CPI aprova acareação entre Onyx Lorenzoni e Luís Miranda sobre Covaxin
Ministro do Trabalho e deputado federal divergiram sobre conteúdo de denúncias envolvendo suposta pressão pela aquisição da vacina
O senador Omar Aziz (PSD-AM), presidente da CPI da Pandemia, colocou em votação e rapidamente aprovou nesta quarta-feira (30) um requerimento que prevê uma acareação entre Onyx Lorenzoni, ministro do Trabalho e Previdência, e o deputado federal Luís Miranda (DEM-DF), responsável por trazer à público suspeitas de pressão indevida pela compra da vacina indiana Covaxin.
Uma acareação visa colocar ambos os convocados frente a frente para confirmarem uma narrativa confrontada por um dos dois. Neste caso, Onyx Lorenzoni acusou Miranda de não ter apresentado provas sobre sua versão da Covaxin e disse que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) havia levado o caso à Polícia Federal – o que não foi identificado na época.
Segundo o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), autor do requerimento, “ficaram evidentes diversas contradições em suas versões sobre os fatos, notadamente os relacionados às invoices [faturas] do caso Covaxin”, já que Miranda apresentou uma versão à CPI que foi contestada por Onyx posteriormente. A data prevista para a acareação é a próxima quarta-feira (18).
“A primeira conteria 300 mil unidades por US$ 45 milhões e pagamento antecipado, enviado em 18 de março. Na segunda, seriam 3 milhões de unidades e pagamento antecipado, em 19 de março. A terceira proposta seria a segunda, mas sem necessidade de pagamento antecipado. Os irmãos Miranda encontraram-se com o presidente Jair Bolsonaro em 20 de março, quando teria sido apresentada a primeira versão do documento. Em coletiva de imprensa, Onyx Lorenzoni exibiu a primeira versão do documento para argumentar que seria diferente do documento apresentado por Miranda, que seria a terceira proposta de compra”, escreveu Randolfe Rodrigues.
Em coletiva de imprensa, Onyx afirmou que, pelas alegações, o parlamentar iria “se entender” com o governo. “Deus está vendo. Mas o senhor não vai só se entender com Deus, vai se entender com a gente também. E vem mais. O senhor vai explicar e o senhor vai pagar pela irresponsabilidade, pelo mau-caratismo, pela má-fé, pela denunciação caluniosa e pela produção de provas falsas”, disse Lorenzoni, na ocasião ainda ministro da Secretaria-Geral da Presidência.
Depois da reação, Luis Miranda e seu irmão, Luis Ricardo Fernandes Miranda – servidor da Saúde – entraram no Supremo Tribunal Federal (STF) com representações criminais contra o Onyx Lorenzoni. Eles processaram o ministro por suposto crime de ameaça e calúnia.
Após a repercussão das denúncias, o Ministério da Saúde resolveu cancelar o contrato de aquisição das doses da Covaxin. A Controladoria-Geral da União descartou a hipótese de sobrepreço no caso, mas afirmou que irá investigar o papel da Precisa Medicamentos.
Na quinta-feira (11), a CPI recebe o líder do governo na Câmara, o deputado Ricardo Barros (PP-PR), também para tratar de alegações envolvendo o nome do parlamentar no caso da Covaxin. Segundo Luís Miranda, Bolsonaro teria citado Barros como alguém envolvendo no suposto “esquema” de pressão pela compra da vacina.