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    Marconny Faria vira investigado, e 2ª ex-mulher de Bolsonaro é convocada à CPI

    Marconny teria participado das negociações pela Covaxin e intercedido pela empresa junto a outros contratos com o Ministério da Saúde

    Bia GurgelGiovanna GalvaniAnna Gabriela CostaDouglas Portoda CNN* , em Brasília e São Paulo

    A CPI da Pandemia ouviu, nesta quarta-feira (15), o depoimento de Marconny Faria, apontado pelas investigações da comissão como um lobista da Precisa Medicamentos junto ao Ministério da Saúde.

    O relator da CPI, senador Renan Calheiros (MDB-AL), incluiu Marconny como um dos investigados da Comissão.

    Renan citou que o depoimento foi “mentiroso em alguns aspectos”, e que ele aceitava as sugestões dos outros membros da Comissão para investigá-lo.

    “Eu passo a elevar a lista dos investigados dessa Comissão Parlamentar de Inquérito e incluo nessa oportunidade o nome de Marconny Faria como um dos investigados”, afirmou o relator.

    A segunda ex-mulher do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), Ana Cristina Valle, será convocada para prestar depoimento à CPI após aprovação de requerimento.

    Marconny pediu a Ana Cristina que intercedesse junto ao Palácio do Planalto para nomear um dos nomes da lista tríplice para a Defensoria Pública Geral Federal.

    Ela é mãe de Jair Renan Bolsonaro, quarto filho do presidente, que teve a ajuda de Marconny para abrir a empresa Bolsonaro Jr Eventos e Mídia.

    Nas declarações iniciais, Marconny negou a alcunha de “lobista” e disse que nunca negociou vacinas em parceria com a Precisa com o Ministério da Saúde.

    Porém, ele silenciou ou disse “não se lembrar” quando questionado sobre mensagens obtidas pela CPI, que indicariam um contato mais próximo com funcionários da empresa e com servidores da Saúde, como Roberto Ferreira Dias e José Ricardo Santana – ambos já depuseram na comissão.

    Como no depoimento de Marcos Tolentino, realizado na terça-feira (14), a oitiva acontece após uma remarcação feita em decorrência de um atestado médico apresentado por Faria, o que postergou o depoimento originalmente previsto para 2 de setembro.

    No entanto, o presidente da CPI, senador Omar Aziz (PSD-AM), ligou para o diretor-clínico do hospital Sírio Libanês para solicitar uma apuração e posteriormente o profissional retirou o atestado, afirmando que o paciente pode ter agido de má-fé.

    A Justiça Federal em Brasília autorizou na segunda-feira (13) a condução coercitiva de Marconny, caso fosse necessário.

    No dia 2 de setembro, a ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF), concedeu habeas corpus a Faria e garantiu-lhe o direito ao silêncio em questionamentos que gerem provas contra ele.

    Acompanhe os destaques da CPI

    Renan Calheiros inclui Marconny Faria como um dos investigados da CPI da Pandemia

    O relator da CPI, senador Renan Calheiros (MDB-AL), incluiu o nome de Marconny Faria como um dos investigados após ouvir outros membros da Comissão.

    Ele citou que o depoimento do suposto lobista foi “enfadonho, impreciso, mentiroso em alguns aspectos e evasivo”, ao utilizar-se do silêncio para não esclarecer sua participação dos negócios da Precisa e o Ministério da Saúde.

    “Eu passo a elevar a lista dos investigados dessa Comissão Parlamentar de Inquérito e incluo nessa oportunidade o nome de Marconny Faria como um dos investigados”, afirmou Renan.

    CPI da Pandemia aprova convocação de Ana Cristina Valle, 2ª ex-esposa de Bolsonaro

    A CPI aprovou o requerimento de convocação de Ana Cristina Valle, também conhecida como Cristina Bolsonaro – que é ex-esposa do presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), e mãe de seu filho mais novo, Jair Renan.

    Além de ter ajudado o filho mais novo do presidente, Jair Renan, a abrir a empresa Bolsonaro Jr Eventos e Mídia, Marconny pediu a Ana Cristina Valle, segunda ex-esposa do presidente, que intercedesse junto ao Palácio do Planalto para nomear um dos nomes da lista tríplice para a Defensoria Pública Geral Federal.

    Segundo o requerimento, feito pelo senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE), registros telefônicos apontam que Valle aciona o Planalto para exercer influência no processo de escolha Defensor Público-Geral Federal junto ao então Ministro da Secretaria Geral da Presidência e atual ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), Jorge Oliveira.

    CPI deve ouvir Wagner Rosário, defende Omar Aziz

    Presidente da CPI da Pandemia, Omar Aziz
    Presidente da CPI da Pandemia, Omar Aziz / Pedro França/Agência Senado

    Para o senador Eduardo Girão (Podemos-CE), a Operação Parasita, da Polícia Federal — que teve como alvo um possível indicado de Marconny Faria que estava na direção do Instituto Evandro Chagas, em Belém —, demonstra a necessidade de a CPI ouvir o ministro da Controladora-Geral da União (CGU), Wagner Rosário.

