fazer isso? Ele pode. E isso não significa que tem gabinete paralelo.”

    Ele foi questionado, ainda, se defendeu para o presidente que o país deveria comprar vacinas contra a Covid-19.

    “Sempre que eu tive oportunidade de falar sobre vacinas para o presidente eu as defendi. Tanto que quando ele assina R$ 20 bilhões durante o ato de posse do Ministro do Turismo para compra de vacinas, ele me dá a caneta de tanto que falei de vacinas para ele”, diz Terra.

    “O que aconteceu no ministério, eu não tenho conhecimento sobre trâmite, não sou gestor.”

    • Porcentagem de contaminados só será estabelecida quando terminar a pandemia

    Renan questionado Osmar Terra sobre dados que o deputado apresentou em entrevistas prévias sobre a porcentagem de infectados no Brasil.

    O deputado disse que o cálculo da soroprevalência, ou seja, de quantas pessoas estão contaminadas na população é muito importante até porque isso pode ajudar na estratégia com as vacinas. Ele afirmou, porém, que esse dado só poderá ser determinado no fim da pandemia.

    “O Maranhão fez um inquérito sorológico, deu 40% da população em setembro do ano passado. São Paulo acabou de fazer uma pesquisa agora mostrando 35% de pessoas com anticorpos”, disse o parlamentar. 

    “Isso se faz por um cálculo que inclui a capacidade de contágio do vírus. Se estimou no início que uma pessoa contaminada contaminaria outras 3, depois se viu que 80% não contaminam, mas que os outros 20% contaminam muito mais do que três”, continuou.

    “Precisamos fazer o que o ministro [da Saúde, Marcelo] Queiroga se comprometeu a fazer, um grande inquérito sorológico no Brasil todo. Mas só vamos saber disso quando terminar a pandemia… Mas seria 60% ou 70% com as variantes.”

    Ele disse não ter como projetar quantas pessoas morrerão de Covid-19 no país. “Não tenho como fazer essa previsão, mas sei que 502 mil é muito, é demais. Mas os estados que mais tiveram contaminação a tendência é cair mais rápido”, afirmou o deputado.

    • Renan questiona deputado sobre previsões erradas do fim da pandemia

    Ao abrir seus questionamentos ao deputado Osmar Terra, o relator da CPI, senador Renan Calheiros (MDB-AL), exibiu uma série de vídeos em que o parlamentar aparece fazendo previsões sobre o fim da pandemia ainda no primeiro semestre de 2020.

    Renan perguntou, então, com base em que o deputado fez suas previsões e por quais motivos elas não se concretizaram.

    “Eu me baseei nas situações da China para fazer minhas previsões. O que aconteceu de diferente foi o surgimento de novas cepas que estavam pegando pessoas que nunca tinham sido contaminadas”, disse Osmar Terra.

    “O que estava previsto para encerrar a pandemia com 30% da população infectada, foi para 60%, 70%, 80%. É isso que está acontecendo hoje e a tendência, com a vacinação, é diminuir.”

    Ele disse ainda que não teve auxílio de outras pessoas para fazer essas previsões já que se trata de deputado e não ocupa cargos executivos. 

    • ‘Estudos mostram que lockdown e quarentena não tem nenhum impacto’

    O deputado criticou ainda a adoção de medidas restritivas por estados e municípios para contar a disseminação do novo coronavírus.

    “Estamos com 500 mil mortes no Brasil com o sistema de lockdown e quarentena dos governadores. O Supremo Tribunal [Federal], em 15 de abril de 2020, impediu, limitou o poder do presidente de interferir nessas decisões”, disse Osmar Terra.

    O STF, no entanto, já negou que tenha proibido o Planalto de agir para conter a disseminação da doença. “É responsabilidade de todos os entes da federação adotarem medidas em benefício da população brasileira no que se refere à pandemia”, diz texto divulgado pela Corte em janeiro.

    “Então, essas 500 mil mortes não estão acontecendo em um outro país em que o presidente podia decidir tudo. Estão estão acontecendo em um país que estava limitado às decisões dos governadores, dos prefeitos”, continuou o deputado, em sua argumentação.

