Clima era de luto no Alvorada após eleições, disse Valdemar à PF
Em depoimento para a PF no âmbito de investigações que miram tentativa de golpe de Estado, Valdemar afirmou nunca ter concordado com falas de Bolsonaro sobre possibilidade de fraude em urnas eletrônicas
O presidente do Partido Liberal, Valdemar Costa Neto, disse à Polícia Federal que o “clima era de luto” no Palácio da Alvorada e que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) “quase não conversava com ninguém” depois da derrota nas eleições presidenciais de 2022.
Em depoimento tomado pela PF no dia 22 de fevereiro, no âmbito das investigações sobre uma tentativa de golpe de Estado, Valdemar afirmou nunca ter concordado com falas de Bolsonaro sobre a possibilidade de fraudes nas urnas eletrônicas.
De acordo com a transcrição do depoimento, ele disse que “já participou de várias eleições e nunca presenciou nada que desabonasse o sistema eleitoral brasileiro” e, inclusive, orientou a bancada do partido a votar contra a implementação do voto impresso nas discussões sobre o assunto na Câmara dos Deputados.
Valdemar admitiu, no entanto, que o ex-presidente e deputados do PL o “pressionaram” para ajuizar uma ação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) contestando o resultado das eleições.
Questionado pela PF sobre suas declarações em redes sociais dizendo que Bolsonaro não abandonaria ninguém e agradecendo quem estava nas ruas, Valdemar refutou qualquer interpretação de incentivo a uma ruptura institucional.
Ele disse ter pedido “que as pessoas continuassem lutando, mas não que ficassem acampadas [na frente dos quartéis]”. “A luta deveria continuar de outro modo, fiscalizando o [novo] governo”, afirmou à PF.
Valdemar relatou ter ido “poucas vezes” ao Palácio da Alvorada, depois do segundo turno das eleições presidenciais de 2022, e que o objetivo de suas visitas eram de “animar” Bolsonaro, que estava “muito abatido”.
“O presidente quase não conversava com ninguém e o clima era de luto”, contou à PF. De acordo com Valdemar, ele nunca viu a minuta golpista que propunha estado de defesa para contestar o resultado das eleições.