    O presidente da CPI, Omar Aziz, afirmou que o ministro tem que explicar à comissão por que não tomou ações para barrar as negociações irregulares envolvendo a vacina Covaxin conduzidas no Ministério da Saúde.

    Para Aziz, Wagner Rosário prevaricou — ou seja, como servidor público, deixou de tomar iniciativas que são de sua responsabilidade, se omitindo diante de irregularidades.

    “O que ele tem que explicar não é as operações que ele fez, é a omissão dele em relação ao governo federal. Tem que vir, mas não tem que vir para jogar para a torcida, não. Ele vai jogar aqui é no nosso campo. E Wagner Rosário, que tinha acesso a essas mensagens desde 27 de outubro de 2020, ele é um prevaricador”, disse Aziz.

    Marconny afirma que não conhece deputado Ricardo Barros

    No depoimento, Marconny Faria foi questionado sobre sua relação com deputados. Ele negou envolvimento com as autoridades e destacou que não conhece o líder do governo na Câmara, deputado Ricardo Barros (PP-PR).

    Faria também negou qualquer reunião com Barros em relação à Precisa Medicamentos, e falou sobre o contato que teve com Luiz Henrique Mandetta, enquanto ministro da Saúde.

    “Eu conheci o ministro Mandetta na época do “Vem pra Rua, na época do Impeachment, o conheci nessa época. Tive uma vez com ele enquanto ministro e só, fui tratar sobre o Instituto Evandro Chaves”, disse.

    Os senadores aprovaram um requerimento do senhor Randolfe Rodrigues (Rede-AP) pedindo que a Polícia Legislativa preste informações sobre todas as vezes que o Marconny ingressou no Senado Federal, bem como qual foi o gabinete dele dentro do local.

    A senadora Simone Tebet (MDB-MS) ampliou o pedido para coletar os registros de entrada do depoente na Câmara dos Deputados.

    Marconny Faria diz que, da família Bolsonaro, só conhece Jair Renan

    Marconny Faria também foi questionado sobre sua relação com Jair Renan Bolsonaro, filho mais novo do presidente da República.

    Segundo informações do senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE), Faria fez uma festa de aniversário em um camarote de Jair Renan no estádio Mané Garrincha.

    Marconny afirmou que o conhece há dois anos e que mantém amizade com ele, assim como em relação a Karina Kufa, advogada da família Bolsonaro, que disse conhecer desde 2017.

    O assunto voltou a ser questionado por Renan Calheiros.

    Faria afirmou que “Jair Renan queria criar uma empresa de influencers” e que ele o teria apresentado “a um colega tributarista que podia ajudar”, mas negou ter qualquer negócio ou conhecer qualquer outro membro da família Bolsonaro.

    Depoente fala sobre Precisa e Ministério da Saúde

    Marconny Faria, suposto lobista da Precisa, depõe à CPI / Roque de Sá/Agência Senado

    Os senadores continuaram a questionar Marconny Faria sobre sua relação com nomes da Precisa Medicamentos, como Francisco Maximiano e Danilo Trento, ou do Ministério da Saúde, como Roberto Dias e José Ricardo Santana (ex-Anvisa).

    Marconny disse que “nunca recebeu nada da Precisa”, além de afirmar que o único negócio no qual atuou foi em relação aos testes rápidos – que acabou por não se concretizar.

    O depoente também negou ter relação próxima com Dias e disse “nunca” ter comparecido ao Ministério da Saúde, onde Roberto Dias atuava como diretor do Departamento de Logística.

    Ele disse ter se encontrado com o ex-diretor por duas vezes, pelo o que se lembra.

    Ao ser confrontado com mensagens obtidas pela CPI, que mostram procedimentos que precisariam ser feitos para que a Precisa vencesse um processo licitatório na pasta, Marconny disse não se lembrar de ter enviado tal conteúdo.

    Ele também disse “não ter nada a ver” com a Operação Falso Negativo – assunto de uma ligação recebida às 5h da manhã de Francisco Maximiano, segundo indicam os registros do Ministério Público do Pará.

    Marconny diz não conhecer “nenhum senador” ao ser confrontado com mensagens adquiridas pela CPI

    O senador Fabiano Contarato (Rede-ES) questionou o depoente acerca de uma mensagem adquirida das quebras de sigilo encaminhadas pelo Ministério Público, nas quais Marconny dizia que iria contatar um senador para “desatar o nó” de negociações com a Precisa Medicamentos.

    Marconny Faria negou conhecer qualquer senador, inclusive conhecer algum deles pessoalmente. “Não conheço nenhum senador. Não sei quem é”, disse.

    O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) insistiu: “É em uma conversa do senhor com Ricardo Santana. O senhor diz que ‘Bob [Roberto Dias] estaria naquele dia às 20h com um senador pra desatar os nós’ E agora o senhor não lembra?”.

    O depoente continuou em silêncio sobre o tema.

    Com isso, a senadora Leila do Vôlei (Cidadania-DF) afirmou que irá solicitar ao Senado Federal os registros de visita aos gabinetes dos senadores para tentar encontrar algum registro de Marconny.

