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    À CPI, Luciano Hang nega financiar fake news e compor gabinete paralelo

    Sessão foi marcada por discussões, questionamentos sobre tratamento precoce contra a Covid-19 e as relações do empresário com o "gabinete paralelo"

    Bia GurgelGiovanna GalvaniRafaela LaraGustavo Zucchida CNN , em Brasília e São Paulo

    A CPI da Pandemia recebeu, nesta quarta-feira (29), o empresário Luciano Hang, dono da rede de lojas Havan, após serem identificadas ligações dele com o caso envolvendo a operadora Prevent Senior.

    Conhecido por ser apoiador do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), Hang foi confrontado por seu apoio as medidas ineficazes contra a Covid-19, assim como pela divulgação de informações falsas sobre a doença e um suposto apoio financeiro a blogueiros bolsonaristas investigados pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

    O empresário declarou que não tinha colaborações com o “gabinete paralelo” e que não era um “negacionista”, além de refutar que tenha financiado a propagação de fake news sobre a pandemia.

    A sessão foi marcada por discussões entre senadores da base do governo Bolsonaro e da oposição. Uma possível ofensa do advogado do empresário ao senador Rogério Carvalho (PT-SE) chegou a causar uma suspensão temporária.

    Acompanhe os destaques da CPI

    Hang responde sobre Ricardo Barros e suas relações com o “gabinete paralelo”

    Luciano Hang foi questionado sobre suas relações com o deputado federal Ricardo Barros (PP-PR), o qual descreveu como um colega de Maringá, cidade natal do parlamentar líder do governo na Câmara.

    O nome do deputado é frequentemente citado na CPI devido a suspeitas de que ele tenha se envolvido na negociação da Covaxin e da vacina da CanSino.

    “Estive com ele [Barros] hoje. O [senador] Jorginho estava comigo. Nós acordamos cedo, tomamos café, estivemos juntos e aparece um monte de gente para me cumprimentar. Foi lá só para me cumprimentar”, descreveu Hang.

    Depois, o empresário voltou a responder sobre seus supostos encontros com o chamado “gabinete paralelo”. Uma foto de Luciano no gabinete de crise montado no Palácio do Planalto foi exibida, mas ele não definiu a visita como uma ocasião em que se tratou de Covid-19.

    “No Palácio do Planalto, existe uma grande sala com todo mundo trabalhando, captando dados de todo país para resolver o problema. Eu nem sei se o presidente foi lá. Alguém do Palácio levou a gente para visitar esse local”, explicou.

    Além disso, Luciano Hang disse ter visto a dra. Nise Yamaguchi “uma única vez” e afirmou “não conhecer” o virologista Paolo Zanotto e o médico Anthony Wong – embora tenha compartilhado vídeos do doutor nas redes sociais.

    Luciano Hang diz que não participou de negociações da vacina CanSino no Brasil

    O relator da CPI Renan Calheiros (MDB-AL) questionou Luciano Hang sobre as negociações da vacina contra a Covid-19 da CanSino. Ele afirmou não ter tido nenhuma relação ou influência no processo.

    O imunizante ficou sob suspeita na comissão devido ao processo de negociação com o governo federal assemelhar-se ao caso da vacina indiana Covaxin: houve uma empresa intermediária – a Belcher Farmacêutica – e um preço mais alto por uma dose, de US$ 17, até então o maior dentre todas as vacinas adquiridas pelo Ministério da Saúde.

    Hang disse ter conhecido Emanuel Cartori, sócio da Belcher Farmacêutica, apenas em uma live realizada em conjunto com ele.

    Luciano Hang nega ter se reunido com Bolsonaro para tratar sobre a pandemia

    Questionado sobre sua relação com o presidente da República, Luciano Hang afirmou que nunca se reuniu com Bolsonaro para tratar de assuntos relacionados à pandemia de Covid-19 no Brasil.

    O empresário também negou ter financiado quaisquer manifestações governistas, incluindo as de 7 de Setembro.

    Luciano Hang nega ter patrocinado blogueiro Allan dos Santos

    Luciano Hang foi questionado sobre sua relação com o blogueiro Allan dos Santos – que, como o empresário, é investigado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no inquérito das fake news.

    Uma troca de mensagens envolvendo o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e o blogueiro foi exibida na sessão, apesar do conteúdo não ser mostrado. No entanto, Hang disse que elas não “provavam nada”:

    “Vocês imaginem quantas pessoas pedem patrocínio da Havan. Nós não patrocinamos. Pode ter conversado, mas não aconteceu. O departamento [de marketing] que vê se é interessante ou não”, declarou.

    Senador solicita rastreamento de redes sociais de membros da CPI após ataques

    O senador Rogério Carvalho (PT-SE) solicitou à mesa diretora da comissão um “rastreamento de todas as contas que interagiram com os membros e suplentes dessa CPI” nesta quarta.