    Ele disse ainda que 32 estudos publicados durante a pandemia comparando países que fecharam com os que não fecharam mostraram que não houve impacto nos que adotaram lockdown e quarentena – ele não deu, porém, detalhes desses estudos.

    E o motivo é simples, óbvio e só não ver quem não está interessado em n??o ver (…) Milhões de pessoas saem todos os dias para trabalhar – porque são serviços essenciais –, mais da metade da força de trabalho brasileira é essencial, então não tem isolamento.”

    Terra voltou a dizer que nunca propôs que as pessoas se “abraçassem e se contaminassem”. “Isso não existe. Isso é um discurso para tentar deturpar um argumento.”

    • Previsões foram baseadas em fatos da época, diz deputado

    Osmar Terra disse acreditar que serão exibidos na sessão da CPI uma série de vídeos em que ele faz previsões minimizando os impactos da pandemia e diz que iria se antecipar e explicar suas falas.

    “As previsões que fiz foram baseadas não em um estudo matemático apocalíptico como o do Imperial College [de Londres], mas nos fatos que existiam na época, em fevereiro e março [de 2020]”, disse o deputado.

    “Quais os fatos concretos que existiam em fevereiro e março? Os fatos concretos eram a epidemia da China – teve um surto completo, completou, subiu, desceu e terminou. Tem 4 mil mortos na China até hoje. Era o surto que tinha na época para ser analisado. 4 mil mortos num país de 1 bilhão e 400 milhões de habitantes nos levou a ideia de que não seria uma coisa tão grave”, completou.

    Ele citou ainda como exemplos a Coreia do Sul e o navio Diamond Princess, onde uma quantidade proporcional de pessoas foi vítima da Covid-19 no começo da pandemia.

    “Esses eram os dados, os fatos que tinham na época. Isso levou muita gente a fazer um um julgamento otimista.”

    Ele disse ainda que, na mesma época, o médico Drauzio Varella chamou o novo coronavírus de gripezinha. “Esse termo quem cunhou foi ele, eu nunca falei que era uma gripezinha. E ele disse que as crianças não irem para aula era ruim, e deu o exemplo da China, na época.”

    “Eu afirmei então que a pandemia estava sendo cunhada pelo medo e não pela ciência, foi essa a discussão. Claro que as novas cepas, os prazos que tínhamos pensados – todas pandemias cumpriram 14, 15 semanas – foram aumentados pelas novas cepas”, afirmou.

    • Em fala inicial, Osmar Terra diz que nunca defendeu imunidade por contaminação

    Em sua fala inicial à CPI da Pandemia, Osmar Terra afirmou que nunca defendeu que a população se contagie livremente com o novo coronavírus para adquirir imunidade contra a doença.

    “Essa história de querer antepor a tal da imunidade de rebanho, que é uma interpretação de alguns senadores aqui, do que que significa – e depois, eu vou explicar isso –, não existe nenhuma proposta de deixar a população se contaminar livremente. Nunca se fez isso”, afirmou o deputado.

    “Imunidade de rebanho é uma consequência. É como terminam todas as pandemias. É o resultado final, quando chega um porcentual da população por vacina – neste caso vai ser importante a vacinação – ou não, pelo contágio que o vírus causa que termina com a pandemia. Se não, ela não vai terminar. Essa é a grande questão.”

    Antes, o parlamentar disse que se solidarizava com todas as vítimas da Covid-19, com as equipes de saúde, que continuam no front da pandemia e com a parcela da população que não deixou de trabalhar.

    “Já perdi amigos, parentes, eu mesmo fiquei na UTI nessa pandemia. Entendo a gravidade que ela tem e gostaria de me solidarizar com as centenas de milhares de vítimas, não só do Brasil, mas no mundo”, afirmou.

    • CPI faz um minuto de silêncio pelas vítimas da Covid-19

    Ainda antes do início do depoimento de Osmar Terra, Aziz acatou a questão de ordem do senador Rogério Carvalho (PT-SE), que pediu um minuto de silêncio pelas vítimas da Covid-19. O Brasil ultrapassou a marca de 500 mil mortes por Covid-19 neste fim de semana

    Os senadores presentes na sessão cumpriram o minuto de silêncio em pé, alguns seguravam placas por vacinas. Outros, como o vice-presidente da CPI, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), e o relator Renan Calheiros (MDB-AL), adotaram como identificação o número de vítimas da doença ao invés de seus nomes. 

