CPI da Pandemia aprova quebra de sigilos de amigo de Daniel Silveira
Médico Alessandro Loiola foi testemunha de defesa de Daniel Silveira em processo contra ele na Câmara



Para avançar na apuração sobre a disseminação de fake news sobre a covid-19, os senadores da CPI da Pandemia aprovaram, nesta quinta-feira (19), a quebra dos sigilos fiscal e bancário de dezenas de donos de sites e usuários de redes sociais.
Entre os alvos está o médico Alessandro Lemos Passos Loiola, que, na Comissão de Ética da Câmara, disse ser amigo do deputado federal afastado Daniel Silveira (PSL-RJ), preso por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF).
Loiola foi testemunha de defesa de Silveira em um processo contra o parlamentar no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados e prestou depoimento aos parlamentares em maio deste ano. Com a decisão de hoje, ele terá suas movimentações financeiras analisadas pela CPI. A ideia é descobrir se ele e outros influenciadores receberam dinheiro público ou algum tipo de financiamento para espalhar desinformação sobre o coronavírus.
Para embasar o pedido, o senador Humberto Costa (PT-PE) afirma que Loiola é “agente de uma campanha de desinformação absurda” ao usar suas redes sociais para disseminar informações falsas sobre a covid-19.
O senador cita vários exemplos, entre eles uma postagem feita pelo médico no Twitter, em agosto deste ano, na qual ele critica o uso de máscaras e aponta uma suposta correlação entre a redução do número de mortes em alguns países à dispensa do acessório. Ele também prega contra as vacinas aprovadas no Brasil, chamadas por ele de “experimentais”.
Quando esteve no Conselho de Ética da Câmara, no dia 27 de maio deste ano, o médico disse considerar Daniel Silveira “um amigo, um irmão” e afirmou considerar o uso de máscaras “um equívoco, especialmente em crianças”.
Ele foi arrolado como testemunha de defesa no processo movido por parlamentares que acusaram Silveira de usar o Twitter para ameaçar, “com tiro no peito”, militantes antifascistas. O deputado foi penalizado com uma censura escrita no mês passado.
À CNN, o médico Alessandro Loiola afirmou que gostaria que a CPI “lesse os livros e estudasse seriamente sobre o assunto. Estão fazendo politicagem com vidas humanas e isso é um absurdo sem tamanho”. O médico escreveu livros que questionam a pandemia da covid-19.
Outras quebras aprovadas
A CPI da Pandemia prevê encerrar seus trabalhos no próximo mês e tem como um dos focos avançar sobre a disseminação de notícias falsas. Foram pedidos diversos relatórios de movimentação financeira ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras sobre influenciadores digitais e donos de perfis que, de acordo com a CPI, espalham desinformação sobre a Covid-19.
A Comissão também solicitou acesso a dados telemáticos de portais na internet vinculados ao pensamento conservador e de defesa do governo federal.
Na lista estão pessoas que receberam dinheiro para fazer propaganda acerca do tratamento precoce contra a covid e donos de perfis que já foram identificados pelo Supremo Tribunal Federal, no âmbito do inquérito das Fake News, como parte de “um mecanismo coordenado de criação e divulgação de notícias falsas”sobre a Suprema Corte.
A CPI também solicitou que o ministro Alexandre de Moraes, relator deste inquérito, compartilhe com os membros do grupo dados da investigação que tenham relação com a covid.