    Segundo ele, há “claramente houve um ataque sistemático de robôs às nossas redes”, com xingamentos e agressões, relatou.

    O vice-presidente da CPI, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), acatou à solicitação de Carvalho e solicitou que a polícia do Senado fizesse o levantamento.

    Luciano Hang diz que morte da mãe foi notificada como Covid-19

    Ao ser questionado sobre a Covid-19 não constar como causa mortis no atestado de óbito de Regina Hang, o empresário afirmou que a morte pela doença foi notificada no mesmo dia do falecimento.

    “No mesmo dia 3, quando minha mãe morreu, foi colocado Covid. [Documento] da comissão de controle hospitalar onde ela adentrou no hospital no dia 1º de janeiro e saiu no dia 3 de fevereiro. A entrada mostra covid e a saída mostra covid”.

    A informação, no entanto, não estava no atestado de óbito. Hang diz que considerou o fato “estranho” e questionou a Prevent Senior.

    “Achei estranho de não estar no [atestado de] óbito. Sou leigo e não estava o pós-covid, mas aqui eles me provaram que foi colocado. Quem preencheu o atestado foi o plantonista. A comissão viu o erro do plantonista”, disse.

    “Sou leigo, não sei o que tem que botar no atestado. Procurei a Prevent Senior e acho que senadores foram levados a erro”, afirmou o empresário.

    Hang: minha mãe começou a usar ‘kit covid’ em casa e foi à Prevent Senior por indicação

    Ao responder as perguntas do relator Renan Calheiros (MDB-AL), Luciano Hang afirmou que após a sua mãe receber o diagnóstico positivo para Covid-19, ela fez uso do chamado “kit covid”, que possui medicamentos sem comprovação científica para doença.

    “No dia 28 [de dezembro] levamos ela para fazer o teste e o resultou foi positivo. Ela tinha duas cuidadoras e nem elas viram que ela [mãe] estava com Covid. Tratamos ela com o tratamento inicial, embora já tinha passado cinco ou seis dias que ela estava com a doença”, disse.

    “A partir do dia 28, ela começou o tratamento inicial na minha casa”, completou o empresário. Segundo ele, Regina Hang foi internada no hospital da Prevent Senior no dia 31 de dezembro. “No dia 31 de dezembro, eu trago para entrar no Prevent Senior no dia 1º de janeiro.”

    Segundo Hang, Regina foi encaminhada ao hospital da Prevent Senior após conselho de amigos e ele autorizou a operadora da saúde a adotar os tratamentos administrados em sua mãe.

    Advogado de Hang pede desculpas a senador e sessão é retomada

    O empresário Luciano Hang (de verde) e o advogado do depoente, Beno Brandão / Edilson Rodrigues/Agência Senado

    Na volta da sessão marcada para ouvir Luciano Hang, o advogado do empresário desculpou-se com o senador Rogério Carvalho (PT-SE). Omar Aziz pediu cautela dos presentes e concedeu a palavra novamente a Renan Calheiros, relator da CPI.

    Um novo princípio de confusão ocorreu após Calheiros colocar um vídeo antigo da deputada Carla Zambelli (PSL-SP) dizendo que as lojas Havan eram de filhos da ex-presidente Dilma Rousseff. “Caiu na fake news”, disse Hang sobre o ocorrido.

    Senadores se reúnem após confusão na sessão de Luciano Hang na CPI

    Em breve entrevista enquanto a sessão estava suspensa, o senador Humberto Costa (PT-PE) comentou a situação de confusão na oitiva de Luciano Hang.

    Para Costa, a sessão não deveria ser permanentemente suspensa, já que o empresário já está no Senado. “Já se imaginava que iria acontecer isso. Mas temos que nos organizar para continuar o depoimento. É óbvio que a base do governo veio para gerar um tumulto, mas podemos evitar isso”, disse.

    Senador diz ter sido ofendido e Aziz pede que advogado de Hang se retire

    Os embates na oitiva de Luciano Hang no Senado continuaram: segundo o senador Rogério Carvalho (PT-SE), o advogado do empresário chegou a ofendê-lo durante as discussões.

    O motivo da ofensa não foi ouvido durante a sessão. Segundo apuração da analista da CNN Basília Rodrigues, o senador não ouviu as exatas palavras proferidas para ele pelo advogado, mas viu gestos expressivos e “provocativos”, como dedos em riste, o que julgou como suficiente para sentir-se desrespeitado enquanto senador da República.

    Rogério Carvalho publicou no Twitter sobre o assunto:

    Rogério Carvalho solicitou a Omar Aziz que o advogado fosse retirado da sala e que Luciano Hang fosse acompanhado apenas por um profissional – o empresário levou dois advogados para a CPI.