    Nas últimas 24 horas o país registrou 761 mortes e 38.903 novos casos de Covid-19, segundo dados divulgados pelo Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), nesta segunda-feira (21). São 502.586 mortes e 17.966.831 casos do novo coronavírus no país, sendo o terceiro país do mundo com mais infectados pela doença, atrás apenas dos Estados Unidos e da Índia.

    • Aziz adia votação de requerimentos

    Antes do início do depoimento do deputado Osmar Terra, o presidente da CPI da Pandemia, senador Omar Aziz (PSD-AM), informou que os requerimentos que estavam em pauta e seriam votados ainda nesta terça-feira (22) foram adiados. 

    Segundo ele, a votação foi transferida para esta quarta-feira (23) porque entraram novos requerimentos nesta segunda, e a comissão decidiu esperar o prazo regimental de 48 horas pra votar todos de uma só vez. Na sessão desta terça, a comissão apreciaria 57 requerimentos, entre pedidos de convocação e convite, informações e de quebra de sigilo.

    Parte desses requerimentos estava prevista para ser votada na última sexta-feira (18), mas foi adiada por Aziz também para cumprir o prazo regimental de inclusão com pelo menos 48 horas de antecedência na pauta da comissão.

    Entre os requerimentos, estão o que pede a realização de uma sessão secreta com Wilson Witzel, ex-governador do Rio de Janeiro, além de uma série de pedido de informações a hospitais federais daquele estado – que teriam conexão com o conteúdo que o político pretende apresentar aos senadores.

    Há também pedidos de quebras de sigilos de organizações sociais que gerem hospitais no RJ. A lista também conta com pedidos de informações direcionados a seis ministros do governo Bolsonaro.

    Osmar Terra e o suposto ‘gabinete paralelo’

    A participação de Osmar Terra no suposto gabinete foi citada pela primeira vez em maio, durante depoimento do ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta à CPI. Na ocasião, Mandetta afirmou que “outras pessoas” buscavam desautorizar orientações do Ministério da Saúde ao presidente, incluindo Terra.

    Além disso, em reunião realizada em setembro de 2020 com a presença do presidente da República, o parlamentar foi apresentado como “padrinho” de um grupo de médicos que apoiavam o uso de remédios sem eficácia contra a covid-19. 

    “Em várias oportunidades, Osmar Terra externou sua opinião sobre a forma como deveria se dar o enfretamento à crise. Imunização coletiva não pela vacinação em massa da população, mas por meio da exposição do maior número possível de pessoas”, afirmam os senadores Humberto Costa (PT-PE) e Rogério Carvalho (PT-SE) na justificativa do requerimento aprovado pela CPI.

    O senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) é autor de outro pedido para ouvir Osmar Terra. 

    Inicialmente, os senadores aprovaram a convocação do deputado. Após pedido do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), no entanto, a convocação foi transformada em convite. Dessa forma, o ex-ministro pode não comparecer à sessão ou deixar a reunião a qualquer momento.

    Osmar Terra – CPI da Pandemia
    O deputado Osmar Terra (MDB-RS) chega ao Senado nesta terça-feira (22) para depoimento na CPI da Pandemia
    Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado

    Veja a lista de requerimentos que devem ser apreciados na próxima sessão da CPI:

    • Requerimento 231 – Requer que seja convidado para que preste depoimento o Sr. Wellington Dias, Governador do Piauí, na condição de coordenador do Fórum Nacional de Governadores e presidente do Consórcio Nordeste
    • Requerimento 647 e 650 – Requer convocação do Sr. Claudio Castro, Governador do Rio de Janeiro
    • Requerimento 878 – Convocação de Alexandre Chieppe Secretário de Estado de Saúde do Rio de Janeiro
    • Requerimento 907 – Requer a convocação de representante da empresa Facebook Serviços Online do Brasil LTDA
    • Requerimento 908 – Requer a convocação de representante da empresa Google Brasil Internet LTDA
    • Requerimento 862 – Pedido de auditoria ao Tribunal de Contas da União – “motociata”
    • Requerimento 866 e 877 – Requer diligência, para que na condição de testemunha sujeita ao compromisso de dizer a verdade, preste depoimento em sessão reservada o Sr. Wilson Witzel, Ex-Governador do Rio de Janeiro
    • Requerimento 867 – Transferência de sigilo bancário, fiscal, telefônico e telemático de Instituto Unir Saúde
    • Requerimento 868 – Transferência de sigilo bancário, fiscal, telefônico e telemático de Viva Rio
    • Requerimento 870 – Transferência de sigilo bancário, fiscal, telefônico e telemático de Associação Filantrópica Nova Esperança (OS)
    • Requerimento 871 – Transferência de sigilo bancário, fiscal, telefônico e telemático de Associação Mahatma Gandhi (OS)
    • Requerimento 872 – Transferência de sigilo bancário, fiscal, telefônico e telemático de Instituto dos Lagos Rio (OS)
    • Requerimento 873 – Transferência de sigilo bancário, fiscal, telefônico e telemático do IABAS, Instituto de Atenção Básica e Avançada à Saúde
    • Requerimento 900 – Requer a Transferência de sigilos bancário, fiscal, telefônico e telemático – Instituto Diva Alves do Brasil – IDAB
    • Requerimento 905 – Requerimento de transferência de sigilo Transferência dos sigilos bancário, fiscal, telefônico e telemático do Sr. Alex Lial Marinho
    • Requerimento 913 – Transferência de sigilo bancário, fiscal, telefônico e telemático de Evian Administracao de Imoveis Proprios Ltda
    • Requerimento 914 – Transferência de sigilo bancário, fiscal, telefônico e telemático de Vcm Participacoes Ltda
    • Requerimento 915 – Transferência de sigilo bancário, fiscal, telefônico e telemático de Ccvl Participacoes Ltda
    • Requerimento 916 – Transferência de sigilo bancário, fiscal, telefônico e telemático de Central Brasileira Participacoes Ltda
    • Requerimento 917 – Transferência de sigilo bancário, fiscal, telefônico e telemático de Orion Consultoria Empreendimentos e Participacoes Ltda
    • Requerimento 918 – Transferência de sigilo bancário, fiscal, telefônico e telemático de Smartkids Brasil-Livros e Consultoria Ltda
    • Requerimento 919, 920 e 921 – Transferência de sigilo bancário, fiscal, telefônico e telemático de Aloha International Comercio de Cosmeticos Ltda
    • Requerimento 922 – Transferência de sigilo bancário, fiscal, telefônico e telemático de Cwmv Sistema de Escolas Ltda
    • Requerimento 923 – Transferência de sigilo bancário, fiscal, telefônico e telemático de Vip Xviii – Empreendimentos e Participacoes Ltda
    • Requerimento 850 – Requer que sejam prestadas, no prazo de dez dias, pelo Senhor Ministro da Defesa, todas as informações sobre registros de voos realizados por Nise Yamaguchi, Greici Yamaguchi e Charles Takahito, em aviões da Força Aérea Brasileira (FAB), no período compreendido entre 01 de janeiro de 2020 até o presente, com indicação das datas e trechos, bem como de quem eram as pessoas que participaram das respectivas viagens
    • Requerimento 879 – Requer que o Departamento de Logística em Saúde da Secretaria Executiva do Ministério da Saúde encaminhe a esta Comissão Parlamentar de Inquérito os seguintes documentos: 1. Processo de licitação nº 25000.175250/2020-85 2. Processo de execução nº 25000.043170/2021-41
    • Requerimento 880 – Requer informações à Casa Civil do Estado do Rio de Janeiro
    • Requerimento 881 – Requer informações à Secretaria de Saúde do estado do Rio de Janeiro
    • Requerimento 882 – Requer o compartilhamento e acesso integral e em tempo real, das peças e eventuais audiências, interrogatório e demais oitivas relativos a Alexandre Figueiredo Marques
    • Requerimento 883 – Requer que sejam prestadas, pelo Senhor Ministro de Estado da Saúde, Marcelo Antônio Cartaxo Queiroga Lopes, informações sobre a situação da cobertura vacinal no âmbito do Programa Nacional de Imunizações (PNI)
    • Requerimento 884 – Requer que sejam prestadas, pela Senhora Ministra de Estado da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, informações sobre a condução do governo federal na pandemia em relação à população quilombola, no prazo máximo de 10 dias
    • Requerimento 885 – Requer que sejam prestadas, pela Senhora Ministra de Estado da Secretaria de Governo da Presidência da República, Flávia Arruda, informações sobre a condução do governo federal na pandemia em relação à população quilombola, no prazo máximo de 10 dias
    • Requerimento 886 – Requer que sejam prestadas, pelo Senhor Ministro de Estado da Controladoria-Geral da União, Wagner de Campos Rosário, informações sobre a condução do governo federal na pandemia em relação à população quilombola, no prazo máximo de 10 dias
    • Requerimento 887 – Requer que sejam prestadas, pela Senhora Ministra de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina, informações sobre a condução do governo federal na pandemia em relação à população quilombola, no prazo máximo de 10 dias
    • Requerimento 888 – Requer que sejam prestadas, pelo Senhor Ministro de Estado da Cidadania, João Roma, informações sobre a condução do governo federal na pandemia em relação à população quilombola, no prazo máximo de 10 dias
    • Requerimento 889 – Requer que sejam prestadas, pelo Senhor Ministro de Estado da Saúde, Marcelo Queiroga, informações sobre a condução do governo federal na pandemia em relação à população quilombola no prazo máximo de 10 dias
    • Requerimento 890 – Requer que sejam prestadas, pelo Senhor Ministro de Estado de Saúde, Marcelo Queiroga, informações sobre registros e informações gerais sobre saúde indígena em relação à Covid 19 e malária, no prazo máximo de 10 dias
    • Requerimento 891 – Requer que sejam prestadas, pelo Senhor Ministro de Estado de Saúde, Marcelo Queiroga, informações sobre ofertas de vacinas contra Covid-19 ao Ministério da Saúde
    • Requerimento 892 – Requer que sejam encaminhadas, pelas empresas produtoras e fornecedoras de oxigênio hospitalar e representantes do setor, listados a seguir, cópias de todos os documentos e comunicações com o Ministério da Saúde, encaminhados ou recebidos, desde março de 2020 até a presente data, em aditamento ao Requerimento 9/2021 desta CPI
    • Requerimento 893 e 925 – Requer que seja encaminhada pela empresa TWITTER BRASIL REDE DE INFORMACAO LTDA informações sobre as contas de usuários excluídas a partir do dia 14 de junho de 2021, conforme reportagem da rede CNN
    • Requerimento 894 – Requisição de Documentos e Informações Hospital Federal da Lagoa (HFL)
    • Requerimento 895 – Requisição de Documentos e Informações do Hospital Federal de Ipanema (HFI)
    • Requerimento 896 – Requisição de Documentos e Informações do Hospital Federal Cardoso Fontes (HFCF)
    • Requerimento 897 – Requisição de Documentos e Informações do Diretor do Hospital Federal de Bonsucesso (HFB)
    • Requerimento 898 – Requisição de Documentos e Informações Hospital Federal do Andaraí
    • Requerimento 899 – Requisição de Documentos e Informações Hospital Federal dos Servidores do Estado (HFSE)
    • Requerimento 901 – Requisição de Documentos e Informações do Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia – INTO
    • Requerimento 902 – Requisição de Documentos e Informações do Instituto Nacional do Câncer – INCA
    • Requerimento 903 – Requisição de Documentos e Informações do Instituto Nacional de Cardiologia – INC
    • Requerimento 924 – Requisita ao Ministério da Defesa cópia integral da Mensagem Operacional nº 106/CCLM/EMCFA/MD, de 27/3/2020, e de outros documentos
    • Requerimento 910 – Requer a convocação do Diretor/Presidente da empresa de transporte carioca Viação Redentor
    • Requerimento 911 – Requer a convocação do Senhor MARCELO OLIVEIRA DE SOUZA, médico da empresa de transporte carioca Viação Redentor

    (Com informações da Agência Senado)