    Marconny Faria diz que realizou “análise política” de venda de testes rápidos para a Precisa

    Ao explicar sua atuação de “assessoramento técnico e político” aos senadores, o depoente foi questionado sobre qual seria o teor “político” da função – mas Marconny não respondeu diretamente como funcionava o processo.

    Segundo ele, as empresas o procuram por ele ser de Brasília e “conhecer o cenário”.

    “Tenho uma empresa que faz assessoramento técnico e politico. Ela presta serviços apenas pra o setor privado. Inclusive alguns parlamentares, mas não posso citar quais porque todos os contratos têm cláusula de sigilo”, disse.

    Ao ser questionado sobre o serviço ser um “tráfico de influência legalizado”, Faria negou.

    O senador Renan Calheiros (MDB-AL) tentou obter mais informações sobre como funcionou o processo com a Precisa. “Eu fui sondado pra assessorar a Precisa em um contrato de testes de vacinas para ver a viabilidade política do contrato”, disse Marconny.

    O depoente não soube responder se seus serviços influenciariam ou não na contratação de uma empresa em um edital público. “O senhor tem que perguntar a Precisa”, rebateu.

    Marconny Faria diz não ser lobista e relata “colapso nervoso” como motivo de atestado médico

    Em suas considerações iniciais, o depoente Marconny Faria disse que se sentia “muito constrangido” em ter sua “vida íntima exposta” por meio do comparecimento à CPI, e negou qualquer atuação como lobista da Precisa Medicamentos.

    “Gostaria de agradecer e lamentar minha presença”, iniciou, antes de afirmar que teria tido mensagens vazadas após seu celular ter sido apreendido pela Polícia Federal em uma operação coordenada pelo Ministério Público do Pará.

    Ele alegou que a apreensão foi “ilegal” e se deu após ter “denunciado” uma suposta corrupção no Instituto Evandro Chagas. No entanto, Marconny não ofereceu mais detalhes.

    Ao adentrar no assunto de sua atuação como “lobista”, conforme é a suspeita da CPI, Marconny rejeitou a hipótese.

    “Se eu fosse um lobista, eu seria um péssimo lobista. Jamais fui capaz de transformar minhas relações sociais em contratos com resultados milionários”, citou.

    “Nunca me envolvi em compra de vacinas. No inicio da pandemia, fui sondado pra assessorar juridicamente e tecnicamente a Precisa em uma licitação de testes rápidos”, disse.

    Depois, narrou que, no fim das contas, ele não participou da apresentação de proposta da Precisa, e que a aquisição teria sido posteriormente cancelada pelo Ministério da Saúde. ”

    “Não houve pagamento de valores a mim ou qualquer outra pessoa, e eu não fui contatado para prestar nenhum outro serviço à Precisa”, alegou.

    Em determinado momento, Marconny disse que estava presente na CPI por ter sido citado – ou seja, não intimado – e que compareceu de espontânea vontade no Senado.

    No entanto, ele foi confrontado por Omar Aziz (PSD-AM), presidente da CPI, em relação ao atestado médico que apresentou para não comparecer na data original do depoimento.

    “Por que o senhor foi atrás de um atestado médico pra não vir? Depois o médico percebeu que o senhor estava fingindo”, questionou.

    “Para uma pessoa que não está acostumado a viver algo assim eu tive um colapso nervoso e físico. Tive que me preparar muito fisicamente e psicologicamente pra estar aqui. Sobretudo por não ter feito nada de errado”, justificou Faria.

    Quem é Marconny Faria

    Marconny Faria teria agido como lobista da Precisa Medicamentos, empresa que intermediou o contrato com o Ministério da Saúde para a compra de 20 milhões de doses da vacina indiana Covaxin, suspenso após denúncias de irregularidades trazidas pela CPI.

    No entanto, os senadores suspeitam que a atuação dele não se limitou à Covaxin.

    Seu nome começou a ser aventado após os senadores rastrearem contatos entre peças-chave de todo o caso da Covaxin, e apareceu mais enfaticamente no depoimento de José Ricardo Santana, ex-secretário da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) que teria saído de seu cargo na reguladora para trabalhar junto à Precisa nas negociações com a Saúde.

    Foi Marconny Faria o responsável por alertar Francisco Maximiano, dono da Precisa, sobre a realização da Operação Falso Negativo, que apurou denúncias de superfaturamentos em contratos de testes da Covid-19 no Distrito Federal e em sete estados.

    Ele também apareceu em uma troca de mensagens com José Ricardo Santana para que repassasse a Roberto Dias, ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde, acerca de procedimentos que precisariam ser feitos para que a Precisa vencesse um processo licitatório na pasta.

    Tais informações foram compartilhadas com a CPI pelo Ministério Público do Pará, que integrou as investigações na Operação Falso Negativo.

    Todos esses personagens teriam se conhecido em um jantar na casa da advogada Karina Kufa, que representa o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e seu filho, Eduardo Bolsonaro (PSL-SP). Ela também foi convocada a depor na CPI.

    *Com informações da Agência Senado

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