Com Fernanda Torres homenageada, Senado premia mulheres por luta feminina
Casa premiou 19 mulheres pelo destaque na defesa e promoção da igualdade de gênero no país


O Senado reconheceu e premiou nesta quinta-feira (27), em sessão solene, mulheres que se destacaram em sua trajetória pela luta por direitos e representatividade feminina no país. As homenageadas foram indicadas pelos congressistas, a maioria integrante da bancada feminina.
Entre as premiadas com Diploma Bertha Lutz, estão as atrizes Fernanda Torres, indicada pela senadora Eliziane Gama (PSD-MA), e Fernanda Montenegro, indicada pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP). Ambas foram parte do elenco do filme “Ainda Estou Aqui”, do diretor Walter Salles, que recebeu o Oscar de Melhor Filme Internacional neste ano.
A neurocientista e presidente da Rede Sarah, Lúcia Willadino Braga, também foi uma das homenageadas. Ela foi indicada por Alcolumbre e, na sessão, representou e recebeu de forma simbólica os prêmios em nome de Fernanda Torres e Fernanda Montenegro.
A lista das personalidades reconhecidas também inclui a escritora e integrante da Academia Mineira de Letras Conceição Evaristo, que compareceu na sessão. A indicação da escritora para o prêmio foi feita pela senadora Teresa Leitão (PT-PE).
Líder da bancada feminina, a senadora Leila Barros (PDT-DF) afirmou que a premiação representa o empoderamento das mulheres. Ressaltou, no entanto, que a causa feminina ainda é uma “batalha” longe de acabar e que as mulheres ainda são subrepresentadas no Congresso, apesar de serem a maioria da população.
“Estamos em 2025 e lamentavelmente é preciso denunciar que a causa feminista ainda é uma causa pela igualdade e pela justiça, e a batalha está longe do seu fim. Um quarto de século já transcorrido desde a primeira edição deste prêmio e ainda precisamos estar aqui reivindicando direitos: direito pela equiparação de oportunidades, direito pela visão do trabalho doméstico, direito pela efetiva inclusão social e, pasmem, direito até mesmo à integridade física”, declarou.
Na sessão, Bruna dos Santos Costa Rodrigues, juíza no Tribunal de Justiça do Ceará, falou em nome de todas as homenageadas. Ela foi indicada à premiação pela senadora Augusta Brito (PT-CE). Em seu discurso, a juíza destacou a subrepresentatividade das mulheres negras no Poder Judiciário.
“Falar sobre gênero é falar sobre os números que foram apontados aqui. O número de feminicídios aumenta e a cada 17 horas uma mulher é assassinada. É falar sobre a violência política, sobre a interrupção indevida às falas das mulheres que são parlamentares e sobre a ausência de mulheres no 2° grau e em tribunais superiores do Judiciário, em especial as mulheres negras que representam menos de 1% do Poder Judiciário”, disse.
Bertha Lutz, que dá nome ao prêmio, foi bióloga, advogada e pesquisadora. Sua trajetória foi marcada pela luta em prol da causa feminista e da educação. Em 1919, tornou-se a segunda brasileira a fazer parte do serviço público no Brasil e, em 1936, assumiu mandato na Câmara dos Deputados.
Conheça as homenageadas:
- Ani Heinrich Sanders: produtora rural do estado do Piauí,
- Antonieta de Barros (in memoriam): primeira mulher negra a ser eleita deputada no Brasil, pelo estado de Santa Catarina;
- Bruna dos Santos Costa Rodrigues: juíza no Tribunal de Justiça do estado do Ceará;
- Conceição Evaristo: linguista, escritora e membro da Academia Mineira de Letras;
- Cristiane Rodrigues Britto: advogada e ex-ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos;
- Elaine Borges Monteiro Cassiano: reitora do Instituto Federal de Mato Grosso do Sul (IFMS);
- Elisa de Carvalho: pediatra, professora universitária e membro da Academia de Medicina de Brasília;
- Fernanda Montenegro: atriz indicada ao Oscar em 1999, pela atuação no filme Central do Brasil;
- Fernanda Torres: atriz e escritora vencedora do Globo de Ouro e indicada ao Oscar
- Janete Ana Ribeiro Vaz: empreendedora e cofundadora do Grupo Sabin:
- Jaqueline Gomes de Jesus: escritora, professora e primeira gestora do sistema de cotas para negros da Universidade de Brasília (UnB);
- Joana Marisa de Barros: médica mastologista e imaginologista mamária no estado da Paraíba;
- Lúcia Willadino Braga: neurocientista e presidente da Rede Sarah;
- Maria Terezinha Nunes: coordenadora da Rede Equidade e ex-coordenadora do Programa
- Pró-equidade de Gênero e Raça do Senado;
- Marisa Serrano; ex-senadora, ex-deputada e Academia Sul-Mato-Grossense de Letras;
- Patrícia de Amorim Rêgo: procuradora de Justiça do Ministério Público do Estado do Acre;
- Tunísia Viana de Carvalho: ativista dos direitos maternos e infantojuvenis;
- Virgínia Mendes: filantropa e primeira-dama de Mato Grosso;
- Viviane Senna: filantropa e presidente do Instituto Ayrton Senna.