    Aziz também recolheu papéis levados por Hang para a sessão com os escritos de “não me deixam responder” nas cores da empresa Havan. O depoente protestou contra ambas as decisões, e disse que o advogado não “falou nada” contra Rogério Carvalho.

    Depoimento de Luciano Hang começa conturbado por embates entre senadores

    O depoimento de Luciano Hang começou com diversos embates entre os senadores presentes na sessão da CPI. Já nos primeiros questionamentos do relator Renan Calheiros (MDB-AL), o empresário buscava dar respostas maiores do que as solicitadas – o que incomodou o relator.

    Segundo Hang, ele não poderia sair da CPI “chamuscado”: “Todas as perguntas serão respondidas”, disse. Com isso, outros senadores passaram a refutar as orientações de Calheiros.

    Apesar da confusão instaurada, Hang respondeu algumas questões sobre empresas que ele teria no exterior. O empresário afirmou ter “duas ou três” empresas em paraísos fiscais no exterior, e que todas estavam na conformidade da lei.

    Luciano Hang também negou ter pedido financiamento do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para suas empresas, e disse apenas ter comprado máquinas que receberam aporte do banco estatal.

    Em relação a empréstimos bancários, Hang negou ter solicitado quantias de bancos estatais para evitar ser acusado de ser “financiado” pelo governo.

    No início de sua oitiva, Luciano Hang foi inquirido sobre se prestaria o juramento de dizer apenas a verdade, mas, como investigado, ele possui a prerrogativa de não precisar responder questionamentos que o incriminem.

    Ao longo de sua fala inicial, Hang afirmou que não integrava o nomeado “gabinete paralelo” e que não financiou fake news, mas afirmou ser um “ativista político” desde 2018. O empresário também afirmou que o nome de sua mãe foi utilizado de forma “vil” e “política”.

    “É duro para mim ver a morte da minha mãe sendo usada politicamente, de forma baixa e desrespeitosa. Não aceito desrespeito a morte da minha mãe. Tenho consciência de que como filho sempre fiz o melhor por ela.”

    No entanto, Hang foi rebatido pelo presidente da CPI, senador Omar Aziz (PSD-AM). “O senhor é que trouxe o debate falando, suas palavras são claras: ‘se minha mãe tivesse usado o tratamento precoce, talvez ela teria sido salva’. Não fomos nós que trouxemos sua genitora para esse debate”, disse.

    Em seguida, Luciano Hang pediu para exibir um vídeo institucional da Havan – o que também gerou reação dos senadores, que contestaram a “propaganda” exibida no Senado.

    Apesar das animosidades em alta, o empresário continuou e defendeu-se de acusações envolvendo a divulgação de fake news sobre o coronavírus.

    “Não conheço, não faço e nunca fiz parte de nenhum gabinete paralelo, não financiei esquema de fake news, e não sou negacionista”, defendeu-se. “Eu lutava para que a indústria e comércio ficassem abertos mantendo empregos e sustentos dos brasileiros”, disse.

    Prevent Senior e fake news

    O caso mais emblemático para embasar a presença de Luciano Hang na CPI da Pandemia envolve a mãe do empresário e uma possível omissão coordenada dos reais motivos de sua morte.

    Em fevereiro de 2021, Regina Hang ficou internada em uma das unidades do hospital Santa Maggiore, que pertence à Prevent Senior, antes de falecer aos 82 anos.

    A causa da morte não foi registrada como Covid-19, o que levantou suspeitas sobre a manipulação dos motivos reais do óbito.

    Um dossiê ao qual os senadores tiveram acesso aponta que Regina utilizou o “kit Covid” – composto por medicamentos sem eficácia comprovada –, apesar do filho ter publicado posteriormente que se “arrependia” de não ter fornecido os medicamentos para ela anteriormente.

    Já internada, ela teria sido submetida a ozonioterapia por via retal, tratamento vedado pelo Conselho Federal de Medicina por falta de comprovação de sua eficácia.

    O empresário chega à CPI na condição de investigado, o que tornou-se viável, segundo os senadores, devido às ligações de Luciano Hang com um núcleo próximo de Bolsonaro que promoveu ideias como a “imunidade de rebanho” ou o uso de hidroxicloroquina, remédio ineficaz contra a Covid-19.

    “Gabinete paralelo”

    Luciano Hang é acusado de pertencer ao chamado “gabinete paralelo”, grupo de apoiadores de Jair Bolsonaro suspeito de aconselhar o presidente em relação à pandemia de Covid-19.

    O empresário também foi um dos alvos do inquérito das fake news que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF), instituição constantemente atacada por Hang em publicações nas redes sociais e demais declarações.

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    *Com Agência Senado

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