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    CNBB diz ao STF que é a favor de suspensão da lei do marco temporal de terras indígenas

    Para entidade dos bispos da Igreja Católica, norma aprovada no Congresso viola direitos dos povos originários

    Fachada da sede da CNBB, em Brasília
    Fachada da sede da CNBB, em Brasília Reprodução/CNBB

    Lucas Mendesda CNN

    Brasília

    A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) disse ao Supremo Tribunal Federal (STF) ser a favor da suspensão dos efeitos da lei aprovada pelo Congresso que criou o marco temporal para a demarcação de terras indígenas.

    Segundo a instituição que reúne os bispos da Igreja Católica, a norma contraria o entendimento já fixado pela Corte sobre o assunto.

    A CNBB também entende que a lei representa “grave violação” dos direitos fundamentais e da dignidade dos povos indígenas, ao restringir as possiblidades de demarcação de territórios.

    Direito à autodeterminação

    Para a entidade, é preciso assegurar o direito à autodeterminação das populações originárias, garantido por uma convenção da Organização Internacional do Trabalho (OIT) ratificada pelo Brasil.

    “Assim, de modo a respeitar o direito à autodeterminação dos povos originários, deve-se respeitar o direito a escolha das comunidades em todo processo que afete as bases da sua organização, coletividade e seu modo de viver”, disse a CNBB.

    “É nesse sentido que se destaca a necessidade de realização de consulta prévia, respeitando os protocolos de consulta de cada povo, garantindo aos indígenas a participação na tomada de decisão sobre tais questões que incidam diretamente sobre suas vidas.

    A tese

    A manifestação foi enviada na quinta-feira (23) ao ministro Edson Fachin, relator do processo em que a Corte declarou inconstitucional a tese do marco temporal, em setembro de 2023.

    Essa tese estabelece que os indígenas só têm direito às terras que estivessem ocupando ou disputando em 5 de outubro de 1988, data da promulgação da Constituição.

    Em resposta ao julgamento, o Congresso aprovou uma lei criando esse marco. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez vetos no projeto, mas eles foram derrubados pelo Legislativo, em dezembro. A lei está em vigor desde então.

    Em sua manifestação, a CNBB defende a suspensão da norma até o encerramento do processo no STF relatado por Fachin.

    A ação tem recebido diversos documentos com posições de entidades sobre o tema –contra e a favor da suspensão.

    Movimentos no STF

    O movimento se dá paralelamente à tramitação de um outro conjunto de ações, relatadas pelo ministro Gilmar Mendes, que tratam especificamente da lei do marco temporal.

    Nesse grupo de processos, Gilmar determinou a suspensão de todos os processos judiciais que discutam a constitucionalidade da lei, mantendo os efeitos da norma aprovada pelo Congresso.

    O ministro também abriu uma tentativa de conciliação no STF sobre o tema.

    Em um desses processos, a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) pediu a Gilmar a suspensão dos efeitos da lei do marco temporal para a demarcação de terras indígenas.

    Na segunda-feira (20), o presidente o STF, ministro Luís Roberto Barroso, disse que a Corte vai fazer um “esforço de conciliação” para “diminuir a tensão” sobre o assunto e “encontrar uma solução comum possível entre o Congresso e os interesses das comunidades indígenas”.