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    Como Sérgio Reis foi de astro sertanejo a investigado pela PF

    Diferente da carreira artística, o cantor teve passagem apagada na política sem projetos aprovados

    João de Mari, da CNN, em São Paulo

    O cantor sertanejo Sérgio Reis foi um dos alvos de uma operação da Polícia Federal (PF), nesta sexta-feira (20), que investiga ameaças recentes contra o “Estado de Direito, Instituições democráticas e membros dos três Poderes”.

    O foco das apurações são convocações para atos contra o Supremo Tribunal Federal (STF), marcados para 7 de setembro, quando se comemora o Dia da Independência no Brasil. 

    Mas não era no noticiário de política que o cantor costumava chamar atenção. Sérgio Reis, nome artístico de Sergio Bavini, nasceu em 1940 na capital paulista e começou a carreira musical na Jovem Guarda, no final da década de 1960.

    No entanto, foi com o estilo sertanejo que ganhou as rádios brasileiras: venceu Grammys e fez composições que marcaram gerações como “Menino da Porteira”, “Panela Velha” e “Pinga Ni Mim”.

    O cantor também trilhou caminho na televisão, como ator em novelas da extinta TV Manchete e da Globo, onde representou personagens famosos nos folhetins “Pantanal” e “O Rei do Gado”, respectivamente.

    Quase duas décadas após interpretar a dupla caipira Pirilampo & Saracura em “O Rei do Gado” (1996) — com o também cantor sertanejo e amigo Almir Sater —, o cantor decidiu se lançar na carreira política.

    Trajetória política

    Nenhum projeto aprovado e pouco microfone

    Em 2014, Sérgio Reis foi eleito deputado federal por São Paulo, pelo partido Republicanos, antigo PRB, ao qual segue filiado. Foi nesse período que o cantor fez amizade com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), então deputado pelo PP do Rio de Janeiro.

    O cantor costuma dizer que o amigo dos encontros em Brasília, hoje presidente da República, é como ele, pois fala o que quer. 

    Sérgio Reis encerrou o mandato em 2019 e, diferentemente da carreira artística, teve uma passagem apagada na função política. De 2015 a 2018 não teve nenhum projeto aprovado. 

    Embora fosse acostumado aos palcos, o então deputado usou o microfone da Câmara poucas vezes. Uma delas, durante a votação do processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT). Ele votou a favor da saída dela. 

    Sérgio Reis
    Sérgio Reis
    Foto: Nilson Bastian / Câmara dos Deputados

    Volta aos holofotes com polêmicas

    Nos últimos dias, Sérgio Reis voltou aos holofotes ao se envolver em uma polêmica: a participação na organização de atos contra ministros do STF, se tornando um dos alvos da operação da Polícia Federal (PF) na investigação de ameaças recentes contra instituições democráticas. Gravações em que o cantor afirma pretender invadir Brasília tomaram as redes sociais.

    “Estamos nos preparando judicialmente para fazer uma coisa séria, para que o governo e o exército tomem posição. Eu vou estar lá”, disse o cantor.

    “Se vocês não cumprirem em 72 horas, nós vamos dar mais 72 horas, só que nós vamos parar o país. Já está tudo armado. O país vai parar. Se em 30 dias eles não tirarem aqueles caras [os ministros do STF], nós vamos invadir, quebrar tudo e tirar os caras na marra”, ameaçou o artista. 

    Reis também virou alvo de um inquérito da Polícia Civil do Distrito Federal, nesta semana, que o investigará por associação a crimes como ameaça, dano e por expor a perigo os meios de transporte público. 

    ‘Siga Bem Caminhoneiro’ e paralisação

    Em um dos vídeos, o cantor e ex-deputado convocou uma paralisação de caminhoneiros para 7 de setembro, feriado da Independência. 

    Na gravação, sertanejo afirma que “a cobra vai fumar” contra o STF se não forem atendidas reivindicações do presidente Bolsonaro, como o voto impresso e o impeachment de ministros da Corte. 

    Ele convoca caminhoneiros para uma paralisação no país, em favor de Bolsonaro e contra o STF. O cantor teve uma extensa carreira como radialista à frente do programa “Siga Bem Caminhoneiro” — que virou programa de televisão nas telas do SBT.

    Representantes dos caminhoneiros negaram adesão ao movimento e rechaçam a participação em qualquer manifestação política. 

    “A grande maioria não vai participar, pelo menos dos nossos associados”, afirmou o presidente da Associação Nacional de Transporte do Brasil (ANTB) José Roberto Stringasci. Segundo ele, a entidade representa atualmente cerca de 45 mil motoristas autônomos.

    Em 2015 e 2018, caminhoneiros organizaram greves em vários estados a favor do impeachment da então presidente Dilma Rousseff.

    Sérgio Reis e Otoni de Paula
    Sérgio Reis e Otoni de Paula
    Foto: Divulgação

    Live em canal de blogueiro bolsonarista

    Após a repercussão negativa das gravações em que convoca ações contra o STF, o cantor  participou de uma transmissão ao vivo no canal do blogueiro Oswaldo Eustáquio, preso em dezembro de 2020, por envolvimento em atos considerados antidemocráticos pelo STF. Ele cumpre prisão domiciliar.

    No novo vídeo, Sérgio Reis recua. Chorando, ele disse que pediu apenas para “que fossem estudados os impeachments de ministros”. 

    “Eu não pedi para que acabasse com nada. Eu pedi que fizessem, que esses impeachments, fossem estudados. Vamos fazer. Se o povo não for para as ruas no dia 7 de setembro, Brasília não vai fechar. Então, não vai adiantar nada. O Exército não pode fazer nada, o presidente não pode fazer nada e nós não podemos fazer nada”, afirmou.

    O sertanejo também disse que a esposa, Ângela Bavini, estava “desesperada” com a repercussão. Nas eleições de 2018, ela tentou a eleição sob o nome de Ângela Reis, mas não conseguiu se eleger.

    A CNN tentou contato com Sérgio Reis e com a esposa, mas não recebeu retorno até o momento. Esta matéria será atualizada tão logo eles se manifestem.

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