Coligação de Lula cogita abrir mão de disputa à presidência da Câmara por governabilidade
A avaliação é que pode ser melhor os partidos darem um passo para trás e apoiar outro nome que dê mais condições de unir os deputados
Os partidos que formam a coligação em torno do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) cogitam abrir mão da disputa pela presidência da Câmara dos Deputados no início de 2023 visando conseguir maior governabilidade à futura gestão petista.
A ideia está sendo debatida internamente e vai depender dos resultados de conversas e negociações futuras com outras bancadas na Casa. As siglas que formaram a coligação vitoriosa da eleição presidencial deste ano são PT, Psol, Rede, PSB, PCdoB, PV, Agir, Avante, Pros e Solidariedade.
A avaliação é que pode ser melhor os partidos darem um passo para trás e apoiar outro nome que dê mais condições de unir os deputados federais em torno de matérias de interesse do futuro governo Lula do que lançar um nome próprio e perder a disputa.
A ordem, no momento, é não se envolver diretamente nas corridas às presidências da Câmara e do Senado. A única condição em que os partidos da coligação devem lançar um candidato próprio ao comando da Câmara de forma oficial é se tiverem certeza da vitória, o que se desenha como pouco provável.
Interlocutores de Lula já se aproximam do atual presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que quer se reeleger ao posto, por exemplo. A expectativa é que eles se reúnam pessoalmente em Brasília na semana que vem. No domingo (30), após a proclamação da vitória de Lula, Lira foi o primeiro a reconhecer o resultado e cumprimentá-lo em pronunciamento.
Embora Lira tenha feito campanha para Bolsonaro, petistas acreditam ser possível que Lula e Lira cheguem a um acordo mais para frente. Em troca do apoio do PT e siglas aliadas à sua reeleição, Lira traria os partidos do centrão para mais perto de Lula.
A preocupação da equipe de Lula é com a aprovação de matérias de interesse do futuro governo que precisem de ampla maioria no plenário da Câmara, como Propostas de Emendas à Constituição (PECs). Se não conseguir apoio da maioria maciça da Câmara, poucas propostas deverão andar na Casa.
Ao mesmo tempo, há dúvida se todos os partidos de esquerda devem concordar com um eventual acordo entre Lula e Lira tão facilmente.
Enquanto isso, mais alternativas também são cogitadas. Apoiar um nome do União Brasil, que será dono de uma das maiores bancadas da Câmara, como Luciano Bivar (PE), é visto com bons olhos. Outro nome palpável é o do deputado federal Marcos Pereira (SP), presidente do Republicanos.
Um dos coordenadores da campanha de Lula, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) afirmou à CNN acreditar que o futuro governo possa conseguir o apoio de cerca de 300 dos 513 deputados federais. Quanto ao Senado, disse acreditar que possam formar uma base com cerca de 60 dos 81 senadores.
No Senado, a tendência atual é que o grupo de Lula também não lance candidato próprio e apoie a recondução do presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), ao posto.