Com novo chanceler, governo quer guinada na política externa de Araújo
Itamaraty deverá rever suas posições em fóruns globais de modo a adotar uma posição mais favorável ao multilateralismo e um foco específico na ONU
O novo comando do Itamaraty pretende rever por completo a política externa do ex-ministro Ernesto Araújo.
A ideia é que o que o novo chanceler, Carlos Alberto França, faça uma política externa de olho na política interna, o que significa a construção de pontes com o Congresso Nacional, além de reconsiderar suas reivindicações na elaboração da política externa.
Isso significa um reposicionamento em diversos aspectos, mas três são essenciais. Um deles é a relação com a China. O governo espera que França construa uma relação de grande proximidade com o país asiático. Um dos objetivos é explicitar em discursos e manifestações públicas a admiração à China e ouvir mais suas demandas.
Exemplo concreto disso foi que, logo após a posse, o novo chanceler recebeu o senador Irajá Abreu, filho da presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, Kátia Abreu (PP-GO). O assunto foi a possibilidade de que haja venda de terras para estrangeiros, um tema de grande interesse do governo chinês.
O Itamaraty também deverá rever suas posições em fóruns globais de modo a adotar uma posição mais favorável ao multilateralismo e um foco específico na ONU como um dos principais intermediadores das relações entre os países.
A nova cúpula da diplomacia brasileira também deverá equilibrar as posições e até mesmo ser um contraponto ao Ministério do Meio Ambiente. A ideia neste ponto é, por exemplo, ser crítico ao aquecimento global e aos efeitos das mudanças no clima na vida das pessoas.
Na área de saúde, a tendência é uma revisão do posicionamento do Brasil na Organização Mundial do Comércio sobre a suspensão de patentes. Além disso, há um debate no Itamaraty não só sobre a revisão dessa posição, mas também sobre liderar esse novo posicionamento junto a